Sair da escola, pegar aqueles 25 centavos que você conseguiu guardar passando fome na hora do lanche e investir em uma única ficha, com a esperança de conseguir chegar ao chefão sem aparecer nenhum cara gigante pra tirar você do fliperama. Quem viveu nos anos 90 e curtia videogame, provavelmente passou por um drama similar.
Toda aquela cadeia de fliperamas e locadoras, passar umas horas trancado, na persistência, tentando zerar Donkey Kong, Mario, Crash Bandicoot, Resident Evil ou Sonic. Muito da mitologia que permeava a cabeça das crianças nessa época vinha dos videogames.
Nos anos 80, o mundo já lidava com o primeiro crash dos games, com a falência da Atari, já rolava o ressurgimento de um novo monopólio da Nintendo e os primeiros esboços da rivalidade mais icônica, com a ascensão da SEGA como um abusado player 2 nesse cenário.
Era um terreno amplo e novo, uma indústria que gerava lucros de 8 bilhões em 1982, um pouco antes do primeiro crash. Não à toa, esse mercado era bastante visado.
Talvez, não pelas maiores companhias, que ainda não tinham vindo colonizar as terras brasileiras, mas sim pelos piratas e suas máquinas paralelas, que sabiam do vácuo aberto pela ausência desses fabricantes.
O Brasil era um desses mercados e foi criado quase todo por uma via paralela, à margem do que aconteceu no resto do mundo. Nossa história com os games tem características muito próprias, a começar pela participação intrínseca dos piratas e das dificuldades que esse mercado alternativo gerou para a consolidação dos fabricantes oficiais.
Stefano Arnhold, presidente do conselho da Tec Toy (representante da Sega por aqui) já chegou a afirmar que, no Brasil, não era a Nintendo com quem eles realmente concorriam, mas com a pirataria.
A Red Bull se debruçou sobre esse período e fez uma série com três mini-documentários que conta a história dessa fase do mercado e também mostra os tipos de consequências que surgiram a partir disso.
A série ainda conta com a participação dos músicos Emicida, Fióti, Rashid, os jornalistas Flávia Gasi e Pablo Miyazawa, o presidente da Tectoy Stefano Arnold, o engenheiro da Gradiente Marcos Santos e os game designers Pedro Santo e Amora B, do estúdio MiniBoss, e Alexandre Pagano, da Tectoy.
Cada vídeo tem apenas alguns minutos e é só ligar colocar em tela cheia e surfar a onda de nostalgia que vai invadir seu coração.
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