Fiquei sabendo hoje, no Dia Internacional da Mulher, que 45% dos assassinatos de mulheres no Brasil estão relacionados a homens que não aceitam a separação.
Como pode?
Em pleno século XXI, o sujeito ainda acha que tem direito de tirar a vida de uma pessoa porque ela não quer mais viver ou namorar com ele. O cara sente que pode cometer o mais covarde dos crimes, manchar as mãos de sangue, porque a garota trocou ele por outro homem.
Eu, francamente, não entendo.
Como homem, sei muito bem o que é levar um fora devastador. Já fui dispensado mais de uma vez por mulheres a quem eu amava e que não me queriam mais. Dói muito, dói demais. A gente acha que vai morrer ou enlouquecer. Não consegue dormir, passa os dias de forma alucinada, só pensa coisas ruins, o ciúme nos consome como febre.
Eu sei disso tudo, mas também sei – com a mais absoluta certeza – que esse sofrimento não dá o direito de perseguir, insultar, agredir e muito menos matar outro ser humano, sobretudo a mulher que a gente ama, e que pode ser a mãe dos nossos filhos.
Quando eu me deparo com essas situações de violência masculina contra as mulheres, concluo, como já fiz muitas vezes antes, que os homens precisam aprender a sofrer.
Eles precisam aprender, desde meninos, a aguentar os sentimentos ruins que a vida provoca. Precisam enfiar a cara no ombro de alguém e chorar quando estão desesperados. Precisam ligar para os amigos ou as amigas e pedir ajuda. Precisam ir ao médico, ao psicólogo ao analista e dizer que não estão suportando mais. Precisam parar de surtar, de agredir e de matar porque não sabem o que fazer com a dor que os consome.
Na verdade, acho que os homens deveriam lidar com o sofrimento amoroso de uma forma mais parecida com a das mulheres. Elas não saem matando quando são abandonadas, embora algumas façam isso. As mulheres aguentam. A maioria delas, quando leva um pé na bunda, quando é trocada por outra, segura a onda com dignidade e resignação.
Por serem capazes de suportar a dor, sem recorrer à violência e ao assassinato, as mulheres não passam anos na cadeia, não viram reféns do crime organizado, não destroem a própria vida e a da família delas em vinganças sem sentido.
Nós homens, temos muito a aprender com elas.
Hoje, daqui a pouco, eu vou sair de casa e me dirigir à praça Oswaldo Cruz, perto da avenida Paulista, aqui em São Paulo, onde haverá uma grande marcha de mulheres pelo 8 de março. Eu vou olhar, aplaudir e homenagear. Acredito que neste momento da história as mulheres estão ensinando aos homens um monte de coisas:
Como lutar sem violência.
Como demonstrar coragem sem agressão.
Como resistir em situações adversas.
Como se organizar para defender seus direitos.
Como sofrer sem destruir a própria vida e a dos outros.
Por isso, entre tantas outras coisas, hoje eu vou me juntar a elas na rua, orgulhosamente.
publicado em 08 de Março de 2018, 16:09