Quando Steve Jobs deixou a presidência da Apple pela última vez, eu entendi que absolutamente nada que a Maçã fizesse seria bom de verdade. Veja bem, não é que a capacidade criativa, inovadora tivesse ido embora com Jobs. É que, para todos nós, para sempre vai existir o “se”.
“Se”: a palavra de 1.000 sílabas.
“Se o Steve Jobs estivesse vivo a Apple não faria isso”
“Esse novo iPhone é legal, mas imagina se fosse com Steve Jobs o tanto que ia ser foda?”
“Steve Jobs jamais aprovaria um iPhone dourado…”
Tenho certeza que você ouviu esse tipo de coisa. Você inclusive pode sentir lá no fundo que o fato de você não gostar completamente de algum produto da Apple pós-Jobs é exatamente esse Fator Jobs. Em contrapartida, fico especulando até onde ele teria ido, até qual produto ele deu seus pitacos.
Apesar de ser conhecido que o iPhone 5 foi o último projeto que teve as mãos de Jobs, eu sinceramente acredito que ele não tenha morrido sem ver pelo menos o início do iOS 7. Inclua aí o iPad Mini e algum produto que a Apple ainda não tenha lançado (a TV ou o relógio).
É tudo uma questão de expectativa. Nós já esperamos que qualquer novo produto com a cara de Tim Cook venha com a antipatia de quem idolatrava Steve Jobs. É como ver um show do Lynyrd Skynyrd com Johnny Van Zant cantando ao invés do irmão Ronnie. É tipo igual… só que não.
Cook não tem, nem de longe, o mesmo carisma. Aliás, ninguém tem.
No lançamento do iPhone 5, uma coisa ficou muito clara, mesmo para os mais fanáticos: o iOS precisava urgente de uma atualização. O sistema operacional móvel da Apple estava, enfim, velho, uma interface gráfica de quase 7 anos que começou a cansar.
Esse sentimento, para mim, veio no instante em que botei os olhos no famoso Metro design do Windows 8.
Começou aí a onda e a Era do Flat Design, o “design de superfície” minimalista. Nada de profundidade, de realismo, de texturas ou três dimensões. Nada de relevos pavorosos e aquela maldição visual chamada reflexo. Aquela sombra branca características dos primeiros anos de iOS e web ~2.0~ (que é um nome tão barango quanto o efeito).
Hoje, o Google e a Microsoft são os grandes bastiões do flat design, e o fazem maravilhosamente bem. O Windows 8 é lindo, seja mobile ou não. As novas diretrizes visuais do Google também mostram que o trabalho com flat pode ser perfeito.
Eu vi muita gente gritando aos 114 ventos, assim que botaram os olhos no iOS 7, em Junho deste ano: “a Apple tá lançando um Windows Phone?”, “cópia descarada do Windows”, “whiskas sachê”.
Sério mesmo que a galera esqueceu da icônica campanha do iPod? Dessas três empresas, qual foi a primeira a flertar com o tal flat? Mas não, nem vou entrar no mérito de “copiar”, “plágio”, “patentes” ou coisas do tipo. Esse não é o ponto. Só estou lembrando da campanha do iPod mesmo.
Algo que aparentemente a própria Apple esqueceu, uma vez que a primeira impressão que tive foi literalmente essa:
“Que trem horrível!”
Usando o novo iOS
Eu fiz questão de esquecer que Sir Jonathan Ive tinha criado tal horrendice — um neologismo tão feio quanto o ícone do Safari por exemplo — até a última quarta-feira (18), em que enfim poderíamos colocar “esse trem” nos nossos iGadgets.
Por mais feio que seja, atualizar seu sistema operacional faz bem demais para saúde, uma vez que tem correção de bugs, melhorias em segurança, abertura de mais portas para a NSA te espionar com mais facilidade…
Além das inúmeras melhorias que nós pedíamos encarecidamente. Sério Apple, o quão difícil era fazer uma central rápida como essa nova? Precisava demorar tanto assim para podermos ligar e desligar o bluetooth com duas passadas de dedo? Acessar a calculadora? Uma lanterna? Não precisava.
Mas só essa atualização já mereceu e muito a minha atenção.
Comecei achando ele horrendo. Depois muito, muito feio. Após um dia de uso eu ainda tenho vontade de vomitar ao ver os ícones dos apps nativos (Ajustes, Banca, Contatos, Buscar, Safari, as duas lojas, Calculadora, Tempo), menos Bolsa e Bússola, tenho que admitir.
Porém, algumas coisas já fizeram brilhar meus olhinhos críticos e preconceituosos.
Fluidez
Se tem um jeito de definir o iOS 7 em uma palavra, eu diria que ele é fluido.
As transições são suaves, abrir um aplicativo ou trocar de um para o outro simplesmente faz sentido. Parece bem Android. Só que mais bem feito, mais gostoso (eu simplesmente não encontrei outra palavra). Eu fiquei uma meia hora só brincando com essas transições. É como deslizar pequenas janelas numa superfície sem nenhum atrito.
Tipo air hockey com aplicativos.
Rapidez
Talvez pelo fato de terem tirado todas aquelas texturas e todas aquelas dimensões, o novo iOS é rápido. Muito, muito rápido. Eu tenho um iPhone 4S – já existem duas gerações na frente – e nem quando eu usei ele pela primeira vez senti tanta rapidez ao fazer qualquer coisa.
Uma dica válida: faça um restore regularmente no seu telefone. Isso mesmo.
Apague tudo e vá instalando os apps de novo. Você vai se surpreender com a melhora de performance.
Erros
Existem bug, erros e problemas com diversos aplicativos que ainda não lançaram atualizações para a nova interface gráfica. Minha namorada tem o mesmo iPhone que eu (4S de 16GB) e ela teve alguns problemas de travamento, o teclado não funcionava. Ela usou a dica do restore e até agora o problema parece resolvido.
Não vai demorar muito para vermos um 7.0.1 com correções, mas isso é muito comum.
Nessa hora, o melhor a fazer e ter um pouco de paciência caso haja algo errado.
Beleza?
Designer normalmente se sente tão cheio de si para falar dessas coisas que eu quero muito deixar só na questão de gosto pessoal. Eu falei sobre dois exemplos de design simples que seguem essa nova tendência que são distintos e muito, muito bem feitos. Era de se esperar que a Apple fosse seguir essa tendência da forma mais original possível.
Por mais que eu ache o iOS 7 feio, no geral, ele é bem melhor que os anteriores. E após mais ou menos 30 horas de uso ele já está até um pouco ajeitadinho. Saca o feio arrumadinho numa noite feliz?
Como eu disse, o sistema operacional estava velho, precisava de uma renovação.
Há algumas coisas que eu não gosto: as transparências e os tons muito cítricos de algumas cores (que verde é esse?) mas acho que irei me acostumar.
***
Bem, até agora a experiência tem sido surpreendentemente (para mim) muito boa. E você? Como está se sentindo com o novo iOS?
Se ainda tem dúvida sobre atualizar ou não, eu indico alguns posts aqui embaixo, falando sobre as novidades e as melhorias de forma mais específica.
Nove motivos pra você começar a usar ONTEM o iOS7
Esse tá lá no Judão:
ÊêÊ! Então hoje sai o iOS7, né gente? Aliás, se bobear, enquanto você lê isso a nova versão do sistema operacional dos ~iDevices já até até pode estar disponível — você pode conferir aqui se já saiu ou não.
Tudo diferente pela primeira vez em seis anos, várias novidades… Você vai ler muito sobre ele por aí, ainda, mas nós — que estamos testando o iOS7 desde a sua completamente bugada 1a versão Beta — resolvemos fazer uma lista das novidades mais úteis.
iOS 7: mais bonito e mais funcional
Review bacana do Gizmodo:
Não há dúvidas de que o iOS 7 é a atualização que mais transforma o iOS em seus seis anos de história. E não estamos falando apenas do design. A primeira vez que coloquei minhas mãos no novo sistema operacional, senti como se tivesse um novo smartphone, um que era mais bonito e, mais importante do que isso, mais útil.
Abrir cada app e fuçar as coisas era algo diferente, como se eu andasse pela primeira vez no meu apartamento após a trabalho de um talentoso designer de interiores. Mas, novamente, isso dá a entender que o iOS 7 é apenas sobre seu visual. Não é verdade. Há muitas funcionalidades novas também, especialmente na Central de Controle e no novo app da Câmera. O maior impacto do iOS 7, no entanto, é que eu percebi que passei a usar mais meu iPhone. Ele ficou mais divertido.
Apple iOS 7 review: a major makeover that delivers, but takes some getting used to
Uma análise dos caras do Tech Crunch.
This is a big week for Apple; it has two new phones hitting store shelves, and a brand new operating system that becomes available Sept. 18 for compatible devices.
The new mobile operating system is a big visual change, and is likely to feel somewhat disorienting to users upgrading from iOS 6, but in most important ways, it’s not that dissimilar from what you’re used to, and many of the changes are definitely for the best.
Testamos o iOS 7, o sistema da Apple que promete revolucionar o iPhone e o iPad
Alguns detalhes que o pessoal do TechTudo viu.
O iOS 7 já está entre nós, ainda que seja na forma de um beta. O sistema operacional da Apple para iPhone e iPad ganhou uma repaginada no design e vários novos recursos, em uma mudança considerada a maior desde a chegada do sistema. O TechTudo testou a nova plataforma e relatou as primeiras impressões do novo iOS.
The Design Battle Behind Apple’s iOS 7
A meninada da Wired fez uma matéria interessante pra caramba sobre a batalha por um novo visual do iOS 7.
The new iOS 7 is radically simplified, incredibly flat, colorful, and multi-layered. It is, according to Apple CEO Tim Cook, “the biggest change to iOS since iPhone.” And it may be one of the best things yet designed by Jony Ive, who announced iOS 7 in a short video at Apple’s World Wide Developer conference.
Ive didn’t offer a blow-by-blow account of details; he remained seated in the audience next to Laurene Jobs. Instead, his video comments served up a succinct design philosophy: “There is a profound and enduring beauty in simplicity. In clarity. In efficiency. True simplicity is derived from so much more than the absence of clutter and ornamentation.
It’s about bringing order to complexity.” He could have said that in any of his videos about Apple’s hardware. But Ive was finally saying them about software, in his new role leading Apple’s interface design. Apple, in other words, is leaving behind iOS’s gaudy recent past in favor of the radical simplicity that made it the world’s most valuable company.
Viu alguma coisa interessante? Detestou um ponto específico do novo sistema operacional da Apple? Simplesmente prefere Android? Bota os teus anseios e falta de pudores aqui embaixo, nos comentários.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.