"Zazen" é a quinta tira que estou fazendo para a série de ilustrações inspirada no livro Mente zen, mente de principiante, obra-prima de Shunryu Suzuki.
Em cada capítulo, Shunryu Suzuki escreve sobre o zazen, mas nunca dá uma definição completa. Nesse ensinamento, por exemplo, ele diz que zazen é praticar algo com todo o corpo e toda a mente. Ele aborda o zazen de vários ângulos diferentes e dá instruções curtas. Entendo que ele não quer acrescentar mais um conceito para nos atrapalhar. Com um conceito de zazen em mente nós sentaríamos para meditar e ficaríamos pensando em zazen, sem ter a experiência do zazen. Gerar conceitos vai contra o que é a própria proposta do zazen, que é desapegar dos pensamentos.
Esse mesmo apego a conceitos atrapalha a prática do desenho. Muitos desenhistas dizem que aprender a desenhar é também aprender a ver, ampliar a capacidade de observação. Se eu tenho um conceito sobre o que é uma cadeira, tenho dificuldades para realmente observar a cadeira. Assim que eu desapegar desse conceito consigo vê-la da forma como ela se apresenta pra mim nesse momento, e a partir dessa observação consigo desenhá-la.
Não se prender ao resultado, observar o processo, relaxar, se concentrar, estar no momento presente, isso que se desenvolve na prática da meditação é necessário também para desenhar e acho que no processo criativo de qualquer área. Acho muito interessante essa conexão e tenho buscado conectar meditação com as minhas aulas de desenho.
Semanas atrás demos um passo nesse sentido. Continuando o trabalho da querida colega Carol Enguetsu, aluna da Monja Coen e ilustradora, que desenvolveu o "Zazenhos". Organizei o primeiro encontro "Silêncio e Desenho" no Parque da Água Branca em São Paulo, como parte da Virada Sustentável. A proposta, assim como o Zazenhos da Carol é intercalar meditação e exercícios de desenho com a atenção mais voltada ao processo do que ao produto final.
Vamos fazer outros, fiquem ligados por aqui ou na minha página do Facebook.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.