Hoje acontece a votação da nova regulamentação do código florestal brasileiro na câmara dos deputados, em Brasília. A comunidade científica não foi ouvida e a questão precisa de mais tempo para ser pensada. Entenda por quê.

“Para produzir mais é preciso crescer”. Pelo menos quando se trata de aumento na produção agrícola e aumento na quantidade de área territorial utilizada para essa produção, isso não é verdade, ou no mínimo é um argumento questionável.

O código florestal é o conjunto de leis regulando como as terras que fazem parte do território brasileiro podem ser utilizadas para produção agrícola. O código prevê como a terra pode ser utilizada levando em conta que os recursos naturais, principalmente florestas e cursos d’água não sejam afetadas na sua qualidade.

Por exemplo, se o dono de uma propriedade retira a vegetação que está próxima ao rio, com o passar do tempo esse rio acaba recebendo maior volume de terra das partes da margem que estão descobertas da vegetação conforme vão ocorrendo novas chuvas. A tendência é que esse rio fique cada vez mais raso, processo chamado de assoreamento. Isso porque ocorre um maior aumento na quantidade de areia e outros detritos que passam a ser depositados no rio. Além disso, como o rio fica mais raso, o volume e a qualidade da água transportada por esse rio tendem a diminuir. Isso tem impacto direto na qualidade da água para abastecimento, ou seja, a água que eu e você bebemos.

Fonte: Folha.com | Arte: Ivan Luiz

Falando assim parece que aqueles que precisam utilizar a terra como meio de produção, os produtores rurais, têm de fazer um esforço voltado principalmente para bem estar de quem se encontra nos centros urbanos. Mas não é bem assim. Utilizar a terra e conciliar isso com a conservação do meio ambiente traz benefícios para todos. A questão central aí é valorizar os produtores que usam a terra e conservam o meio ambiente agregando maior valor para esse tipo de produção.

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Como toda discussão importante existem argumentos pró e contra, mas nesse caso o que me parece mais complicado é o fato da comunidade cientifica, que se pronunciou contra as propostas de alteração do código com base em estudos científicos, não ter sido ouvida.

Esta marcada para hoje na câmara dos deputados em Brasília, a votação da nova regulamentação do código florestal brasileiro. Numa discussão desse porte, diretamente relacionada a nossa qualidade de vida agora e no futuro, é preciso que haja um consenso entre todas essas partes, coisa que ainda não foi alcançada.

Nesse caso o melhor é que essa votação seja adiada e a discussão possa se aprofundar entre todos os setores da sociedade, afinal estamos falando de política, e política deveria ser discutida. Informe-se melhor e procure participar de algum modo dessa discussão importante para depois só nos reste chorar sobre o leite, ou melhor, leito derramado.

Aqui na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) um grupo de estudantes começou a se mobilizar para realizar discussões, passeatas e outras formas de mostrar nossa posição sobre essa mudança no código florestal. Mesmo que a votação ocorra hoje, ela ainda tem de passar pelo senado.

Nós estamos disponibilizando todos os documentos necessários para organizar desde passeatas até recolhimento de assinaturas para abaixo assinado e como encaminhar isso ao poder público para quem mais tiver interesse de estender esse movimento em outras partes do país.

Além de seguirmos o papo nos comentários aqui, você pode obter mais informações nesse grupo de discussão ou pelo email que criamos: codigoflorestalbrasil@gmail.com.

Arildo Dias

Biólogo por formação e aspirante a escritor. Alguém que já utilizou uma única definição para se descrever e agora prefere dispensar tal necessidade. Mora em Campinas - SP.