Tente lembrar quais são as justificativas que você mais utiliza para não morrer de peso na consciência ao perceber que não está fazendo as coisas que acredita que deveriam ser feitas. Tente elencar duas ou três. É muitíssimo provável que o "eu não tenho tempo" tenha surgido por aí.

Amigo, estamos juntos, sofremos do mesmo mal.

Hoje, pela manhã, minha dentista mandou uma mensagem perguntando:

"E aí? Fez a radiografia panorâmica?".

Respondi que não.

Ontem à noite a Gabrielle, do PdH, me mandou uma mensagem dizendo:

"E ai? Já terminou o texto do projeto Aramis?".

Respondi que não.

Acabei de entrar no quarto e precisei afastar malas com o pé porque ainda não consegui desfazê-las – e eu cheguei de viagem há 7 dias.

Desculpe, dentista. Desculpe, Gabrielle. Desculpem, pessoas que enviam emails para mim e que ficam sem resposta.

Não faço ideia de como resolver essas questões, há anos que as enfrento.

Mas talvez uma das coisas que você deixa de lado por falta de tempo seja seu planejamento financeiro, e nessa questão, em específico, eu consigo ajudar. Talvez você já tenha utilizado a planilha que seu primo fez. Talvez tenha experimentado o GuiaBolso, o ZeroPaper, o Granatum, o ContaAzul. Talvez tenha tentado implementar o planejamento de papel e caneta que eu costumo explicar por aqui. E talvez tenha sentido que tudo isso demanda tempo e a atenção que você não possui.

Sendo assim, aqui vão dois pitacos para quem quer cultivar uma vida financeira mais saudável, mas abraçou o "não dá tempo" com toda a força e agora não consegue largar.

O passo zero: simplifique sua estrutura bancária

Salvo raros cenários de exceção, é muitíssimo provável que você não precise de nada além de uma única conta corrente e um único cartão de crédito. Só. Não precisa do segundo cartão colorido, nem da conta corrente extra que gera gráficos tridimensionais no aplicativo do celular. Acredite: quanto mais frentes para administrar, maior será o tempo consumido. Parece lógico e óbvio, mas na correria do dia a dia nós deixamos passar.

Programe-se para tirar uma horinha e cancelar tudo o que você não utiliza. Essa pequena penitência poupará um bocado de dor de cabeça.

"Ah, mas eu não pago nada para ter esse maravilhoso cartão verde-água e ele me oferece parcelamento sem juros na loja do José". Se algum dia você realmente precisar desse cartão verde-água, eu garanto que você poderá obtê-lo em minutos.

É importante que seus rituais financeiros sejam fluidos. A conferência de saldo, o extrato, a transferência bancária, tudo isso, necessariamente, tem que ser fácil e claro – a importância disso ficará bem evidente a seguir.

Garanta que você tenha livre acesso a tudo o que precisar (e tenha como meta precisar do mínimo possível). Vá até sua agência e certifique-se de que você consegue acessar sua conta facilmente, pelo computador e, se possível, pelo celular.

Uma conta, um cartão.

Três pontos de apoio para uma vida financeira sem planilhas

Costumo dizer, sem medo de parecer sensacionalista que, se fizer bem feito, um excelente planejamento financeiro não tomará mais do que meia hora por semana. Duas horas para construir, e meia hora por semana, no máximo, para manter. Expliquei um pouquinho do método aqui (e a versão aprofundada está disponível aqui).

Logo mais completo 6 anos como consultor financeiro. No início me parecia bastante improvável que alguém não conseguisse separar uns minutos por semana para olhar para as próprias contas, mas com o tempo entendi que isso é muito, muito comum.

Algo do tipo "você falou que eu preciso sacar dinheiro e utilizar dinheiro de papel, mas esse mês eu não consegui nenhuma brecha para ir até o caixa eletrônico", ou ainda "Amuri, hoje eu não consegui 15 minutos para sair do escritório e almoçar, você acha que eu tive tempo de abrir meu extrato?".

Vamos deixar o julgamento de lado e confrontar a realidade: tem época que é difícil mesmo. Que as coisas se embolam. Que não dá tempo de lavar roupa. Que não dá tempo de ligar pra saber se a mãe está bem. Para essas fases doloridas, precisamos de uma alternativa que nos permita manter as coisas minimamente no eixo. Certifique-se de dar atenção ao primeiro ponto deste texto, antes de colocar os parágrafos abaixo em prática.

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Minha proposta é que trabalhemos com marcos – expliquei esse pequeno esquema em uma roda de conversa, presencial, e me falaram que a palavra "marco" não era boa, que ninguém entendia, que era melhor eu usar "milestone". Seja você um adepto do português de raiz, seja você um fã do anglicismo, o lance aqui delimitar três pequenos pontos de checagem. Dia 1, dia 10 e dia 20.

Com esses pontos delimitados, crie algumas sentenças que sejam capazes de definir se o mês está tranquilo, se está justinho, ou se está pela hora da morte. Algo assim:

  • "Se minha conta no dia 01 está com mais de R$ 2000, quer dizer que está tudo sob controle"

  • "Se minha conta no dia 10 está com mais de R$ 500, tudo certo, tudo em casa, alegria, a próxima rodada é por minha conta"

  • "Se minha conta no dia 20 está com mais de R$ 300, missão cumprida, é só correr pro abraço, deu tudo certo"

ou

  • "Se minha conta no dia 01 está com menos de 1500, hm, mês apertado, seguremos um pouco porque não está fácil pra ninguém"

  • "Se minha conta no dia 10 está com menos de 1000, minha nossa senhora, preciso fechar essa torneira agora"

E por aí vai.

As possibilidades são infinitas. Você precisará de um pouquinho de dedicação para criar essas faixas que serão utilizadas para definir o que é "estar ok". Com elas delimitadas, basta bater o olho no saldo.

Escolha a narrativa que achar melhor, o importante é criar, de fato, os pontos de checagem. A ideia é que, constantemente, tenhamos clareza se as contas estão tranquilas ou não.

Em suma, são três pontos do mês nos quais você dá uma checada rápida na sua conta bancária e pondera se as coisas estão no trilho ou não estão. Essa checagem tem um efeito psicológico poderoso, ela influencia de maneira drástica nosso comportamento dos próximos dias, e renova a nossa sensação de controle, ao menos até o próximo ponto de checagem. Essa sensação de recomeço é fundamental – não é a toa que resolvemos quebrar a vida em anos, os anos em meses, dias, horas…

Expliquei essa pequena estratégia neste vídeo.

"Isso substitui tudo aquilo que todos os planejadores dizem? De ter um controle razoavelmente preciso? De criar uma reserva de emergência?".

Não, amigo, a vida não é tão fácil assim. Mas já é infinitamente melhor do que viver no escuro. É um começo, talvez o mais simples deles. E o melhor: não toma mais do que alguns minutos por mês.

Um desejo secreto: que você coloque tudo isso em prática, que perceba os benefícios, e que logo depois se sinta levemente viciado no pequeno conforto que vem junto com essa dose de controle e que, por conta disso, busque algum método de planejamento mais refinado e completo. Vai valer a pena.

Mecenas: Aramis (com um convite especial para conhecerem a Casa Aramis)

Se você dá valor a cada momento e gosta de viver intensamente. Se está sempre em busca do novo e sabe que suas escolhas definem sua personalidade. Se ser autêntico faz parte do seu estilo de vida, a coleção Primavera-Verão Aramis tem tudo a ver com você.

Mais do que combinar com sua maneira de vestir, combina com sua maneira de ser e pensar.

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Por 6 dias durante Outubro, a Casa Aramis foi a sede do PapodeHomem e a casa dos homens. O PdH foi co-anfitrião do espaço, articulando uma programação com vivências, rodas e conversas.

Tratamos de algumas das tensões chave do masculino: sucesso, trabalho, mundo emocional, sexualidade, dinheiro, indo muito além de estilo e guarda-roupa. Tivemos convidados especiais e livestreaming de todas as atividades.

É uma preciosidade vermos uma marca acreditar em caminhos autênticos de transformação para os homens.

Você pode conferir nossas lives aqui!

Eduardo Amuri

Autor do livro <a>Dinheiro Sem Medo</a>. Se interessa por nossa relação com o dinheiro e busca entender como a inteligência financeira pode ser utilizada para transformar nossas vidas. Além dos projetos relacionados à finanças