Abbey Road, uma das obras primas dos Beatles, com aquela capa linda e tudo, completa 66 anos neste final de semana. Último gravado (apesar de penúltimo lançado) e genialmente orquestrado e produzido por George Martin, o disco traz um dos medley mais redondos da música. Aquele que começa com You Never Give Me Your Money e termina com Her Majesty.
Nunca é demais lembrar que antes desse medley são reproduzidas simplesmente Come Together, Something, Oh Darling e Here Comes The Sun. Uma sutil e potente introdução para uma sequência que até hoje é repercutida como as canções inacabadas de John Lennon – talvez uma das grandes contribuições de Paul nos Beatles.
Das nove músicas, três foram escritas por Lennon: Sun King, Mean Mr. Mustard e Polythene Pam. Coube a Paul e George Martin as finalizarem, já que John não era mais visto nos estúdios – voltaria apenas uma vez, para gravar uma faixa de Let It Be.
Nesse process de transição, surgiu umas das mais poderosas canções dos Beatles. A que marca o fim. A própria The End, de Paul.
The End é a última pá de terra na cova dos Beatles. Ela não só encerra o disco como também anuncia a separação. Possui solo de todos. Os 16 segundos de bateria de Ringo – um dos primeiros de bateria da história do rock, afirmam -, e os de guitarra de Lennon, Paul e George, nessa ordem.
Em 1980, durante entrevista para a Playboy, Lennon reconheceu a autoria de McCartney para The End. "Isso é Paul de novo… Ele tinha uma linha própria, uma linha muito cósmica, filosófica. O que prova mais uma vez que, se ele quiser, ele pode pensar", provocou.
Lennon falava especificamente do verso final: "and in the end, the love you take is equal to the love you make".
“E no fim, o amor que você leva é igual ao amor que você faz".
Abbey Road, amigos. Quarenta e seis aninhos, mas segue nos ensinando coisas bonitas.
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