Pobre Eike. Sem trocadilhos.
Eike despenca de 7º para 100º em lista da ‘Forbes’
O empresário Eike Batista despencou da 7ª para a 100ª posição na nova edição da lista de bilionários da revista “Forbes”, que continua tendo o mexicano Carlos Slim como o homem mais rico do mundo.
O brasileiro perdeu US$ 19,4 bilhões –maior prejuízo do ano– por causa da desvalorização das ações das suas empresas de mineração, energia, e construção naval. A fortuna de Eike foi estimada pela “Forbes” em US$ 10,6 bilhões.
Folha de S. Paulo
Espero que assim não seja, mas, ao analisar o andar da carruagem, pode ser que, de grão em grão, os bilhões se transformem em milhões, quem sabe milhares e, numa maré tremenda de azar, o nosso expoente máximo de poder financeiro acabe sendo, enfim, mais um entre tantos. Um assalariado, talvez. Um moço de sei lá quantos anos contando com “aquele a mais” das horas extras. Uniforme, ponto pra bater. Imagine um filme com produção da Walt Disney, mas sem o final miraculoso e feliz, mas apenas a mais dura verdade de um ricaço que, de verdade, quebrou.
Eu imagino claramente o coitado às mínguas chorando as pitangas diante do leite derramado enquanto, agora, só lhe resta dez bilhões de doletas pra torrar. Sozinho, só e solitário, Eike vai se distrair no supermercado procurando uma latinha que possa conter seu nome numa tentativa lastimável de se sentir pertencendo a alguma coisa, a alguém, mesmo que esse alguém seja o tal cara que bota os nomes nas latas. Aumentando a frustração, nosso tristonho protagonista vara a madrugada chuvosa martelando: “não, claro que não tem o nome merda na porra da lata”.
Nós te entendemos, amigo Eike. Nós, que empunhamos machados de dois gumes e botamos abaixo o nosso labor, dia após dia, calejando, sustentando nossos singelos vilarejos. Não é porque não temos os iates, as mansões, as namoradas gostosas e os filhos com vasectomia que não podemos ser ouvintes das suas lamúrias.
Antes de tudo, somos cavalheiros.
Nossas biroscas são sujas sim, a canção de corno que retumba do banheiro à porta de saída é brega sim, a cachaça é barata e da pior estirpe e a luz fúcsia não tem lá o melhor dos gostos. Mas, cacete, somos homens com bastante perdas pra imaginar o seu terror ao descer degraus e mais degraus nessa lista de mais ricos do mundo. Pobre Eike…
… nosso pequeno Eike, nariz sujo, olhos inchados. Cá estamos, nós, lenhadores, prontos pra ouvir a sua ruína, os teus desenganos. Se faz necessária apenas a sua vontade de fugir, nem que por alguns instantes, do teu reduto abastado, do teu palacete dourado e vir aqui, nas longínquas floresta do Oregon, pra secar uma garrafa, pra cantar junto com o Reginaldo ou fazer segunda voz com o clássico do Waldick. Basta a genuína vontade de voar até aqui (sim, sabemos que, mesmo menos rico, você ainda voa) e se juntar a essa gente pequenina na conta bancária, mas agigantadas nas conversas do coração.
Estamos contigo, menino Eike.
Se você, por ventura, virar um de nós, é só colar.
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