Quarenta anos atrás foi criado um programa de testes em macacos chamado VILAB, mantido pelo hemocentro de Nova Iorque, o maior provedor de sangue dos Estados Unidos. A locação escolhida foi o Instituto Liberiano de Pesquisa Biomédica, na Libéria, país onde é comum se ter chimpanzés de estimação.

No entanto, eles não são bons para ficarem em casa após os cinco anos de idade. Isso fazia com que a já naturalmente grande população local de chimpanzés facilitasse conseguir mais deles para testes.

Os macacos foram colocados em ilhas, ou prisões a céu aberto, já que não conseguem nadar.

A líder do projeto era a pesquisadora norte-americana Betsy Brotman, confiante na busca pela cura da Hepatite e outras doenças.

Mas em 1989, o início de uma violenta guerra civil – marcada por massacres de civis inocentes, soldados crianças e canibais travestis (sim, isso mesmo) – fez com que as coisas tomassem outro rumo.

Hoje, em 2014, os macacos infectados sobreviventes ainda estão nessas ilhas.

Esse não é o pano de fundo de uma ficção científica ou do próximo Resident Evil. É a história real por trás do fascinante mini documentário “The Real Planet of the Apes”, produzido pela Motherboard:

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A ficção está na trilogia de curtas representando os anos 1, 5 e 10 após o surgimento da gripe símia, epidemia central à história da saga “Planeta dos Macacos”, cujo mais recente episódio acabou de estreiar nos cinemas. Os três curtas e o mini documentário foram financiados pela Fox Films para divulgar o lançamento.

Link YouTube | O primeiro dos três curtas tem legenda disponível em português

Após passar a última hora assistindo todos esses vídeos, não sei bem se elogio a ação pelo conteúdo fascinante embrenhado entre fantasia e vida real, ou se me choco com a mercantilização da tragédia liberiana. Tendo a enxergar com bons olhos, entretanto. Me sinto tendo recebido uma pequena e fascinante aula de história, à respeito de um país que eu nunca me daria ao trabalho de conhecer mais.

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Que me dizem?

Guilherme Nascimento Valadares

Co-fundador e diretor de pesquisa no Instituto PDH.