Sempre me perguntei quais são os limites da mentira na hora da paquera. Aliás, a pergunta não é “quais são”, mas “existem limites para isso?”.

A paquera esportiva

Para responder a pergunta, precisamos nos atentar ao foco. Se o ato de chegar em uma garota, o xaveco em si, é o fim e não o meio, vale tudo. Para um adepto da paquera esportiva – que é o mesmo que pesca esportiva: você fisga, mas não come –, pouco importa se a pessoa na frente dele é uma versão local da Eva Green ou uma sósia da Angela Merkel mal-humorada. O cara está interessado é em sua própria lábia, em seu ego, em como as palavras saem de sua boca safada e resvalam em ouvidos que podem estar ou não ouvindo.

Paquera esportiva: vale tudo para conquistar mulheres como Angela Merkel

Puro egoísmo.

Importa o que ele fala, não a mulher em si.  A mentira, para esses aí, não é um impeditivo: é combustível. O tesão do paquerador esportivo é fazer a moça crer que ele é amigo do filho do dono da Gol. “Isso mesmo, aquele que escreveu o livro e está preso porque acham que ele não é filho do dono da Gol. Um absurdo! Bróder meu, pô!”

Muitos homens passam por essa fase desafiadora (e boba, imatura e blábláblá) de paquerar por paquerar. E se impondo mais e mais testes:

“Pegue aquela lá falando somente inglês. Finja que você é americano.”

“Vou ficar com essa usando somente a língua do pê.”

“Diga para aquela outra que você é um cara fodão, tipo editor do PdH. Minta na cara dura.”

Existem cópias de Frank Abagnale Jr. aos montes por aí. Manja, o personagem real que inspirou o filme Prenda-me se For Capaz? Mentirosos. E isso não quer dizer que sejam pessoas más. É um hobby. Na maioria das vezes, soltam mentiras brancas, inofensivas. Só querem curtir. Se você se apaixonou por um deles, sinto muito. Faz parte do jogo.

Link YouTube | Fingimos interesse. Fingimos querer dar colo. Fingimos ser médicos. Fingimos muita coisa

Mentir é necessário…

Mentira é a arma de sedução desses homens. Eu também já menti. Muito. Especialmente para paquerar. Quem nunca? Mentimos todos os dias, nas menores coisas. Mentimos para a mãe, o chefe, o melhor amigo. Para nós mesmos, o tempo todo. Então, mentir no momento em que o que você fala pode determinar mais um fora ou a foda de uma vida não só é tentador como, em alguns casos, necessário para a sobrevivência na noite – pelo menos na nossa cabeça. E os limites para isso é você mesmo que determina.

Muitos mentem. Muitos são sinceros boa parte do tempo. E as pessoas não estão divididas em dois grandes batalhões: os que mentem e os que não – até porque não existe pessoa que nunca mente.

…e ser sincero também

Talvez a melhor experiência que eu tive na vida em relação a conquistar alguém (não importa se por uma noite ou por 500 dias), a mais reveladora, aquela que foi um pequeno tutorial básico e incompleto da mente feminina tenha sido não uma mentirinha. Mas uma verdadezinha. Na real, um quase tiro no pé. Pelo menos foi o que achei na hora. Abdiquei das facilidades da mentira e fui plenamente sincero.

Era a segunda ou terceira vez que estávamos saindo e eu, confesso, já estava bem envolvido. Não tirava os olhos dela. Na verdade eu não tirava os olhos especificamente de um lugar do corpo dela. Visivelmente sem graça, ela perguntou o que eu tanto olhava.

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— É o seu queixo.

Falei exatamente isso. Eu estava de olho no queixo dela. Falei sem perceber se estava sem graça, envergonhado ou com cara de tarado. Tirei o que estava em mim, só isso. Esvaziei-me.

Provável resposta de uma mulher quando tem o queixo elogiado

Ela, é claro, ficou meio travada. Afinal, que energúmeno, que criatura unicelular fala, logo no segundo encontro, do queixo de uma garota? O que ela pensaria na hora, caramba? “Pronto, ele acha que meu queixo é monstruoso, parece um sorvete de casquinha ou o mapa do Chile.” Acaba com a segurança de qualquer uma, por mais linda que ela seja – e é, preciso falar.

Eu podia fazer elogios óbvios e garantidos aos olhos, lábios, cabelo, pescoço, cintura. Todos esses detalhes passíveis de quilos e quilos de louvações, de referências a músicas do Michel Teló a redondilhos tão bregas quanto esse forronejo com ritmo de David Guetta.

Mas eu não estava a fim.

Só tinha olhos para aquele queixo fofo. E quis elogiar aquela parte dela naquela hora. Fim. Se não gostou, paciência. Estava desarmado, era o que podia oferecer no momento. Eu e um vislumbre de honestidade radical. Um bobo elogio ao queixo dela.

Ao falar aquilo, já não estava preocupado na reação, mas feliz por ter dito uma verdade genuína, desprovida de entrelinhas ou sutilezas mentirosas quaisquer, típicas durante um xaveco. Afinal, uma pesquisa que eu acabei de inventar afirma que 90% dos homens que falam “seu cabelo é lindo” estão na verdade pensando na pessoa elogiada nua em sua cama.

Não importava mais tanto a reação dela porque sabia que, naquele instante, eu estava sendo 100% sincero.

Descobri muita coisa com isso. Leveza, uma alegria pequena de dia a dia, uma gostosa satisfação de fazer a coisa certa comigo mesmo, sem o peso de agir estrategicamente, com um objetivo em mente – premissa  em qualquer paquera.

Descobri que as pequenas mentiras do xaveco não são necessárias o tempo todo.  E descobri inclusive que eu tenho alguns cílios com pontas loiras. Foi o que ela me falou no dia seguinte quando roçou o queixo lindo no meu peito e me deu bom dia.

Mecenas: The Golden Secret

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Mentir pode fazer parte do jogo, em alguns casos. Mas há características que nunca enganam. Como o cheiro.

O cheiro é a verdade. E o verdade de The Golden Secret não é mais um segredo. É a combinação perfeita entre singularidade e elegância da nova essência de Antonio Banderas, um perfume sedutor com grande personalidade

O PdH tem três frascos de The Golden Secret para os leitores que responderem nos comentários:

“Você prefere dizer verdades ou mentiras para seduzir? Por quê?”

Logo mais, vamos selecionar as melhores resposta a esta pergunta e à outra feita no texto “Pra que seduzir se você pode cutucar?” e presentearemos os autores das três melhores respostas com um frasco do perfume. Fácil, fácil.

Felipe van Deursen

<a>Felipe van Deursen</a> é editor na Superinteressante e colunista da revista Nova. Já se apaixonou por uma modelo de chiclete