Em 2006, o americano Blake Mycoskie foi para Argentina para melhorar suas habilidades no Polo. O que ele não esperava é que essa viagem mudasse para sempre a vida dele e de milhares de crianças que não tinham um único par de sapatos para calçar.
“Fiquei tão impressionado com o espírito do povo sul-americano, especialmente daqueles que tinham muito pouco.”
A importância dos sapatos
Abrimos o armário e temos um tênis ou sapato para trabalhar, outros pra sair, ir na academia e até para dançar, porém Blake descobriu que a realidade de muitas crianças argentinas era bem diferente. As famílias delas não tinham dinheiro para comprar calçados e, com os pés desprotegidos, elas corriam vários riscos.
Sem sapatos, as crianças podem ferir gravemente os pés, ter lesões dolorosas e incapacitantes, infecções ou adquirir doenças que são transmitidas pelo solo como Ancilostomíase (Amarelão), Bicho de Pé, Tétano, Podoconiosis e etc.
A Podoconiosis é uma das doenças mais assustadoras. Provoca inchaço, ulceras e deformidades, deixando os pés e as pernas das pessoas do tamanho de um elefante. As que são afetadas não têm condições de arrumar emprego, casar, ter filhos ou oferecer suas habilidades.
Além dos danos físicos, as crianças descalças não podem frequentar a maioria das escolas, pois o sapato é uma parte obrigatória do uniforme. Sem educação, elas não podem mostrar todo seu potencial e consequentemente terão poucas oportunidades de emprego no futuro, não podendo se apresentar e competir de igual pra igual com os outros.
Nos países em desenvolvimento é bastante comum as crianças andarem vários quilômetros em solos contaminados ou perigosos, sem proteção nos pés, para buscar água ou procurar ajuda médica.
Um por Um
Blake Mycoskie acreditava que negócios, doação e responsabilidade social podiam andar juntos e teve uma ideia: abrir uma empresa de calçados, onde cada par de sapatos que fosse vendido, ele doaria um novo par para uma criança necessitada, um por um.
“Eu fui atingido imediatamente com o desejo e a responsabilidade de fazer mais.”
Mycoskie compartilhou sua ideia com um professor universitário que lhe informou que era preciso de no mínimo um milhão de dólares para empresa sair do papel. Ele também conversou com veteranos da indústria de calçados e todos afirmavam que o plano dele seria um fracasso. Alejo Nitti, o instrutor de polo que Mycoskie conheceu na Argentina foi um dos únicos a acreditar nessa missão e virou o maior apoiador e parceiro.
As alpargatas, sapatos simples usados principalmente por jogadores de polo, agricultores, fazendeiros e “pessoas comuns” foram a fonte de inspiração e assim foi criada a TOMS Shoes. TOMS é a abreviação de “Shoes for a Better Tomorrow” (Sapatos para um Amanhã Melhor).
O nome foi encurtado para caber na parte de trás do calçado.
No mês de março de 2006, Blake voltou para os Estados Unidos com 200 pares de TOMS em quatro mochilas. Cada par foi inspecionado e feito a mão. O que começou com um projeto para doar 250 pares de sapatos para crianças argentinas, inesperadamente se tornou um sucesso e no final do mesmo ano, Blake retornou para Argentina com um grupo de familiares, amigos e funcionários e doaram 10.000 pares.
“TOMS começou como um desejo espontâneo de dar sapatos para as crianças que realmente precisavam. Diante dessa necessidade, pela primeira vez na Argentina, eu não queria simplesmente começar uma instituição de caridade, me preocupava com sustentabilidade.
Eu poderia ter pedido doações para amigos e familiares e trabalhado por um ou dois anos, mas o que acontece quando temos algo como o furacão Katrina e os meus doadores precisam apoiar as necessidades das vítimas ou o que acontece quando nos encontramos numa crise econômica difícil?
Não poderia me imaginar indo até as crianças que tinham sido apoiadas e dizer: “Desculpe, sem sapatos este ano.” Nossos esforços não foram alimentados pelo capital de investimento, mas por uma paixão profunda de ajudar essas crianças.”
Um Amanhã Melhor
A TOMS shoes não para de crescer e já doou mais de 1 milhão de sapatos pelo mundo. Os calçados já beneficiaram crianças de 23 países, como Argentina, Peru, China, Etiópia, Ruanda, Uganda, África do Sul, Guatemala, Estados Unidos, Haiti e etc.
A empresa não dá calçados apenas uma vez e vai embora, pois as crianças os perdem rapidamente. Com parcerias, novos pares são fornecidos enquanto elas crescem. Antes da entrega, um estudo é feito na região para que o ato de doação não prejudique economicamente o comércio e as indústrias locais.
Em Abril de 2008 foi criado o movimento One Day Without Shoes (“Um dia sem sapatos”), em que as pessoas são convidadas a ficar um dia sem sapatos e sentir as dificuldades que milhões de crianças descalças enfrentam todos os dias. Pés descalços geram curiosidade e conversas, com uma maior conscientização sobre o tema surgirá a vontade de agir e assim ocorrer as mudanças.
O movimento em 2012 teve a participação de 50 países e retorna em 2013, ainda mais fortalecido.
Mais do que uma Empresa de Calçados
Blake Mycoskie ficou chocado com a pobreza de muitas comunidades. Enquanto ele doava sapatos, a maioria das necessidades humanas básicas não eram atendidas. Ele sentiu que a TOMS tinha o dever de tentar melhorar essas vidas e que poderia ser mais do que uma empresa de calçados.
No mundo, quase 285 milhões de pessoas são deficientes visuais e a perda da visão causa um impacto dramático na vida das pessoas, que não podem estudar, conseguir um trabalho ou simplesmente enxergar.
A maioria desses casos podem ser tratadas ou ter os problemas prevenidos.
A TOMS Eyewear foi fundada em 2011 com o objetivo de salvar e restaurar a visão de adultos ou crianças necessitadas pelo mundo, usando o modelo similar Um por Um.
A cada óculos que é vendido, uma pessoa passa pelo Oftalmologista, que vai dizer se ela vai precisar de lentes corretivas, tratamento médico ou encaminhamento para cirurgia. Atualmente, mais de 65.000 pessoas já foram beneficiadas e a empresa quer chegar na marca de 100.000 só nesse verão.
” Oferecer é o que nos alimenta, oferecer é o nosso futuro.”
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