O Chuck Palahniuk, escritor do Clube da Luta e que, aqui no PapodeHomem, teve o conto “Tripas” publicado há um tempo, tem uma proposta ou desafio ou dica de escrita que é evitar os verbos de pensamento:
Em seis segundos você vai me odiar.
Mas, em seis meses você vai ser um escritor melhor.Deste ponto em diante – pelo menos para o próximo semestre – você não poderá mais utilizar os verbos “pensamento”. Nessa lista incluem: pensar, conhecer, compreender, realizar, acreditar que, quer, recordar, imaginar, desejar e uma centena de outros que você gosta de usar.
A lista deve incluir também: amar e odiar.
E você deve incluir: ter, mas nós vamos chegar a esses mais tarde.
Tradução feita pela Anna Schermak do Pausa Para um Café
O Carlos Drummond de Andrade também gosta de dar pitacos e publicamos 10 conselhos que ele deu para escritores iniciantes:
6. Opinião duradoura é a que se mantém válida por três meses. Não exija maior coerência dos outros nem se sinta obrigado intelectualmente a tanto.
O Guilherme já publicou 19 máximas que grandes escritores falaram sobre o que é escrever – essa delícia soltária, se é que eu posso me meter e dizer o que acho que é escrever – e, já que me meti, escrevi faz um tempo que “Escrever é enxergar e entender as pequenices”, quando o Luciano era apenas um garoto jurado de morte lá no Pará.
O subterfúgio foi repentino, imediato. Cá estava o segredo da escrita: Entender a miudeza das palavras, os sentidos que elas ganham quase sem querer.
Esse povo que mora além água poderiam ser chamados de ribeirenses, ribeiranos, ribeiros! Mas não. Eles são os ribeirinhos. A delicadeza em mais alto grau, em estado puro de calmaria e modéstia. Que palavra mais linda.
E agora a Revista Bula publica os 30 mandamentos do escritor, só com dica de gente foda da literatura mundial. Pega essa então:
1. Mintam sempre

2. A primeira condição de quem escreve é não aborrecer

3. Elimine toda palavra supérflua

4. Para se ter talento é necessário estarmos convencidos de que o temos

5. Uma coisa é uma história longa e outra é uma história alongada
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6. Há somente uma maneira de escrever para todos, que é escrever sem pensar em ninguém

7. Antes de segurar a caneta, é preciso saber exatamente como se expressaria de viva voz o que se tem que dizer. Escrever deve ser apenas uma imitação

8. Escreva primeiro e sempre. Pintura, música, amigos, cinema, tudo isso vem depois

9. Não sacrifiquem a sinceridade literária por nada. Nem a política, nem o triunfo. Escrevam sempre para esse outro, silencioso e implacável, que levamos conosco e não é possível enganar

10. Evitar as cenas domésticas nos romances policiais; as cenas dramáticas nos diálogos filosóficos

11. Use frases curtas. Use parágrafos de abertura curtos. Use seu idioma de maneira vigorosa

12. Trabalhe de acordo com o programa, e não de acordo com o humor. Pare na hora prevista!

13. Não force o leitor a ler uma frase novamente para compreender seu sentido

14. Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade

15. O escritor está longe de possuir todos os meios do orador
Deve, pois, inspirar-se em uma forma de discurso expressiva. O resultado escrito, de qualquer modo, aparecerá mais apagado que seu modelo

16. Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução

17. Não escrevam jamais pensando na crítica, nos amigos ou parentes, na doce noiva ou esposa. Nem sequer no leitor hipotético

18. O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma

19. Evite o uso de adjetivos, especialmente os extravagantes, como “esplêndido”, “deslumbrante”, “grandioso”, “magnífico”, “suntuoso”

20. Esqueça os livros que quer escrever. Pense apenas no que está escrevendo

21. Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo

22. O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço

23. A riqueza da vida se traduz na riqueza dos gestos
É preciso aprender a considerar tudo como um gesto: a longitude e a pausa das frases, a pontuação, as respirações; também a escolha das palavras e a sucessão dos argumentos.

24. Todo o talento de escrever não consiste senão na escolha das palavras

25. Mantenha-se humano! Veja pessoas, vá a lugares, beba, se sentir vontade

26. Não se limitem a ler os livros já consagrados. Proust e Joyce foram depreciados quando mostraram o nariz. Hoje são gênios

27. O final de uma história deve ser escrito quando você ainda estiver na metade

28. Evite a vaidade, a modéstia, a pederastia, a falta de pederastia, o suicídio

29. O tato do bom prosador na escolha de seus meios consiste em aproximar-se da poesia até roçá-la, mas sem ultrapassar jamais o limite que a separa

30. Um livro não deve nunca parecer-se com uma conversação nem responder ao desejo de agradar ou de desagradar

Amém.
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