Os 13 recordes mais improváveis do automobilismo

O homem e a sua eterna mania de levar as máquinas ao limite

O homem e a máquina. 

A relação não é tão bem resolvida quanto aquela boa e velha camaradagem com amigo de infância. Sabe como é... você não é precisa manter contato constante, dividir mesa de bar toda semana, mas magicamente vai haver um encontro ponta firme uma vez no ano e tudo vai fluir bem demais.

Se tivesse de chutar, diria que a relação está mais para aquele climão de final de namoro, quando até cafuné gera faísca. Boa indicação disso é a existência premiada de gente como Philip K. Dick, Isaac Asimov, Kurt Vonnegut e essa porção distopias literárias incríveis.

Mas, claro, tem sempre quem consiga domar a máquina tão bem que daí surja uma saudável relação de interdependência. Pode falar o que quiser, mas segue sendo espantoso ver automóveis a quase 400 km/h em curvas fechadas, muitas vezes sob a chuva, e com um montão de gente para dividir uma estreita pista.

Tem também quem ame tanto a máquina que se torne excêntrico sem perceber e use todo o dinheiro do mundo para construir uma limousine de mais de 30 metros, com heliponto, piscina e algumas dezenas de pares de rodas.

É que parece inevitável que o pano de fundo da relação homem-máquina seja ir contra o limite, impor novos patamares.

Daí nascem os recordes. E é disso que vamos falar nas próximas linhas.

1. Senna e a mais maluca primeira volta da história da Fórmula 1

Senna fez apenas o quarto tempo no treino classificatório para o GP da Europa, no circuito de Donington (Inglaterra), em 1993. As condições também não ajudavam: Proust, Schumacher (na época já um magnífico piloto) e um punhado de gente equipada com carrões potentissímos.

Na largada, o brasileiro foi ultrapassado pelo megacampeão alemão, jogado à zebra e caiu para quinto, atrás até mesmo da modesta Sauber de Karl Wendlinger. Parecia humilhação demais.

Era hora de mostrar quem (ainda) mandava por ali. Senna pisou fundo, deixou Schumi comendo poeira, enguliu Wendlinger e colou na traseira de Damon Hill. Menos de 40 segundos após a largada, Senna já era o terceiro.

A rivalidade com o francês Proust deve ter ajudado nas altíssimas doses de audácia do brazuca.

Como se soubesse que estava cravando o nome na história, Senna fugiu da armadilha de Proust na penúltima curva do circuito para a virar a primeira volta com a liderança da prova. Épico.

2. Tem um caminhão desgovernado voando sobre um Fórmula 1

Não é sempre que a publicidade quebra os padrões. Mas quando a empresa americana de tecnologia EMC e a Lotus decidiram unir as forças o resultado acabou fugindo completamente da obviedade.

Para extravasar o slogan “Redefinindo esportes motorizados”, um caminhão EMC saltou por cima de um Fórmula 1 Lotus. O veículo pesado acelera com toda potência e usa uma rampa para saltar a máquina de alta velocidade. É

uma espécie de mistura entre Encurralado, do Steven Spielberg, ainda mais tenso e sinistro.

3. Puxar um caminhão de bombeiros de 57 mil quilos nas costas? Tranquilo!

O reverendo canadense Kevin Faist mostrou ao mundo no programa de televisão duvidoso “Live with Regis & Kelly” que dá para mover um caminhão dos bombeiros usando a força.

Milhões de pessoas pararam para assistir e parte da cidade precisou ter o fluxo paralisado. Foram 57 mil quilos de aço, metal, pneus e equipamentos anti-incêndios trazidos nos ombros. Guinness para ele, claro (o livro, não a cerveja).

4. O leilão mais caro da história

Babem, a Ferrari 250 TR 1957

Uma Ferrari 250 Testa Rossa fabricada em 1957 foi vendida em fevereiro de 2014 por nada menos que 39 milhões de dólares (!), se tornando a venda mais rentável de um automóvel na história do Reino Unido. 

Só para dar uma ideia da loucura, com o investimento feito pelo comprador - que se manteve em anonimato - se compra, em média, 28 Ferraris. O carro foi usado na tradicional corrida de Le Mans, na França, e esteve exposto no Museu Henry Ford, em Detroit.

5. Imagina um caminhão desses na Marginal Pinheiros?

Frank Gaffiero levou o modelo Bandag Bullet, caminhão Kenworth T400 equipado com dois motores V8 a diesel, a atingir 182,152 km/h num trecho de 1 km de um circuito montado no Aeroporto de Bundaberg, em Queensland, na Austrália. 

A façanha naquele mesmo 16 de julho de 2005 para o Guinness. Ninguém nunca havia sido mais rápido num veículo tão pesado num trecho tão curto.

6. 4,8 milhões de quilômetros e contando… 

 Às 4 horas da manhã do dia 18 de setembro de 2013, Irvin Gordon alcançou a marca dos 3 milhões de milhas (cerca de 4,8 milhões de quilômetros) percorridas com seu Volvo 1800S. O recorde foi batido no vilarejo de Girdwood, no sul do Alaksa. O primeiro milhão de milhas foi alcançado em 1987 e os dois milhões de milhas chegaram em 2002. A mais longeva união entre um carro e seu dono na história automobilística está inscrita no Guinness. Irvin está em relacionamento sério com seu veículo desde 1966.

7. O menor veículo do planeta é (quase) militar

Criado pelo americano Austin Coulson em Carrollton, no Texas, o minicarro possui licença para ser guiado pelas ruas normalmente e alcança 40 kmh. O veículo foi pintado com motivos militares em homenagem ao avô de Austin, que serviu durante a Segunda Guerra Mundial. O carisma do carrinho é tanto que ele já virou habitué nas paradas organizadas por veteranos militares.

8. É carro, mas pode chamar de foguete

O recorde oficial de velocidade é 1.228 km/h e o homem atrás do volante era o britânico Andy Green. Difícil imaginar, mas está tudo registrado na história.

No dia 15 de Outubro de 1997, o Thrust SSC percorreu parte do deserto de Black Rock, em Nevada (EUA), na maior velocidade que um veículo pode alcançar até hoje. O carro-foguete, digamos assim, media 12,8 metros e pesava 6 toneladas. Tudo com a forcinha de duas turbinas Rolls-Royce de 110 mil cavalos.

9. MEU DEUS! Alguém tira essa galera disso aí!

Um dos números mais clássicos nesses circos de subúrbio de toda parte do planeta é o globo da morte. Infelizmente, por vezes, o maldito nome se transforma em realidade. O comum é ter dois ou três motociclistas girando por ali ao mesmo tempo. Mas a China é a China.

Não se sabe se pela hiperpopulação ou qualquer distúrbio, mas a realidade é que 10 corajosos chineses de Puyang decidiram enfrentar o medo e dividir um globo da morte. A doidera de 5 de dezembro de 2010 está até agora no Livro dos Recordes.

10. O recorde da barata tonta

Voltas e mais voltas. 260 delas! 

O dono da loucura é o piloto Jamie Morrow, que conseguiu o feito no circuito de Silverstone, na Inglaterra, a bordo de um Westfield Sport 1600. Dá tontura só de pensar.

11. Pode vir dar um mergulhinho na minha limousine

O fascínio americano por carros é tão intenso que beira a sandice. Todos sabemos disso, certo? 

Daí que o yankee Jay Ohrberg decidiu colocar mais um caminhão de areia nessa certeza universal. Sem pestanejar, mandou construir um veículo de 30,5 m de largura, com 26 pneus, piscina, cama king-size e até um heliponto (!).

12. O motociclista que é praticamente uma Dayane dos Santos

O australiano Josh Sheehan entrou para a história com seu um triplo salto mortal numa motocross. A façanha foi praparada por um ano inteiro até que ele encarasse a rampa de Pastranaland, tradicional parque de esportes radicais de Maryland. Sheenan atingiu 95,5 km/h e foi lançado a 24,3 metros de altura antes de completar a acrobacia. Palmas para ele.

13. Ninguém deixou barato no GP Brasil de 2012

Pode ser o bombardeio de informações, a baixa de popularidade da Fórmula 1 do momento ou uma série de outros fatores. Mas vocês lembram a beleza que foi aquele GP de Interlagos de 2012? A prova do dia 25 de novembro teve 147 ultrapassagens, o recorde para pistas molhadas pela chuva, foi a última corrida de Shumacher e a despedida de Lewis Hamilton da McLaren.

Foi aquela que no final rendeu ao alemão Sebastian Vettel o tricampeonato. Sim, ele foi o piloto mais jovem da história da categoria conseguir a marca: aos 25 anos, quatro meses e 22 dias. Choveu para dedéu na cidade naquela tarde. Choveu até recordes.

E aí? Qual é o carango ou o recorde pessoal que fez seu coração bater mais forte?


publicado em 16 de Julho de 2015, 00:00
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Rafael Nardini

Torcedor de arquibancada, vegetariano e vive de escrever. Cobriu eleições, Olimpíadas e crê que Kendrick Lamar é o Bob Dylan da era 2010-2020.


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