Dia 27 de dezembro, 2010.
Taí uma data marcante neste que foi, sem qualquer sombra de dúvida, o melhor de meus 26 anos de vida.
Retornei de Belo Horizonte após passar alguns dias por lá para festividades, rever a família e alguns amigos. Em São Paulo, rumei diretamente para o QG. Não o do PapodeHomem, o da BMW Brasil.
Cidade vazia, o táxi cumpriu seu trajeto rapidamente. Tinha um encontro marcado com uma bela X1 sDrive18i, às 8h30 da manhã, e ela não gosta de atrasos. Teria 15 dias com o carro, sem interferências. Nosso destino? Jurerê Internacional.
Foi um tesão.
Testar os bólidos em pistas fechadas, acelerando daquiali nem de longe se assemelha a ter um desses sob o livre comando BRs afora. É como comparar nadar em piscina acompanhado de instrutor com mergulhos livres em mar aberto. Não dá.
A seguir, nossas impressões.
O carro é isso tudo?
O nosso X1 era a versão de entrada (R$114.900,00). Motor 4 cilindros de 2 litros, com 150 cavalos. Força de 35,7 mkgf a 1.250 rpm. Tração traseira, teto coberto e câmbio automático com seis marchas Steptronic. Acelera de 0 a 100km/h em 10,4 segundos, faz de 11 a 12km por litro. Máxima de 200km/h.
Surpreende de cara pelo tamanho compacto, já que é um SUV. 1,54m de altura por 4,45m de comprimento, pesando 1430kg. Em comparação, o Volvo XC60 tem 1,68m x 4,63m distribuídos por 1825kg. Na prática, isso se traduz em uma X1 ágil – útil em contextos urbanos.
A cabine é silenciosa e a suspensão bastante eficiente. Você pode acelerar sem se preocupar com os passageiros, eles vão dormir tranquilos. O carro estava pesado, com 4 pessoas (eu e a primeira dama, Rafa Barros e sua respectiva), malas comuns dos homens e malas absurdas das mulheres. É foda, elas viajam 10 dias e se preparam pra viver uma versão moderna de Independence Day. Ainda assim, a X1 não esgoelou em nenhum momento.
As subidas são lindas, você ultrapassa todo mundo.
Nas retas, dá gosto pisar. A direção é precisa. O acelerador da X1 parece ter um nível extra de profundidade, antes do suposto fim, tem o restinho maldoso. Lembra o turbo do Top Gear.
Nas curvas, vem o tesouro da BMW: o controle de tração. A aderência do carro é absurda, o motorista sente-se preso ao traçado e, caso erre, o carro compensa. Como é um modelo de menor torque, não precisar desacelerar tanto nas curvas é excelente.
Combinamos de revezar ao volante de 2 em 2 horas. Não pelo cansaço, mas sim porque todos queriam dirigir mais.
Jurerê
Em Jurerê, passamos 10 dias de pura recarga. Conseguimos um pequeno chalé de frente pro mar, a preço honesto. Deixo alguns dos melhores momentos publicáveis:
O efeito BMW
Pequena história para ilustrar a magia em torno da marca. Fomos para a Pachá após os fogos. Chegando lá, fila de estacionamento normal e o famoso VIP. Não vi vantagens neste e fomos seguindo pelo caminho normal. O chefe dos seguranças, deduzo, nos para e diz:
“BMW é especial. Pode parar no reservado lá na frente.”
Não pagamos nada, ficamos no melhor lugar.
Algumas horas depois, um carro deu ré além da conta e amassou nosso parachoque traseiro. Boa, Murphy.
O retorno antropológico
Após 10 dias de sol, teria a X1 só pra mim na volta. Rafael e sua namorada voltaram mais cedo. Deixei meu primo e sua dama na Praia Mole, para curtirem um último dia de Sol. E depois peguei a estrada. Como esperei uns dias, não havia o tradicional engarrafamento infernal pós-férias.
Estrada livre. Hora de praticar o aprendizado do BMW Driver Training feito em setembro.
Pilotei como nunca havia ousado fazer antes.
Praticantes de artes marciais e estudiosos da estratégia são familiarizados com o poder da intimidação, tal qual motoristas habilidosos. Na estrada, a teoria se confirma. A chegada de uma X1 a, digamos, 150km/h vista pelo retrovisor é algo próximo de um tubarão do asfalto. Você cede. No caso, todos os outros carros cedem. Fiz inúmeras ultrapassagens sem qualquer esforço. A presença da BMW parece abrir a estrada, experiência digna de Maomé.
Enquanto eu dava vazão a todos meus sonhos adolescentes de velocidade, a primeira dama repousava tranquila no banco ao lado, absorta em seu iPhone. Em certo trecho da estrada, à noite, estava chovendo um bocado e com certo tráfego. Perguntei:
–Me diz qual nossa velocidade, sem checar o velocímetro.
–90km/h?
–140km/h.
Cada novo lance da viagem era narrado por mim em empolgação digna de final da Copa. Comentei cada curva, cada buraco, cada imprudência, cada ultrapassagem. Criava teorias em torno do perfil psicológico de cada motorista. Media a distância correta, a velocidade estimada dos demais carros, os trechos subsequentes da estrada, a reação de quem estava atrás de nós, as condições da pista e outras pequenas punhetagens. Diversão pura.
Houve apenas um episódio pitoresco. Após passarmos Curitiba, alcancei uma X1 Preta que parecia brigar com uma Parati verde – vidros escuros, rodas rebaixadas e um daqueles motoristas que dirigem com braço pra fora. Certo que era uma das lendárias 2.0 Turbo. A X1 custou, mas deixou a Parati pra trás. Na sequência, começou uma baita subida de serra com 3 pistas e muito espaço. Os dois duelaram ferozmente por cada centímetro da pista. Até que a Parati, em uma manobra quase kamikaze, superou a X1 e na curva seguinte de-sa-pa-re-ceu.
Não vi nem sinal da Parati. Pouco depois, passei a X1 preta. E até hoje não esqueci a porra da Parati. Já consigo me ver contando sobre ela para meus netos.
Aproveitando, lanço um desafio rápido, respondam a seguinte pergunta:
Quantos carros nos ultrapassaram na volta?
O primeiro a acertar leva um livro PapodeHomem. Adianto que não cometi irresponsabilidades. Gosto de pisar e considero minha habilidade na direção mediana. Tenho muito a aprender ainda.
Após esse episódio, a viagem seguiu tranquila. Estimo ter pilotado por algo em torno de 1.300 quilômetros no total. Um test-drive de respeito.
Me despedi pensando no famoso questionamento sobre amores de verão e subidas de serra. Gosto de pensar que minha X1 está esperando por mim, em algum lugar do tempo/espaço futuro. Veremos…
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