"Acredito que a resposta para o meu problema seja um pouco mais complexa do que simplesmente começar uma terapia, então, peço a ajuda de vocês.

Para entenderem um pouco do que se passa na minha cabeça, preciso contar um pouco da minha história.

Nasci em uma família de classe média alta, com uma vida tranquila. Éramos em quatro: eu, minha mãe, meu pai e minha irmã mais nova – a tradicional família brasileira. Acontece que, quando eu tinha 7 anos de idade meu pai sofreu uma doença grave que o deixou tetraplégico e sem sua fala. Ele, obviamente, parou de trabalhar e minha mãe teve que fazer o mesmo, para conseguir cuidar dele e dos filhos. Conseguimos custear todo o aparato hospitalar necessário por um tempo, mas logo tivemos que apelar aos recursos públicos (que eram bons).

Meu pai viveu por dez anos nessa condição. Foi um pai amável e presente, ao seu jeito. Sempre fizemos de tudo para cuidar dele da melhor forma. Era uma relação de amor intensa e recíproca. Mas a vida dele era uma chama que estava se apagando aos poucos. Quando nos deixou já estava fraco, dormindo muito, sem conseguir comer pela boca… era hora dele descansar.

Então, partimos para o momento de reconstruir nossos laços como família, sem a presença do meu pai. Minha irmã e minha mãe, que sempre tiveram rusgas por serem muito parecidas, começaram a construir uma amizade profunda e muito linda, que refletia até em mim.  

Tudo estava correndo muito bem quando, cerca de um ano e meio após a morte do meu pai, minha irmã passou a sentir dores agudas nas pernas. Dores que a faziam gritar muito. Depois de um tempo procurando alguém que conseguisse diagnosticá-la, descobrimos que era uma Leucemia. Ela foi internada em um lugar capacitado para cuidar da doença, mas, após dois meses de tratamento, acabou não resistindo e faleceu.

Isso foi há 8 anos atrás. A partir desse dia minha mãe entrou em uma depressão profunda, com direito à síndrome do pânico e até algumas tentativas de suicídio. Felizmente ela teve tratamento psicológico durante todo esse tempo e agora se encontra na melhor fase da sua vida pós esses acontecimentos.

Como isso tudo me afetou: durante toda a minha vida eu tive pessoas que necessitavam dos meus cuidados (primeiro meu pai, depois minha irmã e, por último, minha mãe), então acabei não cuidando de mim em nenhum momento. Não tive meus momentos de luto.

Hoje colho alguns resultados negativos disso. Por mais que eu seja um cara maduro em alguns pontos (comecei a trabalhar com 14 anos para ajudar em casa, sempre fui muito dedicado aos estudos e ao trabalho, etc), sofro muito em outros aspectos: sou péssimo com relações afetivas pois sempre acabo sendo irresponsável com meus sentimentos e transferindo uma carga emocional pesada para quem está comigo. Também sou mega inseguro e ansioso, algo que me afeta em todos os prismas da minha vida.

Já procurei ajuda de psiquiatra e psicólogos. Tentei aproximações com algumas religiões também e ainda não consegui evoluir. Gostaria de saber se alguém já passou por algo parecido ou se tem alguma ideia de algo que pode me ajudar.

Muito obrigado desde já.

Forte abraço!

–A

Leituras complementares:

Dúvidas sobre terapia que os homens não tem coragem de perguntar, de Frederico Mattos

Leia também  Você é um otário

Aos meus amigos homens: façam terapia, por Pedro Jansen

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Guilherme Nascimento Valadares

Fundador do PDH e diretor de pesquisa no Instituo PDH.