Ocasionalmente, encontro-me com um rapaz ou outro, que é bonito, inteligente, interessante, bom de papo e… dúbio em relação ao tamanho do próprio pinto.
Faço questão de deixar bem claro que essa é uma preocupação relativamente frequente; não é trauma de moleque, ou mimimi de adolescente inseguro. É uma fragilidade masculina real. Não que afete todos os machos, porém é bem mais recorrente do que se possa imaginar. Diria até que é equivalente ao trauma feminino de “Tô gorda”. Inseguranças em relação à auto-imagem sempre vão existir, em ambos os sexos.
Este é um pequeno assunto que tem, geralmente, entre 10 e 20 centímetros de enorme relevância. Diz respeito não apenas a centímetros cúbicos cilíndricos ostentados sob suas veias parrudas e enrijecidas, mas a toda a sua presença como macho. Ter dúvidas em relação ao seu próprio pau é ter dúvidas em relação ao seu desempenho como ser humano – e isso, meu amigo, é próprio da natureza de todos nós.
As perguntas continuam como se nenhuma resposta fosse suficiente
Quando eu ainda era colunista do Ato ou Efeito, recebia muitos (muitos!) emails de leitores. Elogios, xingamentos, cantadas, obscenidades e, principalmente, dúvidas. E problemas. E questões que eu nunca pude resolver. Eis alguns resultados da busca pela palavra “tamanho” na minha antiga caixa de entrada:
Bel: desvirginando mocinhos inocentes e dizendo que era crente, mas não sabia rezar de maneira indireta desde 1986. Mas vamos ao trecho relevante do segundo email, já que ele fez uma pergunta direta que merece uma resposta direta.
Tamanho é ou não documento?
Eu realmente lamento se você é portador de um giz de cera, mas a resposta é sim, tamanho é documento. Suma daqui com essa sua piroquinha minúscula e ridícula e de míseros 15cm daqui, xô (já mencionei que minha sensibilidade é a minha maior qualidade?).
Antes de você fechar essa janela e ir cortar os pulsos de decepção ou mandar um email xingando a minha mãe, deixe-me acrescentar que esse “sim, tamanho é documento” não é um “sim” absoluto. Pra começo de conversa, esse tamanho a que me refiro não se trata de comprimento, e sim de diâmetro. Citando uma velha amiga minha, pau curtinho dá pra encarar, mas rola fina é foda.
Amiga S.: Rola fina é foda. Fato.
Bel: Hahahaha, também acho.
Amiga S.: Tem nem o que dizer, meu, é aquilo tudo. To até pra dizer que quando o treco é grande demais (extrapolando os aceitáveis 23cm), dá vontade de pedir pra dobrar ao meio, visando maior conforto. Já tive essa vontade e tal.
[Conversa real com a antiga revisora do AoE, após a mesma ler o rascunho deste texto]
Eu vou contar um negócio pra vocês. Você já ouviu falar em absorvente interno? O.B.? Tampax? Sabe o que é, né? É uma rolha que a mulher põe lá no útero durante seu ciclo menstrual, diferente dos absorventes “tradicionais” que são de colocar na calcinha.
Pois bem, o absorvente interno é colocado (com o dedo, geralmente) lááá dentro da caverninha, no colo do útero, à distância de um dedo indicador da entrada da vagina. Pois bem, depois que a gente coloca o absorvente interno, a mulherada pode correr, pular, sentar, levantar e agachar que ela não sente, de forma alguma, o absorvente dentro dela. Se sentir algo incomodando é porque colocou do jeito errado ou não empurrou o suficiente, já que o absorvente interno foi feito pra não ser sentido.
Como vocês sabem (espero), o canal vaginal não é todo sensível, só os primeiros 4 ou 5 centímetros. Cara, estamos falando de um dedo indicador. Não é possível que seu pinto seja menor que meu dedo indicador. Se for, aí sim você pode fechar a janela e ir cortar os pulsos de decepção, mas eu garanto que meu instrumento é menor. Segundo a régua do Microsoft Word, possuo 7,5 cm de dedo indicador. E ainda assim, a vagina sente menos que isso.
Em verdade vos digo: diâmetro é documento. O comprimento nem tanto, só serve pra impressionar na primeira tateada.
Homem-latinha-de-Red-Bull
Outro email:
Ainda assim, devo ressaltar: o diâmetro é documento, mas não é o documento mais importante. Eis aqui um trecho da minha resposta para a amiga G.:
“Bem, o que eu posso dizer sobre seu email é: homem com pau grande tem aos montes. Homem que te trata bem é coisa rara. Vide seu ex cafajeste, né não?
Se o material do atual é tão mais-ou-menos assim, ele não é burro, deve saber que não é lá grandes coisas. Experimenta levar um vibrador pra brincar com vocês. Deixe bem claro que é pra usar em você logo de cara, hein? Vai que você assusta… ou empolga o cara!
Relatos me dizem que funciona, até porque geralmente o cara não-tão-dotado sabe que não é bem dotado e tal… daí acaba compreendendo e aproveitando a situação. Definitivamente, tamanho só é documento se for foda de uma noite. Quando rola sentimento e carinho, o tamanho é o de menos. Né não? :)”
Ou seja, caros amigos rola-fina: mais vale um mini-pau gente boa que um berinjelão cujo pinto grande é a maior qualidade. Se seu melhor atrativo pode ser medido em centímetros, você não passa de um babaca biologicamente sortudo. É o mesmo princípio das mulheres-melancias/melões/morangos: se o que elas têm de melhor a oferecer para o seu parceiro e para o mundo é o corpo, a bunda empinada e os mamilos de fora, meus parabéns: o mais longe que se chega nessa situação é nas páginas das revistas de mulher pelada. Pelo menos elas recebem mais dinheiro e de maneira mais fácil do que eu. Droga, odeio ter que rever meus conceitos.
Vocês sabem tanto quanto eu que mulher é bicho burro, e é mais burro ainda quando tá apaixonado. E nem precisa estar apaixonada, pra dizer bem a verdade. Veja bem, se eu conheço um cara que é sexy, gente boa, engraçado, inteligente, rico galanteador, gentil e interessante, pouco me importa se ele tem pau grande ou pau pequeno. Uma parte do corpo boa pode ser o suficiente pra um homem querer comer uma mulher, mas não basta ter um extintor de incêndio pra mulher querer comer o homem.
Como já me ensinou a mamãe, quando eu tinha uns 16 anos e ainda era virgem, “Não importa o tamanho, e sim o movimento”. Mãe sabe de tudo, né?
Historinha da minha vida privada, que é uma comédia.
Era uma vez eu, que conheci um cara baixinho e magrinho. A minha experiência de vida me diz que são justamente os baixinhos e magrinhos que possuem os menores instrumentos, apesar de que já vi gordinhos bem miudinhos também… Enfim, o cara tava me xavecando e era uma gracinha etc e tal. Beijo pra cá, beijo pra lá, e no meio do vuco-vuco quem é que fica pensando “Aaai, não vai rolar por que ele deve ter uma minhoquinha de nada”? Eu é que não. Uma mulher tem que ser muito escrota pra levar em consideração apenas o tamanho do charuto, tal qual aquelas que só levam em consideração o carro ou o salário do cara.
Pra minha sorte, Deus viu que eu estava sendo uma boa samaritana e me compensou com uma senhora latinha de Red Bull. Ainda assim, teria acontecido mesmo se eu fosse castigada com um quiabo. E mesmo a minha experiência com quiabos não é de todo ruim, pelo contrário. Como eu disse pra G., homem-quiabo geralmente sabe que não é bem dotado e capricha bem no resto.
Digamos então, que, da mesma forma que você adora uma mina peituda mas o tamanho dos peitos não é fator decisivo, a gente também gosta de uma jabulani grandona, mas é como se fosse um mega bônus, e não o conteúdo principal. É nessas horas que a gente vê que alguns ditos populares estão sempre certos: “Não importa o tamanho da varinha, e sim a mágica que ela faz”.
Abracadabra, amigos.
* Texto publicado originalmente no extinto blog “Ato ou Efeito”, reeditado e complementado para o PapodeHomem.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.