Você sabe o que é uma empena cega?

Nós vamos te dizer, mas cuidado, que é como quando você tem um filho e começa a achar que o mundo está sendo dominado por carrinhos de bebês. Empenas cegas são aquelas fachadas sem nenhuma janela e sem nenhum acabamento que ocupam um lado inteiro de um prédio. Às vezes dois.

E tome tapa de parede branca na cara. Todo o tempo

Na verdade, as empenas cegas — as “medianeras” do filme argentino — são resultado de uma legislação específica de meados do século passado, quando ainda se acreditava que ventos do sul deixavam as pessoas doentes. De lá pra cá (sim, bastante tempo), as leis mudaram e o que sobrou foi um monte de prédio esbanjando empenas por aí, que geralmente eram aproveitadas para gigantescos (e caros) painéis publicitários. Até a Lei Cidade Limpa.

Depois disso, as empenas ficaram abandonadas e raríssimas exceções trataram de destiná-las a um fim nobre, geralmente como suporte de grafites ou murais abstratos.

Mas diante de tanto problema, de toda poluição, do barulho, do ar seco do inverno, além da feiúra que lhes é própria, surgiu para esses patinhos feios um uso, digamos, multifuncional.

Aliás, acreditamos que o futuro é multifuncional.

Por que não usarmos essas paredes que dominam nossa paisagem para reduzir o ruído, a poluição e a secura do ambiente? E por que não, ao mesmo tempo, aumentar a biodiversidade urbana, tendo mais pássaros cantando na janela da nossa casa? E ainda, por que não fazer com que tudo isso tenha um visual impressionantemente impactante (desculpem essa expressão pleonástica, mas o negócio é realmente impressionante)?

Bom, aqui você já deve estar achando que vamos começar a falar de discos voadores ou coisa que o valha! Mas é bem mais simples.

O que propomos é instalar uma estrutura que chamamos de jardim vertical: é um conjunto bastante simples de componentes que permitem que se crie um jardim em qualquer superfície vertical, sem limites de tamanho e local.

A famigerada empena passa a ser, então, nossa grande aliada. Ela fornece um espaço precioso que nos permite espalhar esses “parques verticais” por toda a cidade, multiplicando os efeitos positivos das plantas e tornando a cidade um pouquinho melhor.

Leia também  Nunca sabemos o que vai excitar o outro

Já existe coisa parecida, feita de forma pontual, em outras cidades do mundo. Mas é a primeira vez que se pensa em adotar o jardins verticais como solução urbana em larga escala. Veja só como fica:

Hotel Athenaeum, em Londres

E como vamos fazer isso? Em primeiro lugar, organizamos o Movimento 90°, para articularmos todas as pessoas necessárias para levar o projeto pra frente. Agora estamos numa fase avançada, partindo para a execução do primeiro “parque vertical”. Colocaremos 260 metros quadrados de plantas exuberantes, num custo estimado de R$ 150.000,00, bem no centro de São Paulo.

Para isso, vamos precisar de muito mais gente. Pessoas que acreditam no Movimento 90°, mas também pessoas que querem uma cidade mais limpa, silenciosa, agradável e bonita; ou seja, melhor.

Depois, vamos caçar mais empenas cegas. Tem muita ainda por aí.

Mais exemplos de Jardins verticais

Importante: embora seja uma dúvida frequente, o custo de manutenção de um jardim vertical bem feito é insignificante.

Basicamente acontece a inspeção visual de um técnico a cada mês ou 3 meses, conforme o estágio e o andamento do jardim. A alimentação é feita com um reservatório de fertilizantes ligado ao sistema de irrigação, que é automatizado. Eventualmente (e principalmente), no começo, é necessária a troca de algumas plantas, mas isso nao é regra.

Além disso, a quantidade de água utilizada também é mínima, uma vez que o sistema é automatizado e só libera a quantidade estritamente necessária. É importante também dizer que há certa diversidade de técnicas de jardim vertical, cada qual com suas especificidades. O Movimento 90° não pretende advogar a favor de uma nem de outra.

O que realmente importa é o produto final, que nos dá a possibilidade de pensar uma cidade mais verde do que a principio poderíamos imaginar.

Gostou? Participe!

Link Vimeo

Nota do editor: pessoal, quem curtiu a ideia e quer participar de algum modo, pode começar vendo a página do Movimento 90° na Benfeitoria (crowndfunding) e, se empolgar, ajudar os caras e o projeto em si.

João Pedro