Daqui um tempinho, você vai poder imprimir sua própria coleção de vinil:
Em um esforço corajoso para impressão 3D, onde nenhum homem ou mulher tenha impresso em 3D antes, eu criei uma técnica para converter arquivos de áudio digital em registros 3D imprimíveis em 33rpm e imprimi alguns protótipos funcionais no fim de semana.
Esses registros tocam em toca-discos comuns, com agulhas comuns, em velocidades comuns, como qualquer disco de vinil. Embora a saída de áudio a partir desses registros tenha uma taxa de amostragem de 11kHz (um quarto de áudio MP3 típico) e 5-6BIT de resolução (áudio MP3 é de 16 bits), ainda é facilmente reconhecível.
Confira o vídeo abaixopara ouvir como soa.
— Roy Wood, Revista Wired
Quando falei das “Três provas que o futuro já chegou“, eu não falei das impressoras 3D. Falha minha. É que essas novas belezinhas merecem um texto só pra elas.
A impressão 3D é exatamente o que o nome diz — imprimir objetos em 3D (largura, altura e profundidade) — mas, ao contrário da simplicidade de explicação de funcionalidade da nova tecnologia, seu futuro próximo guarda assuntos mais complexos para a sociedade como um todo.
O processo é simples: a impressora injeta ligas ou grãos de algum material (como plástico ou metais) e a impressão é realizada em camadas. Impressoras domésticas como a Formlabs1 (em pré-venda, U$3.229) usa um sistema diferente, chamado estereolitografia, que consegue imprimir em camadas de 0.0025cm.
Com a tecnologia em mãos, restam as escolhas.
Impressão 3D para o bem e para o mal
Em Agosto de 2012, Emma, na época com 4 anos, ganhou “Braços Mágicos”. Ela nasceu com uma doença que causa atrofia nos músculos, por isso ela não tinha forças para mexer os braços.
Uma equipe do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa Ortopédica de Delaware criou, com uma impressora 3D, o WREX, um exoesqueleto que permitiu a Emma recuperar os movimentos dos braços.
Além de barato, é possível fazer novas impressões com correções de tamanho enquanto Emma cresce.
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Homem tem 75% do crânio feito em impressora 3D
São Paulo – Um homem americano teve 75% do seu crânio substituído por uma prótese feita em impressora 3D. O implante realizado pela primeira vez no mundo foi comandado pela empresa Oxford Performance Materials.
A empresa foi a responsável por fabricar o material da prótese. Em fevereiro, a equipe recebeu autorização do governo dos Estados Unidos para fornecer ossos feitos em impressora 3D.
Na primeira etapa do processo, o crânio do homem foi escaneado para criar uma réplica digital. Isso permitiu que a prótese fosse impressa com perfeição.
A réplica é feita de polietercetonacetona (ou PEKK), que provou ser o material adequado para implantes humanos. A prótese tem uma textura especial e furos com o objetivo de estimular o crescimento natural das células e dos ossos do paciente.
Info Exame
Porém, nem tudo são flores.
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Hoje as impressoras 3D domésticas usam material plástico. Mas se pudéssemos usar metais e imprimir nossas próprias armas? Bom já fizeram um AR-15. Com os avanços da impressão 3D de ligas de metal, poderemos fazer download de armas e imprimir em casa.
Como o governo iria fiscalizar esse tipo de fabricação caseira de armamentos?
Em zonas de conflito, seria muito mais fácil abrir pequenas fábricas de armas com impressoras 3D em vez de gastar com transporte de armamentos pesados. Algo parecido foi feito no genocídio de Ruanda:
Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — sendo que 4,6 milhões de dólares foram gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões hutus.
— Wikipédia
Os atomos são os novos bits então?
Chris Anderson disse, em um artigo para a Wired em 2010, que “átomos são os novos bits”. Mas não é bem assim.
Átomos compõem (quase) todas as coisas que temos contato no mundo, porém as impressoras 3D apenas reorganizam matérias primas disponíveis e a transformam em outras coisas. Assim não podemos imprimir comida.
Não ainda.
Existem muitas empresas que estão aproveitando a expansão do mercado de impressoras 3D e fazendo novos negócios com elas, como a Otome 3D, que imprimia retratos em 3D ou a Freshfiber que faz acessórios de gadgets.
Em meados de 2000 houve a crise do Napster. “Pra que comprar CD/DVD se você pode baixar tudo pela internet?”. Na verdade, há vários motivos para você comprar ou não comprar um CD/DVD. Há 12 anos, o Napster perdeu nos tribunais e deixou um legado de outros P2P, mas ainda vemos CD, DVD e Bluray nas lojas.
Será que iremos substituir os objetos que podemos comprar por objetos que imprimimos em casa?
A indústria começou a se preocupar com isso. Afinal, será que é “pirataria” você imprimir um Bumper para seu iPhone? Ou será que irão começar a vender moldes 3D assim como fazemos com conteúdo digital? A replicação de objetos reais vai criar um novo conceito de distribuição. Assim como o DRM em MP3 não funcionou, seria criado um arquivo 3D que só permite um número X de impressões?
Eles podem até lutar contra isso, mas é como lutar contra distribuição P2P. Por mais pressão contra que exista, o mercado vai expandir e terá que se adaptar. Hoje a Apple se dá muito bem vendendo música online e a Amazon vendendo eBooks.
A Nokia até disponibilizou um arquivo 3D para imprimir sua própria case para o Lumia. Ok, ele não era tão bom assim.
Será que seria mais fácil desenvolver um produto, depender de indústrias para fazer o corpo do seu produto ou começar uma produção em série na sua própria garagem? Afinal, na década de 70/80 empresas iniciaram seus negócios em garagens, hoje dominam grande parte do mercado.
Né Apple e Microsoft?
E nós, meros nerds?
Para “fazer” seus objetos, apesar de ser um pouco complexo, qualquer um com uma impressora 3D, um Kinect e paciência pode escanear objetos e imprimir cópias fiéis.
Na Internet já é possível baixar de graça objetos 3D no The Pirate Bay desde Janeiro de 2012, ou no ThingVerse. Ainda há sites como o Shapeways com um enorme catálogo com venda de moldes 3D, indo desde a Máscara do Sub-zero até uma xícara de café expresso.
Você provavelmente não possui dinheiro suficiente para comprar uma impressora 3D apenas para criar suportes para seu fone de ouvido. Mas quem sabe não pode ter uma para impressões 3D no seu bairro? Com o avanço e barateamento da tecnologia, até conceitos como o da RapRep, a primeira impressora 3D auto replicável, pode se tornar realidade.
Com a Internet nasceram novas formas de colaboração. Crowdsourcing, Open Source e Creative Commons incentivam as pessoas a criarem projetos e colaborarem e/ou modificarem como bem entenderem. Os professores vão reclamar por seus alunos copiarem maquetes online, assim como reclamam da Wikipédia.
E grandes empresários, defensores de direitos autorais, vão querer multar pessoas que imprimem produtos em casa.
Assim como já foi no passado recente, que venham todos.
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