Presidente da Nestlé nega que a água seja um direito humano essencial

Por Kevin Samson
Publicado originalmente no site Activist Post
Tradução de Rodolfo Viana

(Imagem: JonasForTheArt)
(Imagem: JonasForTheArt)

O atual presidente e ex-CEO da Nestlé, o maior produtor de alimentos do mundo, acredita que a resposta para as questões globais da água é a privatização. Esta afirmação está no registro da maravilhosa empresa que vende junk food na Amazônia, tem investido dinheiro para impedir a rotulagem de produtos cheios de organismos geneticamente modificados, tem um preocupante registro médico e ético devido à sua fórmula dirigida a crianças e tem implementado um exército cibernético para monitorar crítica na internet e moldar discussões nas mídias sociais.

Esta é, aparentemente, a empresa a qual devemos confiar a gestão da nossa água, apesar de grandes empresas de bebidas como a Nestlé terem um histórico na criação de escassez:

Às grandes empresas multinacionais de bebidas normalmente são dadas privilégios nos poços d'água bem (e até isenções fiscais) em relação aos cidadãos, pois elas criam postos de trabalho, o que é aparentemente mais importante para os governos locais do que o direito à água de outros contribuidores. Essas empresas, como a Nestlé (que engarrafa a fonte de água de Michigan e a chama de Poland Spring), sugam milhões de litros de água, deixando o público sofrer com quaisquer faltas. -- Fonte

Mas o presidente, Peter Brabeck-Letmathe, acredita que "o acesso à água não é um direito público". Também não é um direito humano. Então, se a privatização é a resposta, é esta a empresa na qual a sociedade deve colocar a sua confiança?

Este é apenas um exemplo dentre muitos da preocupação da empresa de Brabeck com o público:

Na pequena comunidade paquistanesa de Bhati Dilwan, um ex-vereador diz que as crianças estão ficando doentes com água suja. Quem é o culpado? Ele diz que é a marca que faz água engarrafada Nestlé, pois cavou um poço profundo que está privando os moradores de água potável. "A água não é apenas muito suja, mas o nível de água caiu de 30,5 metros de profundidade para 91,5 a 122 metros", diz Dilwan. -- Fonte

Por quê? Porque se a comunidade tivesse água potável canalizada, privaria a Nestlé de seu lucrativo mercado de água engarrafada da marca Pure Life.

No vídeo abaixo, de vários anos atrás, Brabeck discute seus pontos de vista sobre a água, bem como alguns comentários interessantes sobre sua visão da natureza -- que é "cruel" -- e, claro, a declaração obrigatória que o alimento orgânico é ruim e alimento geneticamente modificado é ótimo. Na verdade, de acordo com Brabeck, você é essencialmente um extremista por ter opiniões opostas às deles. É importante rever suas declarações ao passo que continuamos a ver o mundo ao nosso redor se reformular num ambiente mais mecanizada, a fim de frear a natureza impiedosa à qual ele se refere.

YouTube

A conclusão desse trecho acima citado é talvez a mais reveladora sobre a visão de mundo de Brabeck, como ele destaca em um vídeo de uma de suas operações na fábrica. Evidentemente, o papel de salvador do Grupo Nestlé no sentido de garantir a saúde da população global deve ser graciosamente recebido. Você está convencido?

* * *

O filme espanhol Até a Chuva, sobre o qual já escrevemos aqui no PdH, aborda essa questão polêmica da privatização da água. O filme está disponível em versão integral no Vmeo.


publicado em 26 de Abril de 2013, 10:00
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Equipe PapodeHomem

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