Os perigos de ficar preso na sua zona de conforto (e como tentar sair dela)

A vida começa onde termina essa inércia!

A zona de conforto pode ser sedutora, irresistível, “familiar” e igualmente desastrosa. Essa condição na qual tantas vezes nos prendemos pode ser definida como a nossa tendência a fazer o que é fácil, cômodo e conhecido, sem intenção de interromper ciclos viciosos e improdutivos ou de começar algo novo ou desafiador, que demande autodisciplina, motivação e comprometimento e que cause dispêndio extra de energia e nos tire da inércia.

A origem da palavra conforto vem do latim, cumfortare, e significa aliviar a dor ou a fadiga. Está associado a “um estado prazeroso de harmonia fisiológica, física e psicológica entre o ser humano e o ambiente”. É a nossa tendência de evitar os medos, a ansiedade ou algum tipo de desgaste. Sendo assim, tendemos a ficar num território onde podemos predizer e controlar os acontecimentos. Que pode garantir um desempenho constante, porém limitado e com uma pseudo sensação de segurança. É a famosa inércia, já explicada por Newton.

Daqui não saio, daqui ninguém me tira.

Causas

As causas mais frequentes que nos fazem ficar na zona de conforto são:

  • Preguiça: Quando o indivíduo sente cansaço, falta de energia, apatia, desinteresse, depressão, ansiedade, culpa, desmotivação ou tudo ao mesmo tempo…
  • Soberba: Quando ele não sente necessidade de aprender nada ou de aprimorar-se, por achar-se pronto, “brilhante” e perfeito (“síndrome do copo cheio”).
  • Medo: Quando tem receio de enfrentar os próprios medos: medo do desconhecido, dos riscos, das incertezas, do que pode acontecer, de perder controle ou do que os outros possam pensar.
  • Miopia: Quando não se têm claros os impactos e as consequências de algumas atitudes e comportamentos em nossas vidas, no médio e longo prazos.
Em time que está ganhando, não se mexe.

Consequências

O maior problema é que esse estado letárgico, reativo e confortável traz várias consequências. A maioria delas, você vai precisar aprender a evitar se quiser realizar seus projetos:

  • Desperdício do próprio talento: que é um processo de auto-sabotagem… Apesar da pessoa ter muito potencial, não consegue otimizá-lo nem transformá-lo em performance (como uma mina de diamantes lacrada, inexplorada e improdutiva).
  • Impactos negativos na carreira, na imagem e na empregabilidade: ao invés da pessoa ter uma carreira ascendente e bem sucedida, fica estagnada ou até involui profissionalmente.
  • Pode acarretar prejuízos à saúde (sedentarismo, obesidade ou dependência química), ao intelecto (perda de memória, de raciocínio e de agilidade mental), à psique (imaturidade, dependência, insegurança e áreas cegas) e à dimensão espiritual (falta de altruísmo, de senso de propósito e da capacidade de ajudar as outras pessoas).
  • Pode fazer com que invistamos pouco no nosso autodesenvolvimento, que está ligado a aprender, a mudar nossos comportamentos, a evoluir e a buscar nosso sucesso.
Eu até posso, só não quero.

Dicas

Por isso, aqui vão algumas dicas para não ficarmos na nossa zona de conforto e sermos pessoas realizadas, equilibradas e bem-sucedidas :

Sonhem grande!

Sejam muito competentes e comprometidos em tudo que fizerem.

Sejam muito curiosos, nunca parem de estudar e aproveitem ao máximo os cursos que fizerem;

  • Leia muito;

Ler nos traz novas ideias e nos tira da prisão da realidade em que vivemos.

  • Façam intercâmbio no exterior;

Se tiver condições, viajar tem um impacto ainda maior do que ler porque te coloca de fato em novas situações.

  • Faça parte de alguma entidade na sua área/faculdade/sociedade;

O trabalho coletivo gera uma responsabilidade maior, já que você assumiu o compromisso com com os outros e sabe que eles dependem de você. Isso vai acabar te beneficiando em outras áreas da vida.

  • Fiquem completamente fluentes em inglês e espanhol;

Se o idioma molda nossa maneira de ver o mundo, aprender um novo idioma vai te fazer enxergar as coisas de maneira diferente. De quebra, você está se qualificando.

  • Preocupe-se com a imagem que projeta para os chefes, clientes, fornecedores, colegas, professores, etc;

É claro que a paranoia deve ser evitada, mas se preocupar com a imagem que você projeta pode ser a motivação que você precisava pra mudar, caso o compromisso com você mesmo não esteja funcionando.

  • Pratiquem esportes coletivos/aventura;

A mesma ideia do fazer parte de uma entidade vale para a prática de esportes, com o bônus de liberar hormônios e outras substâncias no seu corpo que vão fazê-lo querer continuar em movimento. 

  • Façam trabalhos voluntários;

Quando cortamos a motivação financeira por trás de um trabalho, descobrimos a verdadeira motivação pela qual fazemos as coisas e nisso o trabalho voluntário é imbatível.

  • Administrem seu tempo e sua energia com sabedoria (prazer + dever);

Parte importante de sair da zona de conforto é ter certeza com o que vale a pena gastar sua energia, caso contrário você vai tentar atacar em muitas frentes, acabar se frustrando por não alcançar o objetivo em nenhuma delas e voltar para a zona de conforto num estádio bem mais preocupante.

  • Tenham lazer muito saudável e gratificante.

Lembra quando falei sobre as substâncias que praticar esportes libera no nosso corpo? Então, o princípio do lazer é o mesmo, você vai estar ensinando o seu corpo que se mexer traz sensações muito boas.

Eu recomendo que você faça dessas dicas uma lista e vá acrescentando item por item na sua vida. Com sorte, antes de chegar na metade você nem vai mais saber o que é zona de conforto.

***

Nota da Edição: Este texto é fruto da parceria de conteúdo entre o PapodeHomem e a Endeavor Brasil. Desde julho, estamos republicando quinzenalmente às terças-feiras artigos sobre trabalho e negócios que interessem ao nosso público com a assinatura do portal com mais autoridades no assunto no país. O artigo de hoje é pode ser lido originalmente aqui.


publicado em 01 de Novembro de 2017, 00:05
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Sandra Betti

Psicóloga com Mestrado em Psicologia Social pela PUC-SP, com especialização em Harvard e Michigan, e com certificação como Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute de NY. É professora no MBA da Fundação Dom Cabral e do Grupo Positivo e Sócia-diretora da MBA Empresarial.


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