Tudo começou com uma troca de olhares. Lembro da ansiedade enquanto subíamos as escadas para um lugar mais reservado, pensando “Nossa, isso vai acontecer mesmo!”
E foi uma concepção deliciosa de prazeres diferentes. Toque diferente, beijo diferente, me senti entregue. “Faça o que quiser comigo”. Eu sabia que eu não pararia por ali.
Já chegou me abraçando com a mão deslizando delicada pra minha bunda. ”Dá pra você me dar uma ajuda? Esse cara tá me perturbando e eu falei que você era minha amiga”. ”Ah, mas amigas se tocam assim?”. Ela me prendeu toda e me agarrou. Que beijo! Que mãos! Que seios…
Seios. Nunca tinha sentido daquela forma. Fiquei com uma vontade imensa de beijá-los.
“Vamos ao banheiro?”, perguntei já aflita por aquela continuação.
Meu conceito sobre mulheres irem juntas ao toalete mudou neste momento. Sem saber como agir, fui conduzida. Aí foi vestido que sobe, calcinha que desce, pernas que se abrem. Fui chupada como nunca na vida. Mal controlava meus gemidos que insistiam em sair e bem altos.
Nesse momento não havia mais delicadeza. O contato era maior e eu olhava pra baixo pensando “Que lindo! Orgasm number one!”. Ela me sorriu safadinha e disse: ”Só queria fazer você gozar”.
Saí do banheiro certa de que acabaria ali.
“Que coincidência, moramos perto. Quer uma carona?”, soltei sem pensar.
Equilibrando minha vontade com o medo de ultrapassar meus limites héteros até então, decidi que seria melhor ir com calma. “Então tá, vamos nos despedir”.
Dentro do carro, foram mais beijos, mais seios. “Masturbe-me de novo!”, eu repetia em pensamento.
Nunca gozei tão rápido em toda a minha vida. Nem tão intenso. Fiquei devaneando depois se o tesão estava no toque preciso da masturbação ou em toda a incrível situação. Cheguei a conclusão de que queria muito mais.
O começo
Sempre percebi um certo apreço de minha parte pelo sexo feminino. O corpo curvilíneo, o cheiro, a suavidade. Mas mantinha tal admiração somente nos pontos mais sujos da minha imaginação.
Depois que me separei, fui conhecendo novos limites e me libertando de uma outra cultura que poderia até chamar de arcaica. E essa curiosidade pelo mesmo sexo sempre martelando na cabeça. Fui, de pouco em pouco, pegando influências. Lendo sobre o assunto, abrindo a mente para novas concepções, até que uma amiga me contou que tinha ficado com uma menina e cutucou o sentimento: eu posso!
Comecei a frequentar lugares mais alternativos aos meus de costume, visando essa experimentação. Demorou um pouco, mas rolou. E como rolou!
É mais complicado para uma menina chegar em outra menina. Estamos menos acostumadas com a rejeição possível, o olhar é mais analítico para saber se o alvo curte e te curte. Eu nunca teria coragem de chegar numa mulher. Ainda bem que sempre tem alguém disposto a dar o primeiro passo.
Só que agora me sobram dúvidas. Tenho um rótulo? Estou só experimentando? É uma fase? “Acho que eu não namoraria uma menina. Gosto muito de homens pra abrir mão deles por completo”. E só de pensar em expor isso à minha família, tenho frio na espinha. Também tenho receio de que o que chamam de convencional não seja mais suficiente pra mim. Receio de sentir falta das outras opções deixadas pra trás. Mas até que eu me decida, sigo experimentando. Um dia encontro um arranjo ideal pra mim.
Esses dias conheci um casal espetacular. A menina gosta de meninas, então ele deixa que ela fique com elas. Por sua vez, ela também deixa ele se divertir, desde que seja sempre na frente dela. Curti.
Alguém se habilita?
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