"Olá, meu nome é J,
Há mais ou menos 15 anos conheci minha namorada. Ela já tinha uma filha na época, com pouquíssimos meses, recém-saída de um relacionamento conturbado de idas e voltas. Na época, nem eu achei que poderia dar certo, mas o fato é que a coisa foi rolando e cá estamos nós, agora com mais um filho de 5 anos nosso, a menina com 14 e morando todos juntos.
Como ela tem um pai biológico, consentimos que a menina não me chamaria de pai. Eu que dei essa ideia, principalmente, por não saber como ele reagiria e por não ter certeza que o relacionamento duraria tanto.
Mas, sem qualquer surpresa, eu terminei ajudando muito na criação dela, educando-a, ensinando-a as coisas da vida e me tornando o amigo mais próximo que posso ser. No meu coração, sinto como se fosse minha filha mesmo.
Ela me chama pelo nome e me apresenta como padastro (normalmente) ou pai (mais raramente) para as amigas e pessoas em volta. A família como um todo entende que ela tem "dois pais". E tenho certeza que ela também sente isso. Para terminar de contextualizar, ela é muito carinhosa comigo, me ama, nos entendemos muito bem e temos um relacionamento digno de pai-filha (e, orgulhosamente, daqueles modernos, pois sou bem mente aberta).
Talvez pela situação, peco no sentido de não dar os devidos limites algumas vezes, peso que termina ficando sobre a mãe, já que o outro pai nunca participou da educação dela nem procurou saber como é feita.
A mãe diz que ele é só oba-oba, pega no final de semana e devolve sem ter nenhuma preocupação com as responsabilidades que um filho exige; concordo, afinal, ele nunca perguntou nem demonstrou interesse em nada sobre a criação e até acho que ele só muda se um dia encontrar uma parceira, ter outro filho e não se separar.
Porém, como a mãe e o pai dela não tem uma boa relação, fico sem ouvir o outro lado da história e bater o martelo sobre esse aspecto.
Por fim, vale dizer que minha enteada e o pai dela têm uma boa relação, e apenas imagino como deve ser pra ele também tudo isso, se é que ele pensa sobre (acho que não).
Como a guarda é da mãe, ela sempre teve mais contato conosco que com o pai, ainda mais que há alguns anos precisou mudar para Natal a trabalho (moramos em Brasília), com visitas mensais e videochamadas para tentar suprir a distância. A menina não toma a iniciativa, é o pai que tem que ligar.
O ponto onde quero chegar: nos últimos anos tenho sentido muito ciúmes da relação dela com o pai.
Cada presente que ela ganha, cada conversa animada, tudo isso termina me deixando meio bad. Quando tive meu filho, achei que ia deixar essa questão um pouco de lado, mas parece que piorou. Acredito que seja porque depois que ele nasceu eu me aproximei como nunca da minha enteada, com medo de que ela se sentisse rejeitada dada a atenção que o irmãozinho novo naturalmente recebe (se já é comum entre irmão biológicos, imagine nesse caso…), mas divago.
Procurei muito na internet e não encontrei caso parecido com o meu, somente orientações de como ser um padrasto.
Aprendi que o correto é não tentar substituir o papel de pai (pois ela tem um), muito menos criticá-lo ou aliená-la parentalmente, porém, isso está me consumindo mais do que o normal e tem me incomodado cada vez mais, a ponto de eu achar na minha cabeça que é uma rivalidade (e claro, é óbvio que não é!).
Gostaria de saber a opinião dos leitores daqui do PdH, se alguém tem alguma situação parecida.
Como vocês lidam com a relação dos seus enteados ou enteadas com o pai biológico? Vocês acabam sentindo ciúmes ou algo do tipo? Como fazem?"
Como responder e ajudar no Mentoria PdH
(leia para evitar ter seu comentário apagado):
- comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
- não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
- sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
- estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura desse link)
- comentários grosseiros, rudes, agressivos ou que fujam do foco, serão deletados
Como enviar minha pergunta?
Você pode mandar sua pergunta para posts@papodehomem.com.br .
O assunto do email deve ter o seguinte formato: "PERGUNTA | Mentoria PdH" — assim conseguimos filtrar e encontrar as mensagens com facilidade.
Posso fazer perguntas simples e práticas, na linha "Como planejo minha mudança de cidade sem quebrar? Como organizar melhor o tempo pra cuidar de meu filho? Como lidar com o diagnóstico de uma doença grave?" ?
Queremos tratar também de dificuldades práticas enfrentadas por nós no dia-a-dia.
Então, quem tiver questões nessa linha, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.
Essa Mentoria é incrível. Onde encontro as perguntas anteriores?
Basta entrar na coleção Mentoria PdH.
J., um presente pra você:
Vamos te enviar por email o ebook "As 25 maiores crises dos homens — e como superá-las", produzido pelo PdH.
Se deseja adquirir ou presentear alguém que possa se beneficiar, compre a sua edição aqui.
Para conhecer mais sobre o conteúdo do livro e tudo que vai encontrar lá dentro, leia esse texto.
Ao comprar o livro, você também ajuda a manter o PapodeHomem vivo.
Nosso rendimento com anúncios caiu drasticamente nos últimos dois anos, assim como aconteceu com toda a indústria jornalística, no Brasil e no mundo (a verba agora se concentra no Facebook e no Google). Como o que fazemos é para vocês e não para gerar o maior número de clicks com textos vazios, essa ajuda é essencial para nossa sustentabilidade.
Seja um Membro PdH
Você também pode apoiar o PapodeHomem fazendo parte do nosso financiamento coletivo pelo Catarse. Apoie o PdH e nos ajude a continuar beneficiando 1,5 milhão de pessoas todos os meses.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.