O termo “desodiar” não existe no nosso dicionário. E por tal omissão da língua, relegamos o ódio ao estado sólido, ao concreto, ao que não pode ser desfeito. O amor pode acabar; mas o ódio soa eterno. Pergunte a quem nasceu na Faixa de Gaza ou entre as duas Coreias.
A proposta da Benetton é dissolver tal eternidade do ódio. Unhate (em tradução livre, “deixar de odiar”, “desodiar”) é o nome da nova campanha da marca italiana. Nela, grandes rivais contemporâneos protagonizam beijos impossíveis.
O papa Bento XVI tasca uma bitoca em Safwad Hagazi, imã do Cairo.
Já o presidente norte-americano Barack Obama até fecha os olhinhos para beijar o presidente da Venezuela Hugo Chávez.
Noutro cartaz, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu beija o presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas.
Com a campanha de marketing, a Benetton continua sua luta em prol da cultura da tolerância iniciada na década de 90. Mas a tolerância é para os fortes. Para se tornar uma pessoa tolerante, é preciso rever alguns conceitos que são cultivados no interior da alma. Ou seja, é necessário admitir-se culpado. E ninguém gosta disso. Infelizmente.
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