Em 25 de abril, o Ministro da Educação falava a jornalistas sobre escolas infantis em assentamentos da reforma agrária, quando o presidente Jair Bolsonaro tomou a palavra para mostrar sua preocupação com o câncer de pênis.
Bolsonaro afirmou que a neoplasia era consequência da má-higiene genital masculina e destacou a necessidade de conscientizar os homens sobre “o que eles têm que fazer”.
Como já escrevi por aqui, de acordo com o DATASUS/TABNET, 408 homens morreram dessa doença no ano de 2016 – para comparação, 15.900 homens morreram de câncer de pulmão e 14.926 de câncer de próstata no mesmo período. Estima-se que cerca de mil homens tenham o pênis amputado a cada ano no país por conta da neoplasia.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pênis é um tumor raro, correspondendo a 2% dos casos de câncer masculinos. Ele é mais comum entre homens a partir dos 50 anos e é mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.
A doença costuma se apresentar com uma ferida persistente ou um nódulo na glande, prepúcio ou corpo do pênis; a ferida pode apresentar uma secreção fétida e pode haver ínguas nas virilhas.
O presidente afirmou, há um ano, que “nós, homens, somos relaxados. Mulher, não. Tá sempre se limpando. Nós, homens, jogamos uma cerveja no piu-piu e tá limpo. Isso é o que o povo faz”.
A sujeira acumulada no pênis, especialmente na glande, sob o prepúcio, favorece o desenvolvimento de câncer; por isso, a higiene regular com água e sabão, puxando o prepúcio e limpando a glande, é uma forma de preveni-lo. Convém lembrar que quase 20% da população brasileira não tem acesso a água potável.
Outro fator que favorece essa neoplasia é a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). Além dos cânceres de colo uterino, vulva e ânus, alguns tipos de HPV estão associados ao câncer de pênis. Para evitar a infecção pelo HPV, é necessário usar preservativo nas relações sexuais.
Assim, são duas as formas de prevenir o câncer de pênis: realizar uma higiene genital adequada e usar preservativo.
Ou seja, para “conscientizar” os homens, é preciso falar abertamente sobre sexualidade – um tema bastante espinhoso ultimamente.
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