Quake 3, inteligência artificial programada para matar e a paz mundial

Nota do editor: publicamos o texto, mas o leitor Luiz informou nos comentários, aqui embaixo, que se tratava de um hoax, com link do Huffington Post. Publicamos aqui o link, mas concordamos que, afinal, trata-se de uma ótima reflexão. 

Um cara deixou um server de Quake 3 esquecido com 16 bots programados para atacar uns aos outros e testar táticas de combate – guardar as que funcionam, descartar as que não funcionam. Foram quatro anos até se lembrar que eles existiam.

É de se imaginar que, quando ele abrisse novamente o server para ver o que estaria acontecendo, se depararia com alguma visão infernal de guerra, gritos e ranger de dentes. Táticas absolutamente mortais, com tudo acontecendo tão rápido que sequer fosse possível acompanhar. Mas não, não foi isso que ele viu.

Quando o dono resolveu retomar o server, todos os bots estavam parados, apenas observando uns aos outros. Ele trocou os cenários para ver se, com a mudança de ambiente, eles voltariam a jogar. Sem resultado.

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Resolveu entrar, para ver se os bots retomariam o processo habitual. Uma vez dentro do jogo, todos os personagens apenas o acompanhavam, observando-o. Após uma tentativa de ataque, eles se armaram novamente – sim, estavam desarmados.  Atuaram em conjunto, eliminaram o fator de perturbação e voltaram ao estado anterior.

Bots programados para atacarem uns aos outros e atuarem individualmente chegaram à conclusão de que era melhor não se matarem e agirem em grupo no caso de haver uma perturbação da paz que eles estabeleceram.

Simples assim: a melhor forma de sobreviver é não matar.

Uma decisão puramente fria e lógica. A "paz mundial".

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Difícil não fazer um paralelo com a forma como usamos nossa própria inteligência.

A gente se envolve todos os dias em jogos, luta para alcançar determinados objetivos, vai se atropelando, cometendo erros e agredindo, machucando pessoas sem nem perceber.

Por melhores que sejam nossas intenções, estamos envoltos por milhares de vieses cognitivos que norteiam as decisões que tomamos. Seguimos repetindo as táticas que aplicamos conforme elas dão certo ou não. Acontece que não somos totalmente capazes de calcular todas as variáveis no caminho. 

A gente se motiva por visões estreitas, emoções negativas e vai colhendo resultados inesperados por todo o caminho. As coisas vão dando certo ou errado e a gente não sabe bem por quê. É como se a gente não conseguisse se posicionar de uma maneira que nos permita enxergar de uma maneira clara, sem interferências e ruídos, para chegar a conclusões puramente lógicas.

Isso é tão habitual que a gente até mesmo pensa que, sem essas interferências, vai perder o nosso aspecto humano. Meio que se apressa a definir movimentos isentos de raiva, apego, medo etc, como frios, robóticos, cruéis – como se as nossas ações habituais não tivessem esses mesmos traços.

Daí, a gente ouve falar desses bots.


publicado em 02 de Julho de 2013, 16:17
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Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no Youtube, ouvir no Spotify e ler no Luri.me. Quer ser seu amigo no Instagram.


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