Volta e meia algumas discussões ganham a pauta na internet por meio de hashtags no Twitter.
Dessa vez, a discussão que surgiu foi a respeito de um conceito que vem surgindo na busca por relacionamentos mais igualitários, o de carga mental.
Para quem não sabe, a tal carga mental se refere ao desgaste psicológico invisível que o acúmulo de responsabilidades gera em uma pessoa.
Dentro de um relacionamento, a questão passa a ser, então, o fato de que a preocupação constante da gerência doméstica e cuidado com os filhos acabam recaindo quase exclusivamente para as mulheres. Sem contar que isso acontece em acúmulo com a vida profissional, pessoal e com os cuidados com o próprio relacionamento.
Assim, uma vez que esse esgotamento mental é invisível, temos a receita para que as mulheres não se sintam reconhecidas em seus esforços e acabem estourando, frente à negligência e falta de proatividade de seus maridos.
Aqui embaixo, listamos alguns relatos.
Peguei um emprego em outra cidade, ia pra casa no final de semana. Num final de semana encontrei a cozinha imunda e falei que não ia tocar aquela porcaria, nem cozinhar la. No fim de semana seguinte a única diferença foi um mofo verde que deu nas vasilhas intocadas. #porramaridos
— Modo Soneca (@clinomaninha) July 24, 2018
A roupa do nenei sujou toda de molho de tomate. Tirei a roupa e pedi pra marido botar de molho enqto dava banho no bebê. Horas depois chego na área e a roupa do bebê no chão. “Ué? Não botou de molho?” “É pq ñ sabia se era pra usar o balde ou a bacia” #porramaridos
— Nina Levy (@gi_levy) July 24, 2018
Quebrou uma esquadria daquelas de abrir e fechar a varanda. O troço tá pendurado correndo o risco de cair. Pedi pra marido resolver. Passaram dias e nada. Cobrei e ele “não sei consertar isso” e eu “mas chamou vidraceiro?” “Ah, era pra chamar?” #porramaridos
— Nina Levy (@gi_levy) July 24, 2018
Quando vivia em união estável, saí da aula e fui até um barzinho com meus ex colegas do curso e o pai do meu filho estava com ele em casa.
Lá pelas tantas, mandou a seguinte mensagem:
– Mariana, esqueceu que tem filho? Não posso ficar com ele sozinho aqui não. #porramaridos— mariana (@thisssnana) July 25, 2018
Este ano resolvi que não faria tudo relacionado aos cuidados das crias. Em abril falei para o #porramaridos encomendar o uniforme de inverno do mais velho, que estava com as calças pescando. Já estamos no final de julho, e diariamente agradeço por este inverno estar mais ameno…
— Raquel Santos (@diva_transborda) July 25, 2018
Algumas mulheres se manifestam em defesa dos maridos que não são assim.
Não tenho nada pra colaborar com a tag #porramaridos porque depois de 28 anos de embustes eu finalmente me apaixonei por alguém decente. Rafa é meio lesado, mas é responsa ❤️
— dani cruz. (@daniellecruz) July 25, 2018
E há os homens que se revoltam, pois sentem que contribuem à sua maneira.
#porramaridos quem leva o carro pro mecânico e pra trocar o óleo? quem liga pra empresa de internet qdo sinal cai? quem troca a resistência do chuveiro e calibra pneu?
— luizrmgarcia (@luizrmgarcia) July 24, 2018
Assim, a discussão acaba até ganhando ares de maior reflexão, incluindo insights sobre a forma como os meninos são criados.
Ler #porramaridos me faz ter certeza de que os homens, desde pequenos, não têm obrigações com o trabalho doméstico. Meu irmão, aos 17 anos, não varre o próprio quarto. Eu aos 12 já faxinava a casa. Se não fizesse, era preguiçosa. Já ele, coitado, não sabe fazer e ainda atrapalha.
— o nome dela é cynthia celeste? (@cynthiadoceu) July 24, 2018
O meu não fazia nada porque foi criado assim. Depois q casamos ele entendeu a diferença de esposa pra mãe.
Hoje as tarefas são dividas e ele faz a parte dele sem reclamar.
Nada mas que a obrigação, porém muita gente acha demais ele "me ajudar"#porramaridos— Jess (@jessnuna90) July 25, 2018
Alguns sentem que não conseguem contribuir sem serem reprimidos em suas tentativas.
É engraçado ver as mina postando #porramaridos dizendo que os caras n tem iniciativa, que n fazem as coisas, tem que ficar perguntando tudo. Mas é claro. Que marido que nunca ouviu um "n é assim que faz. Se n for fazer direito, deixa q eu faço" pq nao fez do jeito que ela quer?
— Lexmf (@lexmfBr) July 25, 2018
É até compreensível a revolta por parte de muitos homens. Gostamos de nos ver como pessoas ocupadas, esforçadas, que estão dando o máximo. Assim, não é fácil ver o dedo apontado para nós.
Mas, apesar do tom muitas vezes não ser dos mais amigáveis, vale respirar fundo e tentar entender de onde vem tamanha indignação por parte das esposas, assim como o instinto dos homens de se defender a qualquer custo. É muito comum que dentro das relações os homens até aceitem dividir uma parte das tarefas, mas o gerenciamento da casa acaba recaindo mais sobre as mulheres e, mais do que isso, é tratado de uma maneira como se a atividade não fosse mais do que a sua obrigação.
A nós, homens, cabe refletir e entender que cuidar dos afazeres é algo que precisa vir de comum acordo e de uma maneira que seja confortável ou, ao menos, justa para ambas as partes. Principalmente, tomando a iniciativa e não esperando um eventual burnout da esposa para agir.
Se você de alguma forma se irrita ou se identifica, é a chance de fazer diferente. Que tal começar agora?
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.