Henrique Avancini é o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial de mountain bike. Ele assumiu a posição número 1 do ranking em outubro, depois de ganhar uma nova etapa da copa do mundo e de ultrapassar, no campeonato mundial, o ciclista suíço que ocupava a liderança da lista.

Segundo o atleta, 19 foi o ano do planejamento olímpico. Os treinos de campo começaram em janeiro e a evolução foi sendo sentida pela equipe. Henrique conta que começou 2020 sentindo que o plano estava indo conforme o esperado: o trabalho com a equipe e a recuperação com fisioterapeutas evoluía a passos largos. 

“Sentia que estava extraindo o melhor do ano”, diz o ciclista que entrou no ano cheio de certezas, mas teve seus planos profundamente alterados pela pandemia de covid-19

Ficou isolado num sítio em Petrópolis para treinar sozinho e trabalhar a concentração. Ao longo da temporada de isolamento, o ciclista relatou e registrou suas expectativas, frustrações, motivações e a rotina de volta aos treinos em um mini documentário intitulado “A espera”.

“O tempo inteiro vocês tem que adaptar a sua estratégia” 

Aqui vai o vídeo para quem quiser mergulhar nessa jornada de ser um atleta em tempos de pandemia: 

 

“Achei que era o que eu buscava, que era consistência: que era me tornar um cara top, mas não eventualmente”

Avancini retoma que estreou a temporada de 2020 competindo em dupla na Cape Epic com seu maior concorrente e grande amigo, Manoel Fumic. Era a última prova da carreira de Manoel, e foi o alemão que levou a vitória.

Avancini desabafa sobre o baque que foi pensar encarar os cancelamentos das olimpíadas, campeonatos e competições locais e também relata quais foram suas estratégias para planejar e lidar com todas as mudanças de planos que 2020 impôs

“O que eu tenho que fazer nesse período agora é me reinventar, melhorar no que eu sou bom, melhorar no que eu não sou bom e criar coisas novas nas quais eu preciso ser bom também

Eu aprendi isso na minha vida como atleta: a não ter medo de se frustrar e aceitar certas frustrações

Eu investi cada vez mais em algo que eu acreditava: eu posso controlar em algumas poucas coisas na minha vida e uma delas é tentar ser alguém melhor, tentar melhorar como atleta e pra isso eu preciso só do mínimo, eu não preciso estar viajando nem competindo, eu consigo me adaptar fazendo coisas simples.

Quando eu comecei a crescer, eu comecei a adotar um princípio de simplificar o que é complexo, eu tento descomplicar um pouco as coisas pra mim e pras pessoas a minha volta e simplificar ao máximo e isso foi minha força motriz se tornou minha motivação para todo esse período, agora eu tenho tempo, eu tenho menos obrigações do que eu teria normalmente, eu tenho as mínimas condições para continuar fazendo o que eu faço e há uma grande chance pra eu fazer melhor do que eu jamais fiz antes.”

A importância do trabalho coletivo

Mesmo sendo um esporte individual, Henrique aponta a importância do trabalho coletivo do equilíbrio entre manter contato, as trocas o compartilhamento, sem abrir mão da necessidade de treinos mais solitários, introspecção e autoconhecimento.

“Todo mundo quer ser o melhor do mundo quando está na frente do público da mídia, mas querer ser o melhor do mundo quando você está sozinho nas florestas ou nas montanhas é diferente. É isso que faz a diferença”