Jogar videogame no Brasil custa caro. Dói no bolso pagar R$ 100,00 num só jogo ou R$ 2.000,00 num console. Um pessoal que já estava cansado de pagar essa grana violenta foi em busca do real motivo do estupro de preços e acharam uma resposta: videogame tem o mesmo tratamento que os jogos de azar.

Isso mesmo! Aquele Xbox 360 que você tanto quer é encarado pela legislação brasileira da mesma maneira que uma máquina de jogos de boteco ou jackpot de bingo – todo tipo de máquina em que você perde dinheiro eternamente. Então criaram o movimento Jogo Justo, em busca de uma criação de lei que separe o joio do trigo e amenize os impostos taxados em cima dos gamers (jogos e aparelhos são taxados em 161,75% sobre os seus valores quando entram no Brasil).

Mais recentemente veio a campanha Preço Justo, promovida pelo Felipe Neto. A ideia é básica: por que não reduzir os impostos de importação para todos os produtos que queremos consumir do exterior?

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A redução de impostos não é o melhor caminho

O movimento é bom, mas o foco está errado. A função do imposto importação é justamente evitar evasão de divisas. O que deve ser exigido do governo é incentivo para que as empresas estrangeiras criem fábricas no Brasil.

Comprar iPad e Xbox importados só gera dinheiro para a China e EUA. Por que não ajudar uma Foxconn a instalar uma fábrica de iPads aqui no nosso país e gerar empregos diretos e indiretos, ao invés de só recolher impostos de importação?

Pedir para baixar os impostos de importação é a mesma coisa que pedir aumento de mesada para comprar o que você quer.

Criar estruturas para que as empresas estrangeiras venham para o Brasil, dar suporte para as empresas nacionais e aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, esse é o caminho. Quer um exemplo? Coréia do Sul. Investiram em educação, P&D e em questão de décadas viraram exportadores de tecnologia. Por que aqui não pode ser igual? Por que só podemos exportar café, açúcar e minério de ferro?

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Existe uma coisa que o governo faz e pouca gente sabe. Empresas podem solicitar ao governo uma redução de Imposto de Importação para comprar máquinas e equipamentos do exterior que não existem no mercado nacional. Isso se chama Ex-Tarifário.

Mas pera lá, você vai dizer. Como assim, o governo concede redução de impostos para os empresários, mas não reduz para gente comprar videogame?

Em primeiro lugar, o governo avalia o efeito multiplicativo que essa máquina produzirá. Veja só, o governo concede a redução do imposto na entrada, mas ele sabe que lá na frente ele vai receber em dobro ou triplo de impostos, pelo fato daquela máquina produzir mais e melhor.

Em segundo lugar, não pode existir similar nacional. Se alguém produz essa máquina aqui no Brasil, não há sentido em trazer lá de fora, correto? Percebeu a diferença? O governo dá a redução, mas quer algo em troca. Sem individualismos, sempre pensando na sociedade como um todo.

O que a gente tem que parar pra pensar é: qual é o retorno que o nosso país terá ao baixar os impostos de importação? E não baixar só porque eu quero um PS3.

Poderíamos, sim, fazer uma campanha de #votojusto pelo uso consciente do voto em políticos que mereçam a nossa confiança (em parceria com sites como o Vote na web e outros para votar melhor). Se fizéssemos isso, aposto que daqui uns dez anos essas e outras campanhas deixariam de existir.

O que pensam os leitores e leitoras PdH?

Raphael Gaudio

Analista de Importação e Bacharelando em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Já ajudou a importar de tudo, é são-paulino fanático, ávido consumidor de junk food e coca-cola. Escrevo em <a>seu blog</a> e no Twitter <a href="http://twitter.com/gaudio">@gaudio</a>."