Os cinco tipos de resoluções pro final de ano que você não vai cumprir

Resoluções de Ano Novo?

Quem nunca fez uma, que atire a primeira promessa. Todos nós já fizemos e certamente vamos continuar fazendo. Afinal, o começo do ano é uma oportunidade ideal para renovarmos aquelas juras que provavelmente nunca cumpriremos, já que Resoluções de Ano Novo são criaturas com uma expectativa de vida bem baixa: poucas conseguem chegar vivas ao final de janeiro, e somente uma ou outra sobrevive ao carnaval.

Isso não vale para absolutamente todas as Resoluções de Ano Novo, mas certamente se aplica a maior parte delas. Muitas podem até se tornar realidade, mas a maioria mesmo nunca deixa de ser promessa; são apenas símbolos do desejo de que o ano seja melhor que o anterior. Eu mesmo, nos quase quarenta Anos Novos que vivi, não cumpri a maioria das minhas resoluções. Aliás, existem alguns tipos de Resoluções de Ano Novo que parecem ter sido feitos justamente para não serem cumpridas.

Os votos de ano novo são que nem os balõezinhos: todo mundo acende e vê se perder no espaço negro da noite ou, no caso, das lembranças

Para observamos alguns deles, basta escolher uma família qualquer no primeiro dia do ano. De preferência, após o almoço, quando estão reunidos na sala, conversando preguiçosamente. Todos comeram bem, beberam bastante, o tio derrubou molho na camisa branca e as crianças brigaram pela última coxa do peru. Agora, todos estão na sala conversando, menos o avô que foi deitar e o neto mais velho, que está mais afastado folheando um livro.

Ainda não estão falando sobre suas resoluções para o próximo ano, mas isso vai acontecer no próximo parágrafo, com uma tia puxando o assunto. Toda família tem uma tia que puxa esse tipo de conversa, e o mesmo acontece com a família que estamos observando. Assim, a tia desta família dá um último gole no café e, aproveitando um momento de silêncio, anuncia sua declaração de Ano Novo.

– A partir de segunda-feira eu vou começar o regime. E este ano irei à academia todos os dias, diz a tia, torcendo para que ninguém se lembre de que, meia hora atrás, ela estava comendo seu terceiro prato de lombo com maionese.

– Mãe, você fala isso todo ano, responde sua filha, deitada no tapete da sala.

– Desta vez eu estou falando sério. Este ano vou levar a sério.

– Você também fala isso todo ano.

E era verdade. Nos últimos dez anos, a tia havia afirmado que iria levar a dieta e o regime em todos eles. Este é o primeiro tipo de Resolução de Ano Novo: a promessa que é feita religiosamente todo ano. E toda vez que ela é feita, vem acompanhada da frase “este ano vou levar a sério”. Outro exemplo desta categoria? O clássico “este ano vou parar de fumar”.

Mas vamos voltar à sala. Incomodada com a resposta da filha, a tia resolve fazer com que o foco da conversa não seja mais sua lendária dieta anual que não dura nem quinze dias, e pergunta:

– E você, Marcela? Qual vai ser sua resolução para este ano?

– Arrumar um namorado, responde a garota, depois de pensar uns instantes.

– Isso não depende de você, interrompe um dos primos.

O primo tem razão. Afinal, esta é a segunda categoria das Resoluções de Ano Novo: prometer fazer algo que não se faz sozinho, pois normalmente depende de a) outra pessoa, b) do destino, c) do acaso, d) de todos os anteriores. “Começar a namorar” é o segundo exemplo mais famoso desta categoria. O primeiro é o clássico “este ano vou ficar rico” -- que sempre é prometido por pessoas aparentemente incapazes de escolher “este ano vou guardar dinheiro” como resolução e que normalmente já começam a pensar no 13º ainda no primeiro semestre.

Amor de promessa de ano novo não sobe a serra também

– Claro que depende. Eu preciso estar aberta a um relacionamento.

– Mas não é apenas isso. Para namorar, você precisa encontrar alguém.

– Eu sei.

– E este alguém precisa querer namorar.

– Sim, eu sei disso, Fernando.

– Aliás, este alguém precisa não apenas querer namorar, mas querer namorar você.

– Nossa, Fernando, como você é chato! Eu sei de tudo isso! Minha resolução de Ano Novo deveria ser não falar mais com você!

– Isso também não depende apenas de você. Depende também de mim.

–Você é muito chato! Já que você sabe tanto sobre resoluções de Ano Novo, qual é a sua?

Fernando, sentado no canto da sala, se endireita na cadeira, como quem vai fazer uma revelação importante. Espera alguns segundos e avisa que:

– Este ano eu vou arrumar um emprego.

Ele mal consegue terminar a frase, já que todos caem na risada.

– Do que vocês estão rindo?

Quem responde é seu irmão.

– É claro que você vai arrumar um emprego! No dia que você tomou bomba na faculdade, a mãe disse que se você não começar a trabalhar ela vai te colocar para fora de casa!

Aqui vemos que Fernando usou o terceiro tipo das Resoluções de Ano Novo: prometer algo que terá que ser feito de qualquer jeito. Claro que é algo que pode ser visto como unir o útil ao agradável, mas também pode ser visto como enorme falta de ambição -- em alguns casos, até mesmo como oportunismo. Pode até se tornar realidade, mas não como Resolução de Ano Novo, e sim como tarefa.

– Você tomou bomba?, pergunta a prima.

– Você tomou bomba de novo?, corrige o tio.

– De novo. Por isso a minha resolução este ano será fazer esse menino entrar na linha, diz a mãe de Fernando, num outro exemplo clássico do segundo tipo de Resoluções de Ano Novo. Sua promessa depende exclusivamente de Fernando, e seria mais fácil de ser cumprida se ela soubesse que a verdadeira resolução de Ano Novo de Fernando -- que ele não contou para ninguém -- não envolve arrumar um emprego, mas sim largar a faculdade e morar na praia com a namorada.

– Esse moleque nunca vai entrar na linha, quem fala agora é o pai de Fernando.

– Vai sim. E vai este ano. Vai ser a minha resolução de Ano Novo. E vai ser a sua também.

Este é o quarto tipo de Resoluções de Ano Novo: aquela em que outra pessoa escolhe a promessa por você. Normalmente não dá certo, porque a pessoa já escolheu outra resolução -- no caso de Jonas, pai de Fernando, era algo sobre o Palmeiras, mas, dado o tom de voz que sua esposa está usando, ele acha melhor guardar essa promessa para ele.

Todos ficam em silêncio por alguns instantes. A tia aproveita para ir até a cozinha, já que como seu regime começa somente na próxima segunda-feira, um pedaço de bomba de chocolate não vai matar ninguém. É seguida pelo marido que, em dúvida se anunciava sua resolução para o próximo ano (beber menos) ou ver se sobrou cerveja na geladeira, escolheu a segunda alternativa. Assim, quem volta ao assunto é Roberta, outra prima, que está num banquinho perto da janela.

– Este ano eu quero mesmo é ser feliz.

Todos ignoram seu comentário, clássico exemplo do quinto tipo de Resoluções de Ano Novo: as promessas genéricas. "Quero ser feliz”. “Quero ver minha vida avançar”. São tão genéricas que se tornam impossíveis de se realizarem.

A conversa continua, com cada um falando sua promessa. Todas elas têm algum em comum: não serão cumpridas. Serão adiadas, com a desculpa de que “o ano ainda está começando, vou colocar umas coisas em ordem antes de começar o que prometi” até que todos percebem que já estão no outro Ano Novo, e é hora de renovar sua resolução (ou inventar uma nova), apenas para não cumpri-la mais uma vez.

Com cada um contando sua resolução e opinando sobre as dos outros, ninguém percebe que o avô acordou e agora está sentado do outro lado da sala, ao lado do neto mais velho. Aliás, estavam tão entretidos com suas promessas de Ano Novo que nem haviam percebido que o moleque estava ali.

– O que você está fazendo?

– Olhando uns guias de viagem. Estou pensando em viajar este ano, vô.

– Isso é bom. Quando a gente viaja, a gente sempre aprende algo.

– Verdade. Quero conhecer outro país, lugares e pessoas diferentes. Quero fazer isso este ano, então estou me preparando.

O desconhecido (Foto: 13th Witness)

– Essa é sua resolução de Ano Novo?

– Oi? Não, não. Não é uma promessa. É um plano.

O avô sorri.

– Assim é melhor.

– Quero aprender coisas diferentes, vô. Acho que querer aprender algo é uma decisão que vale para a vida inteira e não somente para o Ano Novo. E tomar esta decisão depende apenas de mim.

O avô sorriu. Olhou para as pessoas da família do outro lado da sala. Estavam prometendo as mesmas coisas dos anos anteriores, e que como sempre, não se tornariam realidade. Não tinha paciência para aquilo.

Olha de volta para o neto.

– Me conta mais. Você já escolheu para qual país vai?

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publicado em 18 de Dezembro de 2014, 00:00
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Rob Gordon

Rob Gordon é publicitário por formação, jornalista por vocação e escritor por teimosia. Criador dos blogs Championship Vinyl e Championship Chronicles.


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