Nos últimos dias o refugiado egípcio Mohamed Ali, que foi vítima de ações hostis por outros ambulantes na esquina da Rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora, em Copacabana, foi do inferno ao céu.
Primeiro, a dor de ser estigmatizado como terrorista e violento, de ser afastado pelas palavras como não-brasileiro, de ter sua masculinidade posta à prova em meio à agressões, de receber afrontas e ações agressivas sem poder revidar.
Dias depois, "uma longa fila se formava" no entorno da sua barraquinha de comidas árabes para um "esfihaço" promovido pelos cariocas, que acolheram-no num ato bem simbólico, afinal, a moral dessa história foi a de que nós também sabemos ser solidários e não compactuar com ações xenófobas.
Link do vídeo, publicado no Facebook da AJ+
O Mohamed pôde se deixar sentir recepcionado com carinho, com a proximidade tão comum dos brasileiros, que em meio aos difíceis tempos, às vezes fica em segundo plano.
E que bom ver essa costura do mesmo homem que poderia estar ríspido, dividido entre a vingança, o medo de não poder prover e a necessidade de ter que se mostrar duro e resistente se mostrar uma figura doce e leve. Se deixando ser acolhido, deixando mais uma história ruim para trás e, aberto, recebendo a atenção de quem quer dar atenção em vez de remoer orgulho. Uma atitude que pode muito bem servir de exemplo.
Agora o mundo sabe que podemos ser melhores. A gente também pode saber, viu.
Fizemos bonito com o Mohamed. Que ele tenha toda a sorte do mundo.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.