Lembro como se fosse há mais de 10 anos: a estreia de Velozes e Furioso.
Ok, um filme bobo, com roteiro mais furado que a defesa do Atlético Mineiro e atores medíocres. Porém, um fato fez desse longa um marco para certa geração (a minha, especialmente): os carros. Foi a primeira vez que o cinema havia retratado de modo tão fiel e sedutor o mundo paralelo que envolve os aficcionados por design de veículos.
Ao sair do cinema, ainda tomado pela impacto do filme e motivado pela clara ânsia adolescente da epoca, saí a procura de carros rebaixados ou que pelo menos se assemelhavam ao do filme.
É claro que não encontrei. Não de cara.
Porém, pela primeira vez percebi que todos os carros eram iguais. As customizações eram bastante piegas e até mesmo parecidas. Um rebaixado aqui, um adesivo ali e uma roda orbital acolá. Nada realmente conceitual e que fosse uma extensão da personalidade do dono. Algo que deixasse o carro falar por si próprio.
Ou seja: lugar de customização de verdade só em salões e exposições.
Uma pena. Para as ruas.
É claro que o filme criou tendências. Com a chegada de Vin Diesel e seus amigos veio junto a modinha do tuning para mudar a mesmice das ruas cinzentas. Era carro colorido e rebaixado com neon para todos os lados. E sem preconceito de credo, cor ou classe social. Ia da Brasoca até BMW 325 i. Só pra variar, o bom senso não veio de brinde.
Aberrações. Foi o que vimos. Faltava qualificação das empresas de customização e referências que fossem além das duas horas de filme. Tanto que as marcas perceberam isso e investiram em peças estilizadas. Desde "sainhas", rodas de liga leve, aerofólios, mata cachorro e por aí vai. As concessionárias investiram nesse segmento e dificilmente um carro saía da loja pelado.
Mas essa personalização era bem rasa. Como a maioria dos sucessos populares, uma hora a coisa estagnou. E a onda de alterar o carro ficou chata. De novo. Apesar do crescimento do mercado, não houve uma significativa dedicação das empresas na qualificação de profissionais e treinamentos no exterior.
Além disso, o tuning sempre foi algo meramente visual. O carro, mediante suas alterações, deve ser mais do que um meio de locomoção para quem é apaixonado por eles. Sendo assim, a personalização necessita ser conceitual e ter uma voz subliminar nos traços e cores.
Um carro deve dizer por si. Parado. Sem ninguém dentro. Para que, quando o vejam, saibam do que se trata.
Essa é a importância do carro na vida do homem. O da referência. Teto, retrovisor, estofamento, tapeçaria, câmbio até a chave pode ter a sua cara sem precisar de chaveiro que só faz volume no bolso.
A moda tende a favorece os ousados. Mas a ousadia não deve sobressair o bom senso. E muito menos ir contra o seu estilo.
Mecenas: Citroën DS3
Customização de carros existe a muito tempo, mas são poucos os que fazem isso bem. O Citroën DS3 é um carro que nasceu na Europa com o propósito de ser customizável de fábrica. Afinal, não existe ninguém melhor que o próprio fabricante para apontar alternativas de personalização que sejam condizentes com o design original do carro.
O Citroën DS3, muito bem classificado pelos amigos do Ideafixa como um modelo anti-retrô. Cada ângulo e elemento do carro é 100% novo. E tudo pode ser combinado para ter a cara do dono.
A chegada do carro no Brasil está prevista para o 1º semestre.
publicado em 16 de Fevereiro de 2012, 08:00