"Sou leitora do PdH há alguns anos e a abordagem das questões masculinas (e femininas) por aqui sempre se mostraram muito interessantes, agregadoras e construtivas devido à profundidade com que os temas são tratados. Em suma, aprecio a cabeça e o modus operandis dos homens que comentam no site.
Dito isso, estou próxima dos 40 anos, solteira, já fui sido casada, iniciei minha vida sexual aos 20 anos, por repressão de uma família muito religiosa, mas sempre gostei muito de sexo. Lidei com minha sexualidade aflorada, intensa e natural de maneira muito tranquila.
Hoje me sinto muito confortável na pele da mulher que realiza todos os seus desejos e não tem restrições sexuais. De maneira mais clara, a partir do momento que vou para a cama com um homem não tenho frescura, "faço tudo", sem restrições, com muita entrega e prazer.
Embora não tenha uma vida sexual muito regular, e apesar do meu tesão ser bastante seletivo, quando ele bate, é forte. E já tive algumas experiências de conhecer um homem há pouco tempo e ter transas fantásticas, bem como topar realizar fantasias, fetiches, transar com outra menina junto… sendo isso muito natural para mim. O meu prazer. O prazer do outro.
Mas nesse processo vi muitos homens se afastarem de mim, e além, mudarem o conceito sobre mim.
Sou intelectualizada, tenho senso crítico, falo alguns idiomas, sou uma profissional bem sucedida e reconhecida como uma mulher inteligente. Isso faz, com que, nos primeiros contatos com um homem eu receba uma certa deferência de apreciação, admiração e cuidado que muitas vezes caiu por terra quando fomos para o quarto.
Não é incomum eu ver o homem surpreso por eu o estar cavalgando, ou fazendo um oral caprichado, ou ainda, levando o sexo para práticas que supostamente outras mulheres não gostam. No final, ele gosta muito, mas depois, vejo que ele mudou a maneira de me tratar. Não é raro também eu ouvir: "Você, toda quietinha, comportada, usa óculos, quem diria que age com uma profissional."
Conscientemente ou não, o cara dá uma sumida, esfria, se torna apenas polido, enfim, muda completamente. Parece que a deferência que ele nutria pela minha persona mansa, que fala baixo, de papo agradável, a mulher discreta, de aparência de professora universitária "que dá orgulho de apresentar" cai por terra quando ele me vê nua, transformada em um ser extremamente sexualizado (que eu não sei ser diferente).
Talvez, eles tenham a impressão de eu ser promíscua. De que eu faço isso com todos os caras e de não haver nenhuma especialidade "nele" para que eu faça isso com ele, apenas com ele. Ou ainda, instintivamente exista algo muito enraizado na mente masculina (e feminina) de que existe um comportamento que faça a divisão do que é a mulher para ser admirada e levada a sério daquela que é só para sexo – e que não merece nenhuma deferência especial, nem sequer um "bom dia, como está sua vida"?
Gostaria de uma opinião de vocês, homens. Vocês têm experiências parecidas, sendo vocês os caras que se depararam com uma mulher muito sexualmente ativa? Isso de alguma forma foi surpresa?
Devo eu, antes de estabelecer intimidade sexual, marinar a convivência e deixar o cara conhecer a minha personalidade, minha mente, o que eu sou como pessoa e daí decidir se ele gosta de mim por essas características, e depois me revelar como sou na cama?
Um adendo, não costumo ir para cama com todos os homens que conheço, mas se conheço um cara que me atrai a esse ponto eu transo sim, de maneia rápida e fácil, pois a vontade é poderosa. Rever isso é o caminho?
F."
Leituras complementares:
Sexo, botões e bluetooth: pra onde nossas relações estão indo?, de Gabriella Feola
Feminismo para homens: um curso rápido, por Alex Castro
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