Começaram as vendas do Samsung Galaxy S4 no Brasil, mas este post não é exatamente sobre tecnologia.
Em março convidaram o PapodeHomem para o show de lançamento mundial e primeira apresentação do smartphone — “Unpacked 2013”, agora disponível online — no Radio City Music Hall, em Nova Iorque. Sei lá por que fui eu o escolhido para tal viagem, junto com cerca de 50 jornalistas (Terra, Folha, UOL, Galileo, Globo, sites de tecnologia) e parceiros da Samsung Brasil.
Compartilho aqui minhas impressões em notas dispersas. Para não frustrar quem só quer saber do Galaxy S4, reuni tudo o que você precisa saber no segundo bloco.
Mimos, mundo dos deuses e jornalismo estranho em Manhattan
1. O pessoal da Samsung comprou passagens da classe executiva para quase todos. Não peguei fila no check-in e conheci a sala VIP “Admirals Club”: enorme, tudo de graça, mas cheia de pessoas com cara de tédio. Parece que quanto mais a gente aposta em estímulos (experiências, pessoas, riquezas) para nos satisfazer, maior a insatisfação.
2. Com esse lance de classe executiva, a gente pode entrar primeiro no avião. E ganha um assento numa área diferente, com mais espaço e firulas. Há um controle cheio de setas e posições para regular a poltrona até praticamente deitá-la. E não precisamos comer junto com os outros. Dá para ser mimado, comer a hora que quiser, escolher entre diferentes pratos, entradas, sobremesas, bebidas. Tomei muito vinho, meio que para reduzir a pressão da realidade, bem nítida, como uma voz ao meu redor: “Isso custa caro, aproveite, aproveite, seja feliz, isso custa caro, é isso o que muitos desejam, aproveite!”.
3. Às 4h30 estava esperando abrirem o portão do metrô Vila Madalena. Às 21h estava andando pela Broadway, ouvindo seres falarem russo, mandarim, francês, espanhol, tudo ao mesmo tempo. Chorei. O mundo é gigante mesmo. Há muitos seres vivendo outras vidas em outras realidades, mesmo, pra valer, assim como a gente via na TV e agora vê na internet.
4. Fiquei no hotel The Setai Fifth Avenue. É um hotel tão caro, mas tão caro que qualquer mendigo pode entrar, desde que seguro de si, já que ninguém vai questionar alguém que age como se fosse um hóspede — seria deselegante, constrangedor. Vivemos na sociedade do espetáculo: para ser, basta parecer ser.
5.Manhattan é um bairro feito só com Avenidas Paulistas.
6. Fui acostumado a ser pobre e pagar por cada coisa: diária do hotel, água no frigobar, uma a uma, pegando e pagando. Quando o ato de pagar está próximo da experiência em si você é lembrado de novo e de novo de que não é especial, de que só conseguiu aquilo porque pagou. Nessa viagem descobri que o mundo dos ricos funciona de outro jeito: eles pagam tudo de uma só vez para esquecer que pagaram. (Como eu não paguei por nada, isso ficou ainda mais evidente, já que eu não tinha nem do que esquecer.) Assim aumenta a sensação de poder: as pessoas não me tratavam bem porque alguém pagou por isso, não, imagina, as pessoas me tratavam bem porque elas gostaram de mim! Não paguei pela máquina de Nespresso no meu quarto ou por qualquer coisa que eu consumia no frigobar: consegui tudo isso porque eu mereço, eu sou especial.
7. Dentro do teatro do Radio City Music Hall, fiquei perto de um grupo de empresários. Em menos de um minuto, juro, ouvi “No way”, “Crazy shit”, “Fun” e “That’s awesome” de um mesmo cara. E não era ele quem estava falando. Isso foram só comentários que interrompiam o outro a todo momento. No curso de TaKeTiNa meu professor insistia: americanos em geral falam rápido demais e muitos de modo histérico, sem relaxamento algum. Não sei se são só os americanos.
8. Havia poucas mulheres no evento. Não por acaso uma delas publicou esse relato.
9. Alguns jornalistas brasileiros deixaram de comer e beber de graça no belo restaurante Buddakan para conseguir entregar a matéria a tempo. Ora, a pessoa que vai num evento desses é a que tem menos tempo e menos condições de pesquisar pelas especificações técnicas e comentar a noite de lançamento… Em alguns casos uma matéria bem mais completa saiu antes por um colega do mesmo veículo que ficou na redação vendo tudo via streaming. Ainda assim, há uma pressão dos editores e um estresse coletivo entre os repórteres, buscando desesperadamente por wi-fi. O cara vai lá pela experiência mas tem de entregar uma matéria fria (só que chamam de quente) cujo único diferencial de ele estar lá é ele poder assinar “De Nova Iorque” em vez de “De São Paulo”. O jornalismo anda muito estranho.
10. O metrô de São Paulo deveria ter tantos artistas e músicos quanto o metrô de Nova Iorque.
Samsung Galaxy S4: o que você precisa saber
O S4 é realmente um artefato de magia:
A Samsung chama o aparelho de “life companion”. Para o bem e para o mal, eles estão certos: nosso refúgio atual é a ciência e a tecnologia, e o ponto de maior aproximação entre nossa vida e a tecnologia é o smartphone. É ele, mais do que nosso maior amigo, que está bem perto em todos os momentos. Volto a isso no próximo bloco.
Agora deixo as especificações técnicas:
- Android 4.2.2 Jelly Bean
- Processador Octa-Core Exynos 5 1,7GHZ (ou 1.9Ghz Qualcomm Snapdragon 600 1.9 GHz)
- Tela Gorilla Glass 3 Super Amoled 5″ Full HD (1080×1920, 441 dpi)
- GPU: PowerVR SGX 544MP
- RAM: 2GB
- Armazenamento: 16/32/64 GB com microSD expansível até 64GB
- Bateria: Li-Ion 2600 mAh
- Câmera principal: 13 MP, 4128 x 3096 pixels, autofocus, LED flash
- Câmera frontal: 2 MP, 1080p@30fps, dual video call
- Vídeo: 1080p@60fps, 1080p@30fps, gravação instantânea das duas câmeras, com os codecs MPEG4, H.264, H.263, DivX, DivX3.11, VC-1, VP8, WMV7/8, Sorenson Spark, HEVC
- Áudio: codecs MP3, AMR-NB/WB, AAC/AAC+/eAAC+, WMA, OGG, FLAC, AC-3, apt-X
- Sensores: acelerômetro, luz RGB, geomagnético, proximidade, giroscópio, barômetro, temperatura e umidade, gestos
- Conectividade: WiFi 802.11 a/b/g/n/ac (HT80), GPS / GLONASS, NFC, Bluetooth® 4.0 (LE), IR LED (Remote Control), MHL 2.0
- Dimensões: 136.6 x 69.8 x 7.9 mm
- Peso: 130g
E os recursos especiais:
- Air gesture: dá para comandar com movimentos da mão
- Air view: dá para comandar só chegando perto com o dedo, sem encostar
- S Translator: tradutor instantâneo de texto e voz com suporte a pt-br
- Smart scroll: faz a rolagem das páginas apenas inclinando o aparelho para frente ou para trás
- S voice: o S4 lê suas mensagens quando você está dirigindo
- Smart pause: sensor pausa o vídeo quando você vira a cabeça
- Drama shot: dá reunir diversos frames de algo em movimento em uma só imagem
- Dual camera: você pode filmar com as duas ao mesmo tempo (e se inserir em fotos também)
- Sound & Shot: as fotos podem ter trilhas sonoras (gravadas no momento do flash)
- Eraser shot: você pode remover qualquer elemento que estragou a foto que acabou de tirar
- S Health: os sensores podem meditar temperatura ambiente, umidade da sala e com acessórios é possível monitorar pressão, batimentos cardíacos e números de passos por dia
- Group play: dá para amplificar a mesma música em vários S4 (um vira subwoofer, dois viram caixas stereo etc)
- Samsung hub: conecta com TV e pode acessar dados em um HD na sua casa ou na nuvem
- Samsung Knox: para empresas gerenciarem dados profissionais nos celulares dos funcionários (com criptografia e de modo que eles não se misturem com os pessoais)
Mais:
O S4 é também fabricado no Brasil, em Campinas e Manaus. O preço sugerido do aparelho desbloqueado é de R$ 2.399 (3G) e R$ 2.499 (4G). Mas você encontra mais barato por aí.
Companheiro de qual vida mesmo?
Penso que já passamos do ponto de discutir sobre as influências da tecnologia em nossas vidas. Boa parte do que chamamos de “tecnologia” é inseparável do que chamamos de “vida”.
Uma conversa mais interessante, da qual gostaria de participar, começa com a seguinte inversão: “Como nossas vidas vão influenciar a tecnologia? Estamos investigando em primeira pessoa nossa mente, nosso corpo, nosso modo de se relacionar? Como usaremos os mil recursos já existentes para efetivamente escancarar nossas vidas isoladas, causar menos sofrimento, não cultivar uma mente distraída e aflita, cuidar mais uns dos outros, conversar sobre o que realmente importa, nos transformarmos em seres humanos 4.0?”.
Se o ser humano fosse atualizado com a mesma velocidade do Android OS, com certeza o mundo seria bem diferente. Talvez chegaríamos ao ponto de fazer mais eventos como esse, convocando gente de todo o mundo, pagando por passagens executivas e hotéis caros, para se reunir no Radio Music City Hall em Nova Iorque e apresentar os novos features humanos:
- um novo processador de sabedoria,
- mais capacidade de compaixão,
- mente full HD,
- maior conexão entre redes e projetos,
- novos filtros emocionais e busca melhorada,
- corpo com mais potência e estamina,
- escuta aprimorada,
- software de relacionamentos com 150 codecs,
- fala poderosa,
- menos lixo na memória,
- menos travamentos…
Para continuar na metáfora, eu diria que a gente passa muito tempo coletando dados em vez de se dedicar a mudar o software pelo qual operamos na vida. Queria muito ver isso sendo feito em paralelo com a mesma intensidade das inovações tecnológicas. É com essa aspiração que termino este breve relato.
Abração!
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