Fico sempre intrigada quando alguém comenta que a primeira vez é sempre uma droga.
Dá para entender quando a primeira vez em questão é o começo de tudo, a trepada número um, quando ainda não se conhece bem nem o próprio gozo. Já as outras primeiras vezes no sexo, apesar dos desencaixes naturais, costumam ser momentos de tesão intenso, difíceis de serem revividos ou reproduzidos.
Mesmo que a gente leve um pé na orelha, que o orgasmo venha descompassado, a excitação da novidade, da descoberta daquele corpo, é uma sensação inebriante que, no caso da mulher, funciona como o mais potente de todos os lubrificantes.
Os homens que gostam de um território encharcado precisam saber aproveitar este momento de abundância espontânea em que qualquer palavra falada ao pé do ouvido vira mais uma gota. É nesse dia que as preliminares podem se resumir a apenas um olhar safado, em que todos os manuais de sexo tornam-se obsoletos.
Quando o desejo escapa pelos poros, quando a vontade está perto de se concretizar, até o medo e o nervosismo se liquidificam. Na primeira vez, todos os fluidos ficam deliciosamente descontrolados.
Não há roupa ideal para esse dia. Se visto calças, sinto-me impelida a toda hora olhar para baixo para ver se o tecido não está encharcado e tenho a impressão que meu cheiro está em toda parte. Se visto saia ou vestido e percebo a calcinha ensopada, temo molhar uma cadeira, por isso o melhor é continuar em pé.
Para aqueles que adoram uma buceta pingando, a primeira vez deveria ser reverenciada, desfrutada desesperadamente a cada segundo molhado. Claro que, felizmente, a fonte a não seca, mas essa sensação de tromba d'água que surge espontaneamente, sem esforço, nem sempre volta.
Esse é o momento de lambuzar até a sobrancelha, sentir a calcinha dela literalmente embebida de tesão, deslizar a ponta dos dedos pelos grandes lábios e senti-los se abrindo naturalmente, de se meter em um espaço perfeitamente pronto, de ouvir todos os sons encharcados.
Por mais que os homens também desfrutem da excitação do início, do primeiro contato, o efeito no corpo deles não costuma ser tão significante quanto no das mulheres. Isso acontece por causa das diferenças entre o desejo masculino e feminino. Sem entrar demais nas explicações científicas, nos homens, o tesão é mais constante durante toda a vida. Já nas mulheres, existem momentos em que o desejo é mais forte, sendo o da fase da conquista um dos mais intensos.
Nem preciso concluir dizendo que, quanto mais desejo, mais excitação e, consequentemente (se não houver nenhum problema), mais lubrificação.
A primeira vez não precisa ser literal, uma única vez com alguém novo. Pode virar até algumas primeiras vezes com esse mesmo alguém, porém o efeito inundação é limitado. Com a curiosidade saciada e a conquista efetivada, a excitação segue um ritmo mais preguiçoso. Os fluidos passam a brotar a conta-gotas. Só um olhar já não basta, é preciso muito mais manobras e saliva.
Claro que, para compensar, existem todos os prazeres e as delícias da intimidade de um bom comfort sex, de trepar com alguém que se ama, ou pelo menos se gosta, de estar com alguém que já leu seu manual e sabe quais botões apertar, entre muitas outras razões que fazem o sexo valer a pena nos relacionamentos de longa duração. Mas isso não tira, pelo menos para mim, o pedestal da primeira vez ou das primeiras vezes.
Não sei como as pessoas podem viver sem nunca mais voltar a essa sensação.
Seria incrível poder reviver o tesão da primeira vez com alguém que já conhece o seu corpo, mas não dá.
A biologia é injusta.
O cérebro e os hormônios respeitam mais nossos desejos primitivos do que racionais. Se não há outra forma de reproduzir as sensações da primeira vez a não ser vivendo outras primeiras vezes, esse é o caminho que escolho seguir. Sou viciada nos prazeres espontâneos da primeira vez e não aceito me tornar refém da saliva.
Ainda não aprendi a viver sem tesão líquido.
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