Pensa num clube que fazia tudo certo: essa era a Chapecoense | Mais que um jogo #17

Fiquei pensando se deveria colocar os verbos desse título no passado, mas considerando os fatos, decidi que sim. Agora começa uma nova Chapecoense

Se você fosse criar um time de futebol do zero, o que você faria?

Eu escolheria uma cidade com potencial de crescimento que ainda não tem a identificação com um time local. Uma cidade onde seus moradores, mais por falta de opção do que por convicção, se dividem na torcida por times grandes de cidades próximas maiores.

Depois eu construiria um estádio que não tivesse uma capacidade enorme e, por isso mesmo, desnecessária. E aproveitaria esse fator para criar um ambiente acolhedor para o meu time tanto quanto desconfortável para os adversários.

Certamente, não gastaria mais do que sou capaz de arrecadar. Estabeleceria um modelo de gestão com responsabilidade financeira, mesmo que isso significasse crescer menos e mais devagar. Assim, eu buscaria primeiro patrocinadores locais enquanto ganho espaço e visibilidade para atrair patrocinadores maiores.

Por último, traçaria um plano de desenvolvimento esportivo pé no chão, um passo de cada vez. Primeiro me dedicando ao campeonato regional que dá uma vaga na última divisão nacional. Daí procurar fazer uma boa campanha que me dê acesso a série seguinte. Nela, me estabelecendo e procurando subir sucessivamente até a divisão principal. Tudo isso, de preferência, tentando manter os resultados positivos dentro de casa que, além de ajudar a conseguir mais torcedores, já são praticamente suficientes para dar uma certa estabilidade à nossa permanência na elite.

Com essa tal estabilidade e um pouco de sorte, quem sabe possamos conquistar mais sucesso num campeonato eliminatório. Estes permitem mais imprevistos e assim nosso time pode acabar superando equipes com mais investimento e tradição. Avançando, conseguimos mais exposição, aceleramos nosso crescimento e podemos até acabar conquistando um título para nossa torcida comemorar.

Parece uma receita simples demais, mas foi basicamente isso que a Chapecoense fez durante sua breve história no futebol brasileiro.

O sonho

A Associação Chapecoense de Futebol foi criada por esportistas da cidade de Chapecó, no oeste do estado de Santa Catarina, interessado em criar um clube de futebol profissional que representasse a cidade. Assim, em 10 de maio de 1973, Heitor Pasqualotto, Alvadir Pelisser, Altair Zanella, Lorário Immich e Vicente Delai fundaram a associação que no começo se tratava da fusão de duas equipes amadoras: o Atlético Clube Chapecó e o Independente Futebol Clube, dos quais eles eram torcedores.

A ideia agradou a população, os políticos e os empresários locais e o clube logo começou a receber o apoio de todos. Conta a história que a primeira equipe do clube foi formada por jogadores que não recebiam salários e que até tinham outras profissões. Eles entravam em campo com nada mais do que um jogo de uniformes doado por um comerciante da cidade e a própria vontade.

Meses depois veio a formação da primeira diretoria e da primeira equipe profissional. A Chapecoense começou disputando amistosos, mas logo conseguiu o direito de disputar o Campeonato Catarinense e, apenas quatro anos depois de sua fundação, o clube conquista seu primeiro título: o estadual de 1977, com direito a vitória sobre o Avaí, equipe tradicional da capital do estado.

Depois de chegar a finais em 1978, 1991 e 1995 sempre batendo na trave, a Chapecoense conquistou o título estadual novamente em 1996 em episódio polêmico no qual os torcedores soltaram fogos de artifício durante toda a madrugada em torno do hotel onde o Joinville, adversário da final, ficou hospedado. Em protesto, a equipe rubro negra que tinha vencido a primeira partida por 2 a 0, se recusou a entrar em campo causando um imbróglio que só foi resolvido meses depois, em partida disputada no dia 18 de dezembro. Com a vitória por 1 a 0, a Chapecoense levou o jogo pra prorrogação, onde venceu novamente por 1 a 0, desempatando o confronto segundo o regulamento da época.

​Até hoje, faixas são levantadas em jogos contra o Joinville em alusão ao ocorrido.

O episódio é visto com orgulho pelos torcedores chapecoenses, mas também se tornou num marco do início de uma fase terrível na história da entidade. Depois do título de 1996, a associação empilhou campanhas terríveis, como a penúltima colocação no campeonato catarinense de 2001 e geração de uma dívida que culminou na falência do clube em 2003.

Após uma manobra jurídica e parceria com algumas empresas, a Chapecoense mudou de nome para Associação Chapecoense Kindermann/Mastervet. Mas a parceria durou pouco e logo o clube passou a ser gerido novamente por empresários locais que herdaram uma dívida de R$ 1,5 milhão e logo a quitaram destinando 30% de toda a arrecadação apenas para seu pagamento.

A Chapecoense, então, voltou ao nome original e de 2005 em diante entrou nos trilhos que lhe garantiram relevância nacional. Sem nunca mais desviar da conduta de gestão com equilíbrio financeiro, o clube foi se reerguendo e acumulando boas campanhas.

Em 2006 foi campeã da Copa Santa Catarina. Em 2007, campeã do Campeonato Catarinense. E finalmente em 2009, após o vice campeonato estadual, a Chapecoense conquista vaga na Série D novamente, mas dessa vez fica entre as melhores, chega às semifinais e garante o acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro do ano seguinte, dando início à fase mais gloriosa de sua história na mesma época em que sua casa, a Arena Condá, começou a ser remodelada e ganhar as dimensões e características de hoje em dia.

O ano seguinte, porém, não foi dos sonhos para os torcedores e a Chapecoense só não foi rebaixada no estadual porque outra equipe abandonou as atividades profissionais, cedendo sua vaga na edição seguinte. Na série C, porém, a equipe de Chapecó terminou na 7ª colocação, sem riscos de rebaixamento.

Em 2011, a Chapecoense contou com o reforço de jogadores mais conhecidos como Aloísio e Douglas Grolli para conquistar o título estadual, mas a nível nacional, a equipe bateu na trave sendo eliminada nas quartas de final pelo atual Boa Esporte com dois empates (um 0 a 0 e um 1 a 1), sendo que classificar para as semifinais significaria o acesso.

Mas o time não esmoreceu e no ano seguinte continou brigando. Na primeira participação da história na Copa do Brasil, derrota para o Cruzeiro na segunda fase. No Campeonato Estadual, eliminação para o Avaí na semifinal. Mas o melhor ficou guardado para o final. Depois da classificação na fase de grupos enfrentou a equipe do Luverdense e contou com a pressão da Arena Condá para abrir 3 a 0 no confronto. Na volta, mesmo com a derrota por 1 a 0, a cidade inteira pôde comemorar a garantia de estar entre as 40 melhores equipes do futebol brasileiro em 2013. Lugar de onde a Chapecoense nunca mais saiu.

Se 2012 foi um ano excelente para as pretensões da Chape, 2013 não deixou por menos. Com o objetivo de apenas se manter na segunda divisão, a equipe começou o campeonato de maneira arrasadora com um aproveitamento de 83,3% dos pontos, muito acima do necessário até para ser campeã. Dessa forma, liderou a competição durante um longo período e atualizou o objetivo: agora, a torcida sonhava com a elite do futebol brasileiro. Expectativa correspondida com duas rodadas de antecedência.

No mesmo ano, a Chapecoense conseguiu finalmente quitar a dívida que vinha sendo parcelada desde 2005. O alívio nos cofres foi uma dos fatores que contribuíram para que a equipe, na Série A desde 2014, jamais tenha corrido risco de rebaixamento.

Com uma campanha segura construída principalmente pelas vitórias como mandante, a Chapecoense se consolidou como uma equipe de primeira divisão e começou a sonhar com objetivos maiores. Foi justamente o caso de 2016. Estável como um das 20 melhores agremiações do país nos últimos três anos, a Chape tratou de se livrar do risco de rebaixamento mais uma vez e passou a se dedicar principalmente à campanha que fazia na Copa Sul-Americana.

Depois de ser eliminada pelo poderoso River Plate, da Argentina, nas quartas de final de 2015, a sensação catarinense veio com força total em 2016 e construiu uma campanha digna da tradição dos melhores times ‘copeiros’ do futebol brasileiro. Com vitórias maiúsculas, mas também com classificações em decisões nos pênaltis e na base dos critérios de desempate, a Chapecoense eliminou equipes tradicionais da América do Sul, como o San Lorenzo, para chegar à final da competição de forma heroica.

Era a primeira participação da equipe numa final internacional. Na verdade, era a primeira vez de qualquer equipe do estado de Santa Catarina inteiro. E foi justamente quando a Chapecoense sonhava com o momento mais sublime de sua história, uma catástrofe transformou tudo em pesadelo.

O pesadelo

Depois de ser personagem da partida que consagrou o Palmeiras campeão brasileiro de 2016, a Chapecoense pretendia fretar um voo direto de São Paulo para Medellín, onde enfrentaria o Atlético Nacional na final da Copa Sul-Americana.

Por conta do Acordo Bilateral de Transporte Aéreo assinado na Convenção de Chicago, porém, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não permitiu a decolagem, já que o avião fretado tinha bandeira boliviana, ou seja, não era nem do país de origem nem de destino da viagem, o que é vedado pelo acordo entre Brasil e Colômbia.

O fato alterou a programação da Chapecoense que decidiu, portanto, pegar um voo comercial da companhia boliviana BoA até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde o avião fretado que levaria a delegação até a capital colombiana aguardava. Segundo fontes, a direção do clube optou por essa logística porque tinha contrato de viagem com a empresa aérea boliviana e já tinha pagado pelo fretamento do voo. Utilizá-lo, mesmo que fosse somente a partir do país vizinho, era uma forma de não desperdiçar o dinheiro. O clube já tinha adotado essa estratégia em fase anterior da mesma competição.

A equipe saiu de Guarulhos um pouco atrasada, por volta das 16h de segunda-feira (28/11), já que o voo estava previsto para as 15h30. Alguns jogadores, animados pela oportunidade de disputar uma final internacional, chegaram a gravar alguns vídeos dentro dessa aeronave.

Link Youtube – Zagueiro Filipe Machado grava vídeo antes da decolagem do voo de Guarulhos para Santa Cruz de la Sierra.

Depois de um primeiro trecho tranquilo, a delegação mudou de aeronave e tomou um avião de modelo Avro Regional Jet 85, também conhecido como Jumbolino, de fabricação da British Aerospace e matrícula CP-2933 que estava sob posse da companhia aérea privada LaMia Corporation desde 2013. Ele foi fabricado em 1999 quando serviu à companhia regional americana Mesaba. Em 2007 passou para a empresa irlandesa CityJet e chegou a voar também pela AirFrance até finalmente ser comprado pela LaMia.

A Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación (LaMia) foi originalmente constituída na Venezuela em 2009 e depois se mudou para a Bolívia. A companhia tinha sede em Santa Cruz de la Sierra, tinha duas aeronaves como propriedade e vinha se especializando em voos não regulares (charter) como este.

Segundo o prefeito de Chapecó, Miguel Quiroga, o piloto da aeronave, era um dos donos da companhia, 'já tinha trabalhado em outros voos da própria equipe, era um sujeito calmo que transmitia tranquilidade até pela voz e declarava ter se tornado um grande fã da equipe'.

O avião possuía quatro turbinas, 28,6 metros de comprimento, 26,1 de largura e 8,61 de altura máxima, o que configura um jato de pequenas proporções com capacidade para 95 pessoas, recomendado para viagens de 3000 Km e excelente para pousos e decolagens em pistas curtas. A aeronave tinha 17 anos e 8 meses de atividade, o que é considerado pouco pelos especialistas em aviação, mas depois de 387 unidades construídas entre 1983 e 2002, parou de ser produzido, segundo consta, por ter se tornado obsoleto quanto ao consumo de combustível se comparado com aeronaves semelhantes.

Vale dizer, porém, que a mesma aeronave, dessa vez personalizada com o escudo da Chapecoense na fuselagem, muito recentemente fora usada em voos das seleções da Bolívia e da Argentina quando ambas vieram jogar no Brasil em partidas válidas pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo na Rússia.

Companhia aérea de fretamento tinha personalizado a aeronave com o escudo da Chapecoense.

O voo seguiu normal até que a aeronave se aproximou do Aeroporto José María Córdoba, de Medellín. Segundo as autoridades locais, a torre de controle recebeu uma mensagem do avião às 22h no horário local, 01h do dia 29 de novembro no horário de Brasília, comunicando emergência por 'falhas elétricas'.

Nesse momento, o que se sabe é que o tempo estava péssimo, com fortes tempestades e neblina, numa região montanhosa. Pelo que foi apurado até o momento, um Airbus A320 da VivaColombia que havia decolado de Bogotá com destino à ilha San Adrés, no caribe colombiano, às 20h20 locais. Porém, 50 minutos depois, às 21h10, o avião fez uma curva de 180º e começou imediatamente a descer em direção ao aeroporto de Medellín alegando perda de combustível. Essa aeronave se aproximou do aeroporto às 21h44 e tocou o solo às 21h52. Justamente o horário em que o avião da LaBia pedia autorização para pousar, também com alerta de emergência. O AirBus pode ter ganhado prioridade para aterrizar por ter o dobro da tripulação do Jumbolino.

Por conta dessa coincidência de horário, a aeronave tripulada pela delegação da Chapecoense foi obrigada a fazer duas voltas de 360º no sentido anti-horário há cerca de 7 km de distância do aeroporto para aguardar autorização para aterrizagem. O que se sabe até agora, porém, é que o avião começou a perder altitude e velocidade pouco antes de perder o contato com a torre de controle às 21h55, 0h55 em Brasília.

Desde o começo, especialistas trabalham com a hipótese de uma pane seca por conta do avião não ter explodido - fato que geralmente acontece quando uma aeronave se choca com o chão. Os relatos das autoridades locais de que não havia sinal de combustível no tanque e nas cercanias do local do acidente e o fato de outro avião ter tido problema com combustível nas proximidades soma-se ao fato de que a distância entre Santa Cruz de la Sierra (decolagem) e Medellín (aterrizagem) era muito próxima do limite que o tanque de combustível da aeronave permitia, ou seja, permitia pouca margem pra erro. O estranho é que a recomendação internacional é de que os aviões tenham capacidade extra de no mínimo 40 minutos a mais de voo do que o previsto. De qualquer forma, as duas caixas-pretas do avião já foram encontradas e técnicos da fabricante inglesa viajaram da Inglaterra para a Colômbia hoje, durante o dia, para investigar o que aconteceu com a aeronave junto às autoridades da Aeronáutica Civil Colombiana .

Fato é que depois de perder a comunicação, o avião se chocou com o chão numa região montanhosa entre os municípios de La Ceja e La Union conhecida como Cerro Gordo e se partiu em três pedaços. O local, no Departamento de Antióquia, a cerca de 50 km da capital colombiana, é de difícil acesso e dificultou muito o trabalho de resgate. Repórteres da região diziam que o vale no meio das montanhas no qual o avião caiu fica a cerca de 40 minutos a pé em mata densa da estrada mais próxima. Ambulâncias não conseguiram chegar perto do local e o transporte das vítimas precisou ser feito por caminhonetes 4x4 de moradores da região.

A Força Aérea Colombiana disponibilizou dois helicópteros para procurar pelas vítimas, mas as buscas chegaram a ter que ser interrompidas durante a madrugada, pois a visibilidade era baixa, havia neblina, chuva forte e a temperatura chegava a -5º C.

Quando as buscar foram retomadas, informações desencontradas começaram a chegar ao Brasil e foram dando conta do resgate com vida de cinco pessoas: três jogadores, um jornalista e uma aeromoça. Mais tarde houve a confirmação do resgate de mais um jogador e um técnico. Os demais passageiros do voo que partiu, segundo a lista oficial, com 81 pessoas a bordo foram dados como mortos.

Um dos jogadores resgatados, o herói da classificação da Chapecoense para a final da competição, porém, não sobreviveu aos ferimentos e faleceu no hospital: trata-se do goleiro Danilo, que fazia grande temporada.

Os demais sobreviventes são Neto (zagueiro), Alan Ruschel (lateral), Follmann (goleiro), Rafael Henzel (jornalista), Ximena Suárez (comissária) e Erwin Tumiri (mecânico). Desses, Follmann teve uma perna amputada e Neto segue em estado grave.

Às 19h de Brasília, o diretor geral da Unidade Nacional para Gestão de Risco de Desastre anunciou oficialmente o fim da operação de busca e resgate das vítimas, após retirar 71 corpos e ter a confirmação de que quatro pessoas não embarcaram. Sendo elas: Luciano Buligon (prefeito de Chapecó), Plínio David de Nes Filho (presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense), Gelson Merisio (presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina) e Ivan Carlos Agnoletto (jornalista da rádio Super Condá).

A lista das vítimas fatais, segue abaixo:

Imprensa:

Victorino Chermont; Rodrigo Gonçalves; Devair Paschoalon; Lilacio Júnior; Paulo Julio Clement; Mario Sergio Paiva; Guilherme Marques; Ari Júnior; Guilherme Laars; Giovane Klein; Bruno Silva; Djalma Neto; André Podiacki; Laion Espindula; Renan Agnolin; Fernando Schardong; Edson Ebeliny; Gelson Galiotto; Douglas Dorneles; e Jacir Biavatti.

Diretoria:

Nilson Folle Júnior; Decio Burtet Filho; Edir de Marco; Ricardo Porto; Mauro dal Bello; Jandir Bordignon; e Dávi Barela.

Convidados da delegação:

Delfim Peixoto Filho.

Comissão técnica:

Caio Júnior; Duca; Pipe Grohs; Anderson Paixão; Anderson Martins; Dr. Marcio; Gobbato; Cocada; Serginho; Adriano; Cleberson Silva; Maurinho; Cadu; Chinho di Domenico; Sandro Pallaoro; Cezinha; e Giba.

Atletas:

Danilo; Gimenez; Bruno Rangel; Marcelo; Lucas Gomes; Sergio Manoel; Felipe Machado; Matheus Biteco; Cleber Santana; William Thiego; Tiaguinho; Josimar; Dener Assunção; Gil; Ananias; Kempes; Arthur Maia; Mateus Caramelo; e Aílton Canela.

Tripulação:

Miguel Quiroga; Ovar Goytia; Sisy Arias; Romel Vacaflores; Alex Quispe; Gustavo Encina; e Angel Lugo;

Desportivamente falando, a Conmebol imediatamente adiou indeterminadamente a partida da próxima quarta-feira.

A CBF adiou a partida de volta válida pena final da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético Mineiro que estava marcada para esta quarta-feira (30/11) para a próxima semana (07/12), também a pedido dos clubes.

A CBF adiou também a rodada final do Campeonato Brasileiro que seria disputada no próximo domingo (03/12) e agora será disputada no outro final de semana (10/12).

Os clubes brasileiros também assinaram uma carta na qual se comprometem a emprestar gratuitamente jogadores à Chapecoense na próxima temporada, além de pedirem a imunidade da equipe contra o rebaixamento pelas próximas três temporadas para que o clube possa se reerguer.

O Palmeiras, campeão brasileiro, pediu autorização à CBF para que possa disputar a última rodada do campeonato com a camisa da equipe catarinense. Os patrocinadores do clube paulista já autorizaram a homenagem, faltando apenas a autorização da própria CBF e da Adidas, que é a fornecedora de material esportivo do clube. Existe um movimento para que todas as equipes da Série A façam o mesmo.

Os internautas se mobilizaram na rede para tentar eleger o goleiro da Chapecoense morto nesta terça-feira, Danilo, como o craque da galera da edição 2016 do Campeonato Brasileiro. O prêmio é o único da competição que depende do voto popular e cada time tem apenas um representante. Segundo o site globoesporte.com onde a votação é realizada, o jogador já assumiu a liderança da votação.

Da mesma forma, internautas estão se mobilizando para virar sócio-torcedor da equipe catarinense, contribuindo financeiramente para a equipe se reerguer. O plano mais barato do time custa R$ 16 mensais.

Os clubes brasileiros ainda iniciaram uma campanha logo pela manhã onde todos mudaram suas fotos nas redes sociais para o escudo em preto e branco da Chapecoense. A campanha que tinha como mote "Hoje somos todos Chapecoense" se expandiu e vários clubes de outras divisões do campeonato e também de outros países fizeram o mesmo.

Jogadores de futebol, clubes, ligas profissionais e até atletas de vários outros esportes demonstraram suas condolências, fizeram homenagens ou demonstraram consternação com o acidente mais grave da história do esporte brasileiro e o maior acidente aéreo da história do futebol.

O Atlético Nacional, adversário da Chapecoense na final da Copa Sul-Americana mostrou todo seu apoio à Chapecoense e enviou pedido oficial à Conmebol pedindo para considerar a equipe brasileira automaticamente campeã da competição.

A tendência é que o pedido se confirme e a Chapecoense conquiste não só o seu primeiro título internacional, como também o direito de disputar a próxima edição da Copa Libertadores da América e a Recopa Sul-Americana contra o próprio Atlético Nacional.

Torcedores da equipe estão se mobilizando para organizar uma homenagem a equipe brasileira no dia e horário em que a partida seria realizada, pagando ingressos que seriam revertidos em doação para a Chapecoense.

O clube colombiano também soltou nota oficial no seu site dizendo que independente da decisão da entidade, considerará para sempre a Chapecoense campeã.

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Nota da edição: este artigo faz parte da série Mais que um jogo e foi feito extraordinariamente em homenagem às vítimas do acidente e também às famílias e amigos dessas pessoas.

Na medida do possível, atualizaremos o post com mais informações, links e imagens.

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Atualizações:

 


publicado em 29 de Novembro de 2016, 22:34
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Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a Jornalismo Júnior, organizou campeonatos da ECAtlética e presidiu o JUCA. Siga ele no Facebook e comente Brenão.


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