Oktoberfest Blumenau 2007

A Oktoberfest começou em 1984 na cidade de Blumenau, Santa Catarina, e atualmente dura 17 dias.

Funciona da seguinte forma: há uma espécie de pavilhão de convenções chamado Vila Germânica, onde rola o principal da festa. De Domingo a Terça, fica aberto até a meia-noite. Na quarta, até às 2 da manhã. De quinta a sábado, quando o bicho pega, vai até às 5 da manhã.

O público varia bastante, pois muitas pessoas só vão em determinados períodos, não ficando a festa inteira.

Um dos pontos mais legais é que agora eles contam com o blog oficial Desbravadores da Oktoberfest, com um show de conteúdo.

Particularmente falando, a minha história na Oktoberfest deste ano começa 7 meses antes.

Rua XVRainhas
Rua XV, Rainhas e Vovô Chopão

Naquela época, eu fazia aula de bateria há mais de um ano e pretendia arrumar uma banda. Um belo dia, o dono da escola de música me apresenta um aluno de contrabaixo, que estava precisando de um baterista. Negócio fechado.

Finalmente realizava meu sonho. Iria tocar rock e hard rock, ritmos que me apetecem.

Começaram os ensaios, e notei algo estranho. Tocávamos as músicas de rock e hard rock sim. Mas no meio destas encontrei músicas que nunca havia ouvido falar. Que falavam de chopp, festa, Alemanha, Santa Catarina, Blumenau, Oktoberfest. O que era aquilo?

Aos poucos, nas sessões de chopp pós-ensaios, fui sendo doutrinado a respeito. A banda fazia um verdadeiro culto à Oktoberfest. Ao longo dos meses, era uma verdadeira preparação para o mega-evento de outubro. Conheci o som de bandas locais de Blumenau, como a Cavalinho e a Vox 3, e acabei gostando, pois realmente é algo divertidíssimo. Ritmos alemães, culto à manguaça, letras de duplo sentido, não tem como não curtir.

Enfim chegou Outubro, e eu já no extremo da ansiedade. Totalmente no clima da festa, que seria a minha primeira Oktober. O que me aguardava? Rumei para Blumenau com muitas expectativas. E que festa foi!

Atrações

A festa este ano foi oficialmente inaugurada com um desfile ocorrido na Quinta-feira, dia 4/10, na rua XV de Novembro. Durante a festa, rolam vários desfiles, com destaque para as bandas locais, o Vovô Chopão, mascote da festa, os veículos especiais que jogam chopp nas pessoas em volta, como a Choppmotorrad (uma espécie de moto onde as pessoas enchem o copo de chopp) e a Centopéia do Chopp (uma multi-bicicleta onde as pessoas pedalam e bebem), a Rainha e as Princesas da festa, cuja eleição para o próximo ano ocorre durante o evento, na Vila Germânica.

Durante o dia, principalmente de quinta a sábado, ocorre uma grande confraternização (ou mesmo uma tremenda guerra), na rua XV. Regada a muito chopp e música local, mas com clima de micareta. Infelizmente os pitboys bombados que ficam agarrando a mulherada descobriram Blumenau. Nem fiquei muito na rua XV.

1001 Cervejas

À noite, todos rumavam para a Vila Germânica. Minha primeira grande surpresa ao chegar foi com a qualidade das cervejas e chopps servidos no local. Uma das coisas que aprendi com o pessoal da banda foi o gosto por cervejas importadas e chopps artesanais.

Eu e as alemasPavilhao 2
Nosso intrépido repórter no clima da festa, com duas alemãs de Blumenau

Foi nessa época que percebi como são ruins essas Brahmas e Skols da vida. Um dos setores do pavilhão vendia cervejas importadas, como as alemãs Spaten, Löwenbräu e Franziskaner, e as belgas Hoegaarden, Leffe e Bellevue. Outro setor vendia os chopps artesanais da região, como a Eisenbahn, Bierland, Dasbier, Zehn bier, Wunderbier e Heimat.

Chopp da Brahma? Não, obrigado. Inclusive posso atestar. A ressaca dessas cervejas e chopps era praticamente inexistente.

Nas horas vagas, fazíamos tours gastronômicos pelas cervejarias nas cidades vizinhas a Blumenau. Impressionante como se faz cerveja artesanal naquela região. A Eisenbahn, Wunderbier e a Bierland ficam em Blumenau, a Zehn bier em Brusque, a Dasbier em Gaspar, a Heimat é de Indaial. Santa Catarina é um paraíso cervejeiro!

Na Eisenbahn, nós batíamos ponto praticamente todo dia. De todos os chopps e cervejas que tomei, destaco os da Eisenbahn com suas 4 variedades (Weizenbier, Pale Ale, Pilsen e Dunkel) e o da Zehn bier. Garantia de porres saudáveis. Para quem gosta de cerveja de qualidade, está dada a dica.

Além dos shows e eventos, o pavilhão tinha outras atrações. Um stand de tiro com espingarda de chumbinho, um parque de diversões com direito a roda gigante e montanha russa, diversas opções de gastronomia, desde restaurantes alemães até barraca de cachorro quente, lojas vendendo souvenirs da festa, enfim, uma infra-estrutura de primeira.

stand tiroStand cervas alemas
Ele acerta o olho esquerdo de um mosquito a 500 metros. Jagunço profissional.

A animação da festa era total. Mesmo para quem não estava acostumado com música alemã e as bandas locais, não tinha como não entrar no clima. Nós então, que já conhecíamos o som local, estávamos em casa. Uma característica interessante era o uso de trajes típicos alemães, pois quem estivesse usando, não pagava ingresso.

Volta e meia você esbarrava com homens e mulheres “alemães”. Também era comum o uso de chapéus típicos, e cartolas parecendo um copo de chopp. Eu mesmo usei as duas.

"ChucruteGarage" na Globo do Sul

Voltando à banda, outro passatempo nosso em Blumenau era ensaiar. Conseguimos um estúdio local, e conversando com os donos do estúdio, revelamos nosso gosto pelas bandas locais.

eu e francaeu e michael
Maurício e os vocalistas da Vox 3 e da Cavalinho num momento romântico

Eis que somos surpreendidos ao marcar um ensaio seguinte, pois o dono gostou da história, e tinha contatos na RBS TV (A Globo do Sul), e havia marcado uma entrevista, sob o contexto de “cariocas fazendo uma mistura de rock com música alemã”, som que acabamos batizando de “OktoberMetal” ou “ChucruteGarage”. E que teríamos uma grande surpresa na entrevista.

Enfim, durante nosso ensaio seguinte, apareceu uma equipe da RBS TV e nos entrevistou, exatamente nesse contexto. No finalzinho da entrevista, começamos a tocar algumas músicas alemãs com nosso toque de hard rock, quando somos surpreendidos com a entrada dos vocalistas Michael, da Cavalinho, e França da Vox 3, justamente as bandas locais que fazemos cover. Acabamos levando um som juntos e no final ganhamos CDs deles.

No dia seguinte, no pavilhão, haveria show da Cavalinho, e fomos ficar perto do palco, pois Michael havia prometido nos chamar para cantar com ele. Eu não levei muita fé, mas de repente ele começou a falar:

“Agora vou chamar uma galera especial do Rio de Janeiro, que curte o nosso som.”

Cena seguinte, eu e meus colegas de banda, cantando e dançando com a Cavalinho no palco da Oktoberfest, na frente de milhares de pessoas. Jamais poderia imaginar isso logo na primeira Oktober.

No dia seguinte, a reportagem apareceu na RBS TV. E várias pessoas acabaram nos reconhecendo no pavilhão. Celebridades instantâneas. Pena que ninguém dá bola para isso aqui no Rio, fazer o que, mas me rendeu uma história e tanto, que compartilho com vocês. Em resumo, a Oktoberfest é diversão certa!

Tá, e elas...

Ah, sim, vocês devem estar perguntando, isso aqui é Papo de Homem, e a mulherada? O que posso dizer, o nível é altíssimo, como não poderia deixar de ser em se tratando do Sul do Brasil. Não são tão esnobes como as cariocas, você consegue desenrolar numa boa.

As blumenauenses são simpaticíssimas. Eu tive apenas um probleminha, pois fui roubado. Sim, roubaram meu coração! Pelo que estou sabendo, ele acabou parando numa cidadezinha do interior de Santa Catarina chamada São João Batista.

Mas isso é outra história...

Bônus: mais dois vídeos com a animação da festa

Vídeo 1
Vídeo 2

publicado em 18 de Outubro de 2007, 10:32
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Mauricio Garcia

Flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico e o nosso grande Dr. Health.


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