Um amigo meu disse que morreu de vergonha quando teve de ir ao médico para ver uma dor no pau e o doutor ficou manipulando a rola dele. "Fiquei pensando em gato morto, essas porras", ele disse, numa tentativa boba de não ter uma ereção. Não tinha nenhuma motivação sexual envolvida, mas imagina a vergonha que seria se ficasse duro na frente do médico? O que diria pro profissional que estava lá para ver uma doença?
Quanta besteira. Eu, aos 13, tive dores no saco e fui fazer um exame. Um médico e uma enfermeira fazendo ultrassom, jogando o que eu tinha ainda garoto pra um lado e pro outro. Eu morri de medo da mesma vergonha do meu amigo. No bar, mais dois passaram pela mesma situação.
E todos os homens que lerem esse artigo e seus amigos e parentes tiveram ou terão o mesmo imbróglio, a mesma adversidade. Isso vai fortalecer a resistência do homem de procurar ajuda médica quando algo está claramente errado. Vai potencializar a teimosia na hora do auxílio hospitalar. Um banho vai ser sempre mais útil que qualquer tratamento, uma soneca permanecerá a solução mais óbvia e direta na cura de todos os males.
Não pode. Precisamos pegar os homens pela mão e criar o hábito de ir ao médico, de fazer exames, de tirar check-up ano a ano, de tirar da frente essa valentia besta, esse ranço de precisar de ajuda. Desde as comuns dores estomacais – eu já fui internado duas vezes com crises de gastrite por deixar a dor acumulando até precisar ficar em observação e acompanhamento – até sangue saindo da rola depois de uma punheta.
Aqui embaixo, dez relatos iguais aos que você tem e que seu amigo também tem.
"Da azia à úlcera", por Rodrigo Cambiaghi
Em casa, todo mundo sempre teve saúde de ferro. É difícil ficarmos de cama, minha mãe, minha irmã ou eu e, como ninguém ficava doente, consulta no médico só quando dava alguma zica muito brava. Minha mãe sempre foi da cultura do "chá, sopa e cama": não tem dor de cabeça, mal-estar ou gripe que não passe se alimentando direito e fazendo bom repouso.
O problema é que não dá pra levar isso a ferro e fogo. Principalmente perto dos 30 anos de idade. Quando começaram as primeiras queimações no estômago, imaginei que era culpa de algo ruim que eu tinha comido. Tomava um chá, a sensação de mal estar passava, a vida continuava.
Um ano inteiro se passou e as queimações tornaram-se mais frequentes. Eu insistia em achar que era culpa da alimentação e que meu corpo resolveria aquele problema sozinho – como ele sempre fez desde que me conheço por gente. Nunca comentei com ninguém esse problema, achava que queimação era algo comum na vida de todo mundo.
O "arrego" de finalmente ir ao médico veio quando passei por um período de stress bem intenso e as queimações começaram a ser diárias e mais fortes. Não dava mais para ignorar aquilo.
No laudo, o que eu imaginava ser no máximo uma gastrite para se resolver com omeprazol eram úlceras (sim, no plural) com tamanhos de 3 a 6mm e o teste de H.Pylori positivo.
É um problema sério, mas é tratável. Serviu como belo puxão de orelha para eu cuidar melhor da minha saúde. Fiz uma mudança radical na alimentação, cortei o álcool, comecei a pensar duas vezes antes de comer besteira e, o mais importante, agendei uma série de exames para fazer um check-up e garantir que está tudo bem.
"O médico e o burro", por Felipe Franco
Sou hipocondríaco. Se sinto uma dor de cabeça, uma suspeita de espirro ou um embrulhozinho diferente no estômago, já tomo algum remédio. Isso porque odeio passar mal. De verdade. Mas, por mais contraditório que pareça, com "grandes" dores ou problemas sou super resistente.
Já quebrei o pé em um show de rock, continuei no show, fui à pé até o metrô mais próximo e só descobri que quebrei o pé dois dias depois de ter quebrado. Desloquei o ombro em um jogo de handebol, pedi para o meu treinador colocar de volta no lugar e voltei a jogar (hoje tenho os dois ombros zuados e não posso mais jogar). Minha maior burrice/negligência médica eu só descobri recentemente.
Desde que me conheço por gente sofro de falta de ar e uma bronquite alérgica. Ando sempre com bombinha de ar ou algum remédio comigo (odeio passar mal, lembra?), mas todas as vezes que vou ao médico por isso, os exames dizem que meus pulmões são perfeitos e não tenho uma constituição de quem sofre de problemas pulmonares. Guarde essa informação.
Há uns sete anos comecei a sentir dores estomacais, refluxos e queimação. Como não tenho hábitos alimentares saudáveis, sempre culpei o churrasco ou a cerveja pelos sintomas. "Claro que estou com azia, comi e bebi como um glutão."
Era assim que eu pensava e assim segui a vida. Alguns anos atrás, os sintomas começaram a piorar e não apareciam só quando eu praticava meus hábitos ruins, mas até quando eu tentava ser saudável e ficava na salada e nas frutas. Os refluxos e queimações voltavam a me atormentar, mas taca-lhe sal de frutas e segue o jogo.
Eis que outro sintoma começou a me incomodar, uma constante sensação de inchaço. Estufado. Depois de anos aguentando essas dores e incômodos, resolvi ir atrás de uma resposta e, para o meu infortúnio (e depois de vários exames, descobri que tenho uma Hérnia de hiato.
"A hérnia de hiato caracteriza-se por uma fraqueza do músculo diafragma. Este músculo divide o abdómen do tórax, e é por um espaço neste músculo, conhecido por hiato esofágico, que o esófago penetra na cavidade abdominal. Devido ao alargamento deste espaço, uma parte do estômago desliza em direção ao tórax, o que se denomina hérnia de hiato."
Uma deformação genética. Nasci com isso, sempre sofri com isso e, melhor ainda, descobri ser hérnia que me deixa "estufado" e que pressiona meu pulmão e me dá a falsa sensação de falta de ar. Por isso nunca foi achado problema algum nos meus pulmões. Por conta dos meus péssimos hábitos alimentares, ela piorou durante os anos. Agora estou em uma batalha comigo mesmo para adquirir novos hábitos e rotinas para não sofrer com algo que poderia ter controlado muito tempo atrás se não fosse pura burrice e orgulho.
"Sou machão e não é uma dorzinha besta que vai me atrapalhar. Desce uma porção de bacon e um pint de cerveja".
Burro.
"Saúde? Que saúde?", por Danilo Gonçalves
Sim, sou mais um no time dos não cuidadosos com a própria saúde. Sempre digo aos quatro ventos que faz anos que não pego uma gripe. E é verdade!
Minha última bateria de exames foi há pouco mais de um ano, de qualquer forma. Ao que tudo indica(va), saúde de menino daqui, mesmo eu sendo fumante (me julguem).
Fazendo minha autodefesa de direito, sinto que conheço bem meu corpo. Ou seja, qualquer mudança, dor ou incômodo eu percebo facilmente e sei que algo não está funcionando bem. Sim, têm problemas que são invisíveis, ponto negativo pra mim.
A real é que não gosto dessa coisa de ficar doente e tomar remédio (alguém gosta?) e, por isso, acabo entendendo que, com um repouso, logo estarei melhor. Isso tem funcionado; médicos briguem comigo! Felizmente não me lembro de ter tido "problemas de homem" até então.
Agora é necessário saber (digo isso pra mim mesmo) que, infelizmente, não sou mais um meninão. Tenho essa consciência, sim. Que, daqui para frente, é necessário ter mais cuidado com meu corpo e minha saúde. Parar de fumar e me exercitar um pouco mais se faz necessário.
Estou atrasado. Eu sei.
"O segredo é não pensar a respeito. E deu merda", por Rob Gordon
Minha vida pessoal estava completamente estragada. No papel, eu devia ser uma pessoa feliz, mas, no dia a dia, nada funcionava como deveria. Além disso, minha vida profissional me cobrava cada dia mais. No cargo de chefe de redação em uma editora pequena, eu trabalhava em horários que hoje eu me pergunto como conseguia aguentar. Era comum eu ficar dez ou doze horas dentro da empresa, muitas vezes sem encontrar tempo para almoçar – em muitos dias esse número se estendia para quinze, dezesseis horas. Fim-de-semana? Pelo menos um dia deles era com a cara enfiada no computador, trabalhando.
Passei anos seguindo essa rotina: estava trabalhando enquanto minha pessoal desmoronava, ou estava tentando descansar duas horas enquanto minha vida pessoal desmoronava. Logo, isso começou a se refletir no meu comportamento. Voltava para casa de madrugada após o trabalho, sentava no sofá ou no chão da sala e chorava. Mas às vezes tudo o que você precisa para que um problema pareça resolvido é encontrar um culpado, e escolhi colocar a culpa no cansaço. Enxugava as lágrimas, comia qualquer coisa e deitava, torcendo para que o dia seguinte fosse um pouco melhor.
Nunca era.
Na época, eu fazia terapia e também achava que isso seria suficiente. "Tudo o que eu preciso é descansar um pouco", dizia. Queria descansar de tudo, mas não era possível. Estava ocupado demais tentando salvar um relacionamento que não me fazia feliz ou me entregando para um trabalho cujo reconhecimento era apenas me dar mais responsabilidades e menos recursos para cumpri-las.
– Como você aguenta?
– O segredo é não pensar a respeito.
Eu sempre dizia isso e me achava uma pessoa esperta, capaz de me esconder atrás de uma frase bem feita. Hoje eu sei que se tivesse pensado a respeito, as coisas não teriam chegado ao ponto que chegaram em 2011, quando fui diagnosticado com depressão e síndrome do pânico por uma psiquiatra.
Como acontece com muita gente que enfrenta esses problemas, vi amigos se afastando e pessoas me acusando de querer chamar a atenção. Foram meses tomando remédio para conseguir dormir, e assim quem sabe o remédio que faria com que eu não me sentisse a pior pessoa do mundo pudesse fazer efeito, e com isso o remédio que me permitiria andar no meio da rua sem ter um surto de pânico pudesse realmente me ajudar.
Há males que vem para bem. Hoje estou curado de tudo isso, apesar de saber que alguns dos meus padrões de comportamento mudaram. Mas, mais importante, eu aprendi a respeitar meus limites. Físicos, mentais e, principalmente, emocionais. Porém, às vezes eu penso que eu poderia ter aprendido tudo isso sem pagar um preço tão alto.
"Aquela vez em que fui burro e deixei de ir ao médico", por Guilherme Valadares
Aí vão três relatos.
Tenho 31 anos. Não lembro da última vez em que acordei respirando 100% pelas duas narinas. Quer dizer, acho que foi num breve momento após um banho num rio gelado, uns anos atrás. Já fui no Otorrino algumas vezes em crises piores, quando na verdade já era um quadro instalado de sinusite, que impedia fazer qualquer outra coisa antes de curar a sinusite.
Ao que parece, tenho que fazer alguma cirurgia envolvendo um tipo de raspagem no nariz, mas nada grave. Até hoje não resolvi isso e sempre fico frustrado, como agora, quando lembro do quão incompetente estou sendo ao cuidar de minha respiração. Isso prejudica minha qualidade de vida todos os dias, mas, infelizmente, acostumei a ir levando.
A primeira vez em fiz exames pra checar se tinha alguma DST (Doença Sexualmente Transmissível) foi aos 28 anos, por pressão de uma namorada nova, com a qual já estava sendo idiota e transando sem camisinha. Fiquei com medo as duas semanas entre o exame e o resultado. "E se eu tiver AIDS? Fo-deu.". Não tinha AIDS. Tinha HPV. E nem sabia direito como funcionava a transmissão, os possíveis danos (que são bem maiores para a mulher) ou como tratar. Acabei tendo que cauterizar meu pau na mesa cirúrgica – um procedimento simples, mas chato. Depois disso passei a conversar mais sobre DSTs com meus amigos, saber quem já tinha tido. Quase todos, mas ninguém falava sobre. Pois "sexo forte" é isso né, morre de vergonha de discutir essas supostas frescuras que podem acabar nos matando ou ferrando com a vida de pessoas que amamos.
Um rapidinho pra encerrar. Até outro dia, não sabia meu tipo sanguíneo. Foi doando para um parente necessitado que acabei "lembrando" e hoje ando com a identificação na carteira. E se eu sofresse um acidente, ficasse inconsciente e precisasse de sangue rápido? Iria me ferrar, acho.
"Ai, meu nariz", por Bruno Passos
Posso cruzar os mares sem tremer, me embrenhar na mata com um sorriso no rosto, descer ladeiras de rolimã como o Mercúrio. Mas, fera, não me peça pra fazer exame de sangue que eu dou um es-pe-tá-cu-lo (também não me enfie em aviões).
Vinte e nove anos nas costas e nunca tinha feito. Esquivava-me de todas as agulhas possíveis com maestria. Acontece que sempre tive uma alergia dos infernos, do tipo que despacha um rolo de papel todo santo dia, além, é claro, de utilizar o nariz apenas como um ornamento (um senhor ornamento, diga-se de passagem).
Até que cheguei ao cúmulo de acordar uma noite com meu espirro. Quem diabos espirra dormindo? Inferno!
Fui pro médico e ele me disse que o tratamento com remédio, aliado a uma cirurgia, poderia me fazer não só parar de espirrar, como também usar o nariz para respirar pela primeira vez. Convencido mais pela raiva de coçar o nariz do que pela benefícios da saúde, me pus, finalmente, em um hospital para tirar sangue.
– Senhor, pode se sentar se preferir. Algumas pessoas sentem a pressão baixar, é normal.
– Han, tranquilão. Manda bala em pé mesmo.
– Ok.
– Senhor? O senhor está bem?
– Tô. Mais. Ou. Não.
…
– Senhor, está melhor? O senhor teve uma queda de pressão. Já retirei o sangue.
– Uhn.
– Pessoal, olha aqui! vamo tirar uma foto!" (esposa parceira pra caralho)
Exames perfeitos, operação realizada e uma vida nova apareceu pra mim. Sério.
Nunca mais espirrei, também descobri como era respirar pelo nariz e só estou ainda um pouco surpreso como tudo cheira tão forte, mas hei de me acostumar.
Com certeza, se soubesse como era o resultado. eu teria feito dez anos atrás (odiando do mesmo jeito, claro). Recomendo.
Obs.: não deixe sua esposa levar um celular na hora do exame.
"Coceira no saco", por Pedro Turambar
Eu devia ter ali uns 15 anos quando comecei a ter uma coceira meio anormal "ali". Bem, não ali exatamente. Ao redor. Primeiro na virilha direita, depois na esquerda. O que era só uma coceira se transformou numa grande mancha vermelha que em poucos meses tomou quase toda a região.
Eu, que já não costumava ficar sem roupa, sem camisa em casa, me esforçava cada vez mais para ninguém me ver. Eu tinha certeza que uma hora aquela mancha ia passar, junto com a coceira, cada vez mais intensa e dolorida. Mesmo com a mancha escurecendo mais, eu me recusava a falar com minha mãe ou meu pai. Alguma coisa me dizia que agora já era "tarde demais", que eu devia ter falado antes.
Eu convivi com aquilo durante um bom tempo, sem contar pra ninguém e sofrendo sozinho. Que é basicamente o que todo adolescente faz com qualquer coisa que lhe envergonhe e que o faça se sentir uma criança (tipo pedir ajuda dos pais ou admitir que está errado).
Minha sorte foi, um dia, ter deitado na cama, ao lado da nossa empregada na época. Minha blusa subiu e ela arregalou os olhos — a mancha já estava na cintura naquele momento. Em dois segundos eu já estava no quarto com minha mãe mostrando o que tava rolando e dizendo que já acontecia há meses.
Ela conjurou uma consulta do nada e eu, morrendo de medo de ter que amputar tudo (adolescentes são meio exagerados, eu sei), precisei apenas passar uma pomada e em algumas semanas estava livre daquele problema, que provavelmente foi uma micose ou algo do tipo.
O que eu aprendi com isso? Na verdade não muita coisa. Ainda evito médicos a todo e qualquer custo. Outros traumas, outras histórias. Mas isso me lembra que a mesma fragilidade da adolescência acaba nunca abandonando a gente.
Às vezes, nós homens somos "homens" demais.
"Natação e luxação", por Breno França
Eu ainda era moleque e estava começando a treinar natação. Depois de pouco mais de quatro meses tentando conseguir um índice, finalmente estava chegando a competição que ia me dar a chance de federar. Foi aí que tudo aconteceu.
Criança, por volta dos 10 anos de idade, eu e meus amigos gostávamos de apostar corrida na hora de ir embora. A preocupação geral sempre era de que alguém escorregasse na beira da piscina e acabasse com um machucado grave, por isso a gente evitava correr por ali, mas não em todos os outros lugares. Foi aí que a merda aconteceu.
Num dos corredores ao lado da piscina, tinha a opção de ir por baixo (mais rápida) e a de ir por cima da rampa/escada. Em desvantagem da corrida, resolvi ir por cima e "pular uns degraus" para passar na frente. Na queda, uma luxação no tornozelo.
O medo de perder a competição na qual eu finalmente ia me federar fez com que eu passasse uns dois dias calado disfarçando a perna que estava mancando. Mas chegou uma hora que não dava mais pra aguentar a dor e fui ao médico. Lá, ele constatou a lesão e ainda disse que o período de tratamento que ia me tirar dos treinos por uns dias tinha aumentado porque forcei em cima do que estava machucado.
Difícil dizer se eu estaria recuperado a tempo de competir se tivesse ido no médico na hora, até porque perderia os treinos na véspera e parte do condicionamento físico, mas, com certeza, não ir ao médico na hora não foi uma boa decisão.
"Aquela vez que gozei sangue", por Alberto Brandão
Se existe uma coisa que pode botar medo num homem, é ver sangue saindo lugares que tecnicamente não deveriam sair.
Estava num clima bem íntimo comigo mesmo naquela fatídica noite de maio. Alguns sites de sacanagem, uns vídeos ruins, essencialmente nada novo. Movimentos repetitivos, um pouco de imaginação, aquele alivio que sobe pela espinha.
Tudo seria normal se, ao invés de porra, não tivesse surgido um lago de sangue. Fiquei bolado. Nesse momento, a gente pensa em um monte de coisas bizarras e, obviamente, vamos tentar encontrar uma resposta com o Dr. Google.
<sangue esperma pesquisar>
Em poucos minutos já achava que tinha um tumor nos testículos. Fiquei bem preocupado, mas por algum motivo eu não acreditava que era um motivo bom o suficiente para ligar imediatamente para um urologista. “Vou dar uns dias e ver se passa”, pensei comigo mesmo.
No dia seguinte, acordei e fui direto para o banheiro, mas dessa vez, pela ciência. Novamente, saiu aquele amontoado de sangue, agora ainda mais denso, não era apenas avermelhado, era marrom escuro. Ainda passei o dia bebendo muita água e rezando para ser apenas um evento raro, um desajuste pontual do meu corpo. Três dias depois e nada de melhoras.
Procurei o telefone no site e fiquei algumas horas ensaiando como ia ligar. Tudo parecia complicado demais. Eu teria que explicar o que estava rolando por telefone? Agora? “Alô, tudo bem? Tô gozando sangue e gostaria de marcar uma consulta”. Cacete. Me tranquei no banheiro da empresa e liguei de lá, super sem graça. Expliquei tudo e marquei a consulta.
Depois de examinado, o médico me diagnosticou com hemospermia e disse que é extremamente comum. Explicou que, em Brasília, pelo clima extremamente seco, aquela época do ano era bem comum encher o consultório de casos assim. Passou uma tomografia para acalmar meus nervos e me liberou.
Fiquei bem surpreso em saber que é algo bem comum. Nunca tinha ouvido falar disso. Comentei com meus amigos pra saberem o que passei e não se assustarem tanto quando rolar, mas minhas surpresa veio ao saber que já tinha rolado com alguns deles, só que nunca comentaram com ninguém.
"Minha história de desleixo tem como base o Spidufen 600", por Eduardo Amuri
Véspera de natal, último dia (razoavelmente) útil do ano, eu com uma dor de dente insuportável. Ele parecia ok por fora, o lance era bem mais interno. Naquela preguiça de quem quer sentar-se logo à mesa e comer todas aquelas iguarias acompanhadas de uva passa, pensei: que se dane o dente. Vou tomar um remédio qualquer e meu eu do futuro cuida disso.
O remédio é, realmente, uma benção. Você toma e instantenamente a dor passa, fez minha noite feliz (um beijo, Simone). Cheguei em casa já de noitinha e senti minha cabeça pulsar. Veja bem, não é meu dente, é a cabeça inteira. Tomei outro Spidufen e adormeci por 3 ou 4 horas. Acordei na madrugada alucinando de dor. Não conseguia mexer o pescoço. Pensei que um banho quente ajudaria, mas eu não estava em condições de ficar de pé. Levei uma cadeira para o box do chuveiro e fiquei lá por quase 40 minutos. Tomei outro remédio e consegui mais 2 horas de sono.
Quando acordei minha cara inteira estava inchada. Nessa hora, e só nessa hora, eu dei o braço a torcer e mandei um Whatsapp para o Thiago, meu dentista. Era dia 25, era dia de orgia gastronômica, e eu estava parecendo o Fofão.
Santo Thiago. "Vamos pro consultório agora". Me atendeu de chinelo, me deu um esporro de 10 minutos e resolveu minha vida em 40.
Que cagada.
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Aposto que você também já fez cagadas com sua saúde. Mais de uma, certamente. E deve ter percebido que compartilhar isso é o primeiro passo para percebermos o quão natural é e como tudo fica mais leve quando trocado.
Conta a sua história aqui nos comentários. E vai no médico, cacete.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.