Quem gosta minimamente de jazz vai te dizer que o A Love Supreme está na lista mínima de discos obrigatórios. Foi provavelmente o ápice do saxofonista John Coltrane, um dos principais jazzistas de todos os tempos.
É um álbum musicalmente estrondoso e fisicamente simples, com apenas quatro canções:
01. Part 1: Acknowledgement
02. Part 2: Resolution
03. Part 3: Pursuance
04. Part 4: Psalm
A obra toda merece uma cuidadosa audição. Mesmo.
Mas, disso tudo, gostaria de ressaltar uma história bem interessante sobre a derradeira parte que, curiosamente, não vi publicada com afinco em outros lugares.
Antes, contextualizando ainda o disco A Love Supreme, lançado em 1965, John Coltrane há havia saído do quinteto/sexteto de Miles Davis (John Coltrane tocou com Miles de 1955 até 1960 para seguir carreira solo) e entrado em uma jornada de busca espiritual. Nada relacionado a religiosidade, já que o próprio Coltrane já havia afirmado que “gostava de todas as religiões”, mas sim uma pira espiritual mesmo, de busca do contato com deus e coisas assim. Uma pira dele que não vale, no momento, aprofundar em causas ou efeitos.
Mentira. Vale a pena seguir com os efeitos.
O A Love Supreme é um disco de busca e/ou agradecimento espiritual, “uma ode à fé e no amor em deus”. Mas estamos falando de um disco instrumental, sem a real necessidade de evidenciar essas menções. Ao menos não na cara larga.
Voltando ao ato final, temos a música “Psalm”, em bom português, “salmo”. Nela, Coltrane musicou uma poesia escrita por ele que, embora bobinha em termos literários e questionável no sentido religioso, dá um peso tremendo à canção.
Eu queria muito que o querido leitor desse uma olhada com atenção no vídeo abaixo, que mostra cada sílaba do poema se transformando em notas musicais que se ligam à bateria respeitosa que acompanha:
Coltrane, se deus realmente existe e te criou, eu também quero agradecer.
Obrigado.
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