Um lugar
Maior desperdício pegar um belo lugar e transformar em restaurante, bar, café, empresa, centro cultural, teatro, galeria… antes de abrir ao público.
Por que não deixar o lugar ser apenas um lugar? É tudo o que as pessoas querem quando vão a cafés e livrarias. A gente quer um lugar, a gente não tá nem aí pra café e livros.
Vai ficar rico o cara que abrir um lugar em São Paulo.
Blog do Gustavo Gitti
Ainda não se trata disso. Ninguém teve culhão, até o dia de hoje, de abrir um lugar físico que seja apenas um lugar. Mas parece que algumas pessoas entenderam um caminho a ser seguido. Claro que o que vou mostrar aqui pode ser visto como um copo meio cheio ou meio vazio, dependendo do humor de quem vai ler esse pequeno artigo.
Trata-se do Slow Time, ou “tempo lento”, um espaço aberto na Alemanha – seguindo um modelo russo que parece ter dado certo – onde não se vende café, mas paga-se pelo tempo que se fica no local. Lá, café e biscoitos são gratuitos, e os clientes podem até mesmo trazer sua própria comida. Mas, do momento em que se passa pela porta de entrada, eles têm que pagar por cada minuto que se passa lá dentro.
Dos clientes, é cobrado o valor de € 2 (R$5,50 aproximadamente) no momento da chegada, que pega os primeiros 30 minutos. Após esse primeiro tempo, há que se pagar € 0,05 por minuto (ou € 3 por hora). Lá dentro pode-se consumir café, chá, água e há também biscoitos, mas os clientes são convidados a trazer sua própria comida e bebidas. Se eles querem, podem até pedir uma pizza que será entregue no lugar.
O importante é o tempo e a convivência, já que o Slow Time oferece jogos que não se joga sozinho, para aproveitar a interação. Pessoas vão, se encontram, conhecem outras pessoas, trocam experiências e, de quebra, tomam um café.
O Slow Time tem 75m2 e capacidade para 25 pessoas. A dificuldade, no momento, é fazer as pessoas entenderem o conceito do lugar. Elas chegam na frente do empreendimento, ficam olhando, entram sem saber muito bem por que ou o que fazer e são guiados pelos funcionários.
Há também diversos cartazes espalhados com explicações do funcionamento do Slow Time e também vários relógios com diferentes horários, para o cliente perder mesmo a noção do tempo e aproveitar enquanto está la dentro (sim, pode ser visto como manobra pra ganhar dinheiro, mas aí entra – de novo – o copo meio cheio ou meio vazio).
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