Ninguém parece saber o que esperar de Sasha Grey. Quando o Max, o Kaluã, o Ian e eu chegamos ao L’Hotel, apenas tínhamos a certeza que ela nos daria uma entrevista.
Durante a espera no lobby do hotel, conversávamos sobre situações possíveis: como seria, o que teríamos de respostas ou se ela estaria de bom humor depois de dormir pouco devido a discotecagem na noite anterior (ela tocou no Bar Secreto, aqui em São Paulo). As indagações eram muitas e a ansiedade começava a aumentar por conta da incerteza da pauta.
Na espera, entre nós quatro, estava uma cabeleireira que, nos últimos dias, tomou conta das madeixas negras de Sasha. A moça comenta que não sabia exatamente quem era Sasha Grey até perguntar pro seu marido — e que ele teve dificuldade em saber da carreira da cliente de sua esposa (tá) — e descobrir que, entre seus pentes, passavam os fios de uma das mulheres mais importantes da indústria pornô, agora aposentada.
“Ela escreveu um livro agora, é isso?, pergunta a cabeleireira. E é exatamente sobre isso que pretendemos falar com Sasha, apesar das mil outra possibilidades de perguntas que poderiam ser feitas. Antes de comentar a qualidade literária de Juliette Society, o primeiro romance da atual atriz de filmes mainstream e autora, somos chamados para seu quarto para arrumar equipamentos e ela se preparar para falar do livro, carreira e alguns assuntos pessoais.
Subimos para o quarto carregados de equipamento. Ao passar pela porta, nos deparamos Sasha indo de lá para cá ao se preparar para nossa entrevista. Mesmo com a correria e maratona de entrevista e o rodízio de jornalistas no curto período pelo Brasil, ela nos recebe com um sorriso no rosto e um “olá” simpático.
Bom sinal.
Mas logo ela se tranca no banheiro para o término dos preparativos; bom para nós que temos que arrumar tudo ainda.
Marina Ann Hantzis é o nome de batismo de Sasha Grey, uma garota que, com apenas 18 anos, largou a faculdade de cinema na Califórnia para se descobrir sexualmente e revolucionar na indústria pornô norte-americana.
Quiçá mundial.
E essa conquista mundial parece seu propósito. Além de ter feito mais de 200 filmes adultos, Sasha tirou todo o proveito possível da indústria e aposentou-se em 2011 para, em seguida, enriquecer o currículo e diversificar os trabalhos.
Atuou em filmes para quase toda a família, estreou um filme do diretor Steven Soderbergh chamado The girlfriend experience, foi integrante da banda aTelecine — e discoteca eventualmente –, lançou um livro de fotografia e, agora, aos 25 anos, acaba de abrir a porta do banheiro nos impressionando com sua beleza natural, vestindo uma delicada blusa creme, um leve casado preto e uma legging acentuando formas que muitos marmanjos já viram diversas vezes.
Por mais que a presença de Sasha Grey seja marcante, ela não é o mulherão que esperávamos. Sua altura está por volta dos 1,70m. O que mais impressiona são seus olhos, penetrantes, que evitarei comparar com uma personagem de Machado de Assis, que não se sabe dizer ao certo qual a combinação cromática.
O que poderia ser um momento constrangedor pré-entrevista acabou se desfazendo pela simpatia de Sasha enquanto arrumávamos o quarto. Ela se posiciona rapidamente na cadeira em frente à câmeras e, já pronta para saciar nossa curiosidade, fala sobre uma carreira breve, mas farta.
“Sasha, você quer dominar o mundo?”, fica a dúvida.
Obs: todas as fotos finais são do Rafael Roncato. A derradeira foto — a que ele aparece — foi feita pelo Max Machado da Monstro Filmes.
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