A gente costuma receber muitas dúvidas e desabafos no email do PapodeHomem. E quando digo muitas, não estou exagerando. As questões mais comuns giram em torno de relacionamentos que estão indo mal, garotos e garotas que querem saber se podem ter engravidado e muita gente querendo ser da maçonaria.

Mas o que mais nos preocupa é que, até pelo nome do site, muita gente acaba caindo aqui de paraquedas e vêm nos perguntar sobre sua virilidade, impotência etc. Da cor do sêmen à dimensão do pau, já lemos de tudo que você possa imaginar.

Diante disso, resolvemos nós mesmos conversar com um especialista para elucidar pelo menos uma questão recorrente: infertilidade masculina. Para isso conversamos com o Doutor Mauro Bibancos, médico andrologista especialista em reprodução humana do Grupo Huntington.

Nossa intenção é pouco a pouco voltar a falar mais sobre a saúde do homem nesse formato de entrevista curta. Mas não precisa consultar ninguém pra saber que essa série não substitui uma consulta ao médico e que você só vai descobrir um problema se for a um consultório e fizer seus exames regularmente. Não seja burro como muitos de nós.

Agora vamos ao que interessa.

Dúvidas frequentes sobre infertilidade masculina

PapodeHomem: Quais fatores externos podem contribuir para tornar um homem infértil?

Dr. Mauro Bibanco: A lista de fatores é extensa: o uso de determinados medicamentos e hormônios; cirurgias testiculares, prostáticas ou de grande porte na região abdominal; fatores genéticos; obesidade; tratamento contra o câncer que inclui quimo e radioterapia; e atividades cotidianas, ligadas ao estilo de vida, como tabagismo, consumo exagerado de álcool, uso de drogas recreativas e de anabolizantes. Tudo isso atrapalha.

Contudo, a varicocele é a principal das responsáveis e representa 40% dos casos. Geralmente ela não apresenta sintomas, mas pode aparecer em forma de discreta deformidade na bolsa escrotal.

Quais hábitos aumentam as chances de tornar um homem infértil e quais diminuem?

Os hábitos citados acima são todos nocivos: tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, anabolizantes, etc. Já para avaliar quais fatores cooperam para a fertilidade, é preciso avaliar cada paciente de forma individual. Por isso, o que orientamos sempre é o acompanhamento periódico da saúde fértil.

Estudos comprovam que, em 40% dos casos, os homens são os responsáveis pela infertilidade de um casal, mas a presença deles nos consultórios ainda é infinitamente menor que a das mulheres. A única maneira de cuidar da sua saúde fértil é receber esse acompanhamento médico periódico para que os eventuais sinais de infertilidade possam ser identificados e contornados.

O corpo do homem emite algum tipo de sinal que nos permita perceber se estamos ficando inférteis? Quais?

Na verdade não. O sinal mais comum deles é a diminuição do volume testicular, mas mesmo sendo o mais comum, ele ocorre apenas em alguns casos, portanto, estar com o tamanho normal não é sinônimo de saúde. Novamente: a única forma efetiva de acompanhar a saúde fértil é com o acompanhamento de um especialista.

Como diagnosticamos que um homem está infértil?

O diagnóstico de infertilidade é feito em consultório. Inicialmente, é realizado o espermograma, exame simples que contabiliza importantes índices do espermatozoide a partir da coleta do sêmen. São levadas em consideração a capacidade de movimentação, a morfologia e a quantidade para que a infertilidade seja constatada. Caso seja necessário, um especialista ainda pode apurar esses dados com um exame físico e outros exames complementares.

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Existe medicação ou tratamento para voltar a ser fértil?

O diagnóstico é individualizado e nossa experiência de consultório revela que o tratamento, na imensa maioria das vezes, reverte o cenário e possibilita a paternidade. Cada paciente é tratado de forma individual.

Fertilidade e virilidade estão relacionadas?

Não estão relacionadas e essa é uma pergunta importantíssima. Essa confusão ainda se mostra muito comum e atrapalha a criação do hábito de consultar especialistas.

A virilidade está relacionada à capacidade de ter uma ereção, enquanto a fertilidade é a capacidade de engravidar uma mulher. Há homens viris e férteis, mas também viris e inférteis. Portanto, não: não é porque você consegue manter relações sexuais que sua fertilidade está em dia. A ligação entre um fator e outro é apenas psicológica, emocional.

Como podemos acolher alguém que enfrenta esse problema?

Mais do que acolher, acredito que a palavra seja conscientizar. É importante que todos se perguntem qual foi a última vez que estiveram no consultório de um especialista em medicina reprodutiva. Se você não lembra o nome do seu médico ou nunca foi a um, você deve dar mais atenção à sua saúde. 

A infertilidade masculina é um tema de grande importância e tem ganhado relevância à medida que tabus e conceitos pré-estabelecidos têm sido desconstruídos. O fato de você não acompanhar sua saúde fértil é agravado por diversos fatores externos que contribuem para torná-lo infértil.

Se você for diagnosticado com infertilidade, é importante manter a calma e buscar ajuda. Há casos simples em que, por exemplo, os testículos não funcionam por falta de ação hormonal e casos mais complicados. A questão fundamental é manter atenção à sua fertilidade. Agora, se você tem um amigo que se descobriu infértil, a melhor coisa que você pode fazer é não tornar isso um tabu entre vocês. Caso contrário, você estará contribuindo para que mais gente tenha menos chances de reverter o cenário. 

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Nota da edição: este texto faz parte de um novo formato de artigo que estamos tentando trazer para o PapodeHomem. A ideia é reunir as perguntas e dúvidas mais frequentes sobre determinado assunto e procurar um especialista que possa nos dar respostas esclarecedoras a respeito.

Para que o formato funcione e se torne interessante, nada melhor do que sentir o termômetro da comunidade, portanto, envie através do email breno@papodehomem.com.br qual tópico você gostaria de ver por aqui e nós vamos reunir as perguntas mais frequentes para produzir os próximos artigos.

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Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a <a>Jornalismo Júnior</a>