Em tempo de jornalismo real-time, onde a narrativa técnica de um fato tem mais importância que a percepção jornalística de um relato, não é a hora mais correta para publicar algo sobre uma tragédia ocorrida na madrugada anterior. É notícia fria. É notícia manjada. É notícia batida.
Mas.
Se trata de alguém que, mesmo rodeado de um mundo prolixo, sempre utilizou o artífice da profissão para escrever. E é isso que faz o grande homem: a capacidade de exercer além da sua obrigação sem parecer meramente subversivo. A essência da indignação não está no ato de ir contra a rotina, mas sim, na capacidade de orientar um grupo a seguir o seu instinto. E o nosso instinto – que me perdoem os acomodados – é, sim, pautado pelo primeiro e mais inocente sentimento consumido pelo homem: a paixão.
Há uma história interessante passada em 1957 envolvendo Joelmir Beting. Foi graças ao palmeirismo que então repórter perdeu o emprego na Rádio Panamericana. Durante um Palmeiras x Corinthians, o clássico, deixou explícita a preferência pelo verde e quase foi agredido pela torcida adversária na saída do Pacaembu.
Não foi por maldade. Muito menos por provocação. Apenas declarou seu instinto aquele homem que tentou nos ensinar a seguir – e respeitar – a nossa lógica passional. E que mesmo depois da morte, na voz do filho Mauro Beting, continua tentando.
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