Diz a lenda que os portugueses confundiram a entrada da Baía de Guanabara com a foz de um rio. Isso é mentira.

Vamos aos fatos: entre 1501 e 1502, o navegador português Gaspar de Lemos fez uma viagem de exploração pelas costas do Brasil e descobriu, entre outros, o arquipélago de Fernando de Noronha, a Baía de Todos os Santos, a Baía da Guanabara, Angra dos Reis e São Vicente.

Em 1º de janeiro de 1502, um dia sem nenhum santo dedicado a ele, Gaspar descobriu a Baía de Guanabara e chamou-a de Rio de Janeiro – teoricamente por pensar que era a foz de um grande rio.

Mas, para se acreditar nessa besteira, é preciso dois enganos:

Em primeiro lugar, ignorar que, naquela época, “rio” era a denominação comum para corpos d’água de modo geral, como rios, baías, sacos, etc. Então, chamar a Baía de Guanabara de “rio” era tão incorreto quanto chamar a Avenida Paulista de “logradouro”.

Ok, tudo bem as pessoas não saberem isso.

Mas o segundo engano é mais interessante.

Os portugueses foram talvez os maiores navegadores da história, autores de feitos mais revolucionários em sua época do que a chegada do homem à Lua.

O Cabo Bojador, por exemplo, no atual Saara Ocidental, era considerado o último limite do mundo, habitado por monstros ferozes e, teoricamente, abaixo dele, seria tão quente que a vida humana se tornaria impossível. Em 1434, Gil Eanes destruiu todos esses mitos.

Colombo descobrir a América foi fofo, mas Vasco da Gama chegar à Índia foi o que finalmente unificou o mundo.

Parece pouco, mas essa viagem teve mais impacto que a chegado do homem na Lua.
Parece pouco, mas essa viagem teve mais impacto que a chegado do homem na Lua.

Os navegadores portugueses eram homens que liam os mares, os céus e os ventos como hoje lemos um livro. Que conseguiam saber que havia terra a centenas de quilômetros de distância somente observando as águas e marés.

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Só muita arrogância e ignorância, só um desprezo muito grande pelo povo português, pode explicar que se considere, por um minuto que seja, que esses homens, os maiores navegadores da história, não conseguiriam distinguir entre a foz de um rio e a barra de uma baía.

Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // esse é um texto de ficção. // veja minha <a title=quem sou eu