Um belo dia recebo um e-mail mais ou menos assim:
“Precisamos mandar alguém para uma trip da Toyota que vai do Rio de Janeiro a Recife pelo litoral. São aproximadamente 3.000 km em 10 dias. Topas?”.
No roteiro lugares paradisíacos como Trancoso, Praia do Forte e Maragogi, programas como mergulho em recifes de corais e passeios de barco no habitat natural do peixe-boi. Além da companhia de outros blogueiros gente finíssima e várias facilidades que a marca nos proporcionaria nos momentos em que não estivéssemos na estrada. Como dizer não?
Arrumei a mala e parti às 05:30 da matina rumo ao Rio de Janeiro, destino inicial da viagem. Chegando lá fomos direto para uma concessionária Toyota onde seria feita a entrega técnica dos carros, todos zero quilômetro, equipados com GPS e um sistema de leitura e carregamento de iPhone que lê toda sua biblioteca de músicas.
Dali, nossa missão era atravessar seis estados brasileiros: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Eis os seis desbravadores: Vicente Carvalho (Hypeness), Renê Fraga (Autoblog), Pedro Ivo Faro (Novidades Automotivas), Renato Maia (Falando de Carro) Juniorwm (o Dr. Drinks do Papo de Homem) e Ewerton Oliveira (Moda para Homens).
Depois de uma carga total das baterias, pegamos a estrada rumo ao primeiro ponto de parada: almoço em Rio das Ostras, cidade do litoral fluminense quase na divisa com o Espírito Santo.
O GPS, apesar de funcionar muito bem o tempo todo, não avalia as condições das via que indica. Isso nos fez perder um tempinho apreciando a bela paisagem da cidade até achar um caminho que não oferecesse riscos à estrutura e condições do carro. Afinal, quem precisa de um problema no primeiro dia de uma viagem dessas?
Para fazer a digestão da primeira orgia gastronômica, rodamos aproximadamente 400 km até Guarapari, o que nos fez aproveitar pouco a cidade, uma vez que rodamos até a noite e o cansaço bateu forte.
No dia seguinte acordamos cedinho para rodar até Conceição da Barra, no norte do Espírito Santo e ao lado da famosa praia de Itaúnas, onde pretendíamos acelerar à beira-mar.
Então, veio a primeira desilusão: as estradas do Espírito Santo estão entre as piores que já andei na vida. Há excesso de caminhões que, devido ao fato de as estradas por lá não serem duplicadas e ainda em constantes obras de recapeamento, fez com que nosso trecho de pouco mais de 300 km durasse quase o dia todo.
Quis o destino que num desses trechos interrompidos víssemos o primeiro acidente na estrada. Infelizmente, com uma vítima fatal. Isso diminuiu um pouco a alegria da tropa. Se deparar com a morte pode gerar momentos de reflexão sobre própria vida, por isso passamos o resto da viagem mais calados. Parece que esse sentimento fica ainda mais intenso quando se fica preso numa estrada completamente parada por duas ou três horas.
Quanto mais próximo da linha do Equador se está, mais cedo anoitece e o mesmo acontece com o amanhecer. Perto das 20:00 horas, quando chegamos à Conceição da Barra, já parecia madrugada. Cidade praticamente deserta fora da alta temporada, nada restou além de um banho noturno na piscina do hotel e uma boa noite de sono.
Estava empolgadíssimo no terceiro dia. Nosso destino era Trancoso–BA, cidade pela qual tenho profundo carinho. Nesse ponto, completaríamos um terço da viagem, ou seja, os primeiros 1.000 km. Pra mim, nada melhor que comemorar com um relaxante banho nas águas mornas desse paraíso. Chegamos em meio a um belo final de tarde e nem descarregamos os carros. Todo mundo foi direto pro mar.
Trancoso no verão é cheia de gente linda e feliz, vinda de todas as partes do mundo. No inverno a coisa é bem diferente. À noite, quando fomos jantar, dava até pena de ver o lugar conhecido como “Quadrado”, pois haviam diversos estabelecimentos abertos sem um único cliente. Nem dá pra dizer que zeramos na balada, Trancoso zerou a balada. Mas mesmo assim não perdeu seu encanto, mística e suas praias maravilhosas.
Nos despedimos de Trancoso em direção a Ilhéus–BA. Hoje em dia a cidade não lembra o cenário da história de amor entre Seu Nassib e Gabriela. Para piorar ainda mais, o sol se escondeu dando lugar a um dia cinza e chuvoso. Como o intuito era apenas descansar para repor as energias e dirigir até Praia do Forte, então tudo bem.
De Ilhéus rumamos para Praia do Forte, onde encaramos dois dias de chuva. Pausa para descanso, colocar o sono em dia e curtir a piscina com paisagismo inspirado em locais como Bali e Taiti.
O dia seguinte nos reservara outro grande desafio: atravessar o estado de Sergipe. Ultrapassamos a fronteira com a Bahia já era noite. As estradas em obras e extremamente mal sinalizadas foram um show à parte. Mas como era mais uma parada “come e dorme”, no final tudo se resolveu.
Digno de nota, o hotel em que ficamos era incrível e com uma pegada toda sustentável. Esta é minha lembrança mais marcante das menos de doze horas que passamos em Aracaju.
Nos últimos dias de viagem a agenda estava um pouco mais a nosso favor. Dia de folga em Maragogi, visita a duas áreas de proteção ambiental mantidas pela Toyota e uma delas com direito a mergulho em recifes de corais. Animal!
Áreas de proteção ambiental
Nos últimos dias de viagem fomos conhecer projetos de proteção ambiental mantidos pela Toyota em Japaratinga–AL (Peixe-boi) e Tamandaré–PE (Costa dos Corais). Ambas localizadas em santuários naturais preservados, cujo comprometimento das comunidades locais para a preservação são extremamente relevantes para a perpetuação das espécies que neles habitam e para o desenvolvimento sustentável da vida nesses locais.
Fiz o vídeo abaixo durante o mergulho. Tem menos de um minuto mas dá bem para se ter uma ideia do quão incrível foi essa experiência. Sou muito fã de mergulho e esperava muito por esse dia.
Para fechar os 3000km da expedição, fomos recebidos na concessionária Toyolex em Recife. Inaugurada no final do ano passado, a construção foi toda baseada em princípios sustentáveis como sistema de reutilização de águas, aproveitamento de luz natural e uso de energia solar.
Depois de darmos entrevistas para a mídia local, era hora de nos despedirmos dessa aventura que, sem a menor sombra de dúvidas, nos gerou grandes amizades, lembranças incríveis e o despertar da importância para a consciência de que vivemos todos interligados.
Por mais que estejamos a milhares de quilômetros uns dos outros, dependemos das atitudes de todos em um âmbito global.
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