O projeto era incrível, mas faliu

"No ano passado, por exemplo, eu estava sem dinheiro para pagar o aluguel e o seguro de saúde, no mês de setembro, porque o pagamento dos trabalhos que fiz em agosto não saíram na data prevista e, como sou uma celebridade literária internacional, tive que ir a Budapeste e à Feira de Frankfurt e eu estava muito feliz por estar indo a Budapeste e a Frankfurt e Berlim, ler meus textos, fazer umas performances muito loucas experimentais transgressoras de vanguarda, voltadas para o meu próprio umbigo e para uma meia dúzia de colegas escritores. Mas eu fiquei muito preocupado com dinheiro, que é a coisa mais importante que existe, economizando a ajuda de custo para pagar o aluguel, para não entrar no cheque especial, nem ter que pedir dinheiro para o meu pai, ou para minha mãe, o que é um negócio meio humilhante para uma celebridade literária internacional de 50 anos de idade."
André Sant'Anna

Cada vez mais comuns relatos como o do André Sant'Anna, sobre como ainda não encontramos um meio de viabilizar a interação entre a arte e mercado, arte e vida real, arte e aluguel pra pagar no fim do mês.

Conseguiríamos aplicar a mesma crítica às inúmeras empresas, institutos, ONGs, OSCIPS e projetos incríveis que não encontram uma maneira de se inserir e continuam achando que o dinheiro é sujo, que macula. Nessa ingenuidade, todo final de mês vira uma aventura planilheira.

Já que estamos integrando um sistema no qual o dinheiro é a representação do material, do tempo e do fluxo de atenção, a maneira mais inteligente de ganhar fôlego e potência para o que realmente importa – a pintura, a arte, o livro, o projeto – não é deixando o dinheiro de lado, é se preocupando com ele.

Não dá para pagar supermercado com abraço.

* * *

Nota dos editores: esse é um post despretensioso, um formato rápido com o qual pretendemos experimentar para compartilhar com vocês ideias e recomendações que valem seu tempo.


publicado em 11 de Agosto de 2014, 15:09
Eduardoamuri

Eduardo Amuri

Autor do livro Dinheiro Sem Medo. Se interessa por nossa relação com o dinheiro e busca entender como a inteligência financeira pode ser utilizada para transformar nossas vidas. Além dos projetos relacionados à finanças, cuida também da gestão dO lugar.


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