O que (e por que) você não pode esquecer na revisão do seu carro neste fim de ano

Quando o final do ano se aproxima, fazer um check-up completo é ordem. Não somente do corpo a ser exibido na praia, mas também – e principalmente – do seu inseparável companheiro de engarrafamentos em direção ao litoral: o carro.

Estamos cansados de ouvir por aí os riscos de pegar a estrada sem uma boa revisão. Entretanto, com tantas premonições teneboras em relação às forças do mal automotivo que agirão com determinação e objetivo de minar sua viagem, você sabe quais são os riscos reais em ignorar a revisão do seu carro? A seguir, mais do que lhe dizer o que revisar em seu automóvel, vou tentar contar possíveis finais para o thriller de terror Férias sem Revisão -- do qual, acredite, você não vai querer ser o protagonista.

Não é um final muito feliz

Suquinho Gummy para o motor: o óleo

O suquinho que diverte e anima seu intrépido possante não é uma combinação de vodka, soda e suco em pó. É o óleo. Óleo! Friso a palavra pois o óleo não merece ser rebaixado ao status de "só mais um dos fluídos" de seu automóvel.

O óleo é o sangue do sistema e sem ele a coisa literalmente para. Responsável pela lubrificação do motor, esse líquido indispensável é o que impede o atrito excessivo entre componentes metálicos de sua usina de força. Sem lubrificação, eles degladiariam-se dentro da arena de seu bloco até que não restasse nada além de farelos de aço ou alumínio.

Claro que quem limpará a carnificina não será você, proprietário irresponsável. O mecânico é quem terá de engolir seco, sentir o embrulho no estômago e lentamente remover a tampa do cabeçote para constatar a brutal e horripilante cena de descaso. Tudo o que você sentirá será uma gradualmente crescente vibração e ruídos que terminarão com um clímax estrondoso como se duas Scanias se chocassem de frente. E não adiantará caminhar até o posto para solicitar auxílio. Você estará oficialmente condenado por assassinato automotivo de primeiro grau infinitamente qualificado.

Portanto, lembre-se: troque o óleo.

Água para matar a sede: fluído de arrefecimento

Se o óleo não pode ser rebaixado ao status de "só mais um fluído", a água pode muito menos. Embora você possa pensar que nada seja mais importante na sua vida do que cerveja, experimente ficar sem água. O mesmo vale para seu companheiro de estrada. Sem água, ele fica com sede e passa calor.

E agora estou sendo literal. Se não estiver dirigindo um motor refrigerado a ar, seu radiador e todo sistema de arrefecimento precisa de circulação de água “fria” para aliviar o calor do motor. Digo, quase literal. Embora você possa sim colocar água da torneira no reservatório do radiador, a maioria dos fabricantes recomenda o uso de aditivos específicos para arrefecimento, que além de trazerem detergentes para lavar todo o sistema, são formulados com compostos que evitam a solidificação de partículas que entopem as mangueiras.

Além do mais, fluídos de arrefecimento podem possuir o ponto de ebulição superior ao da água, permitindo que seu sistema trabalhe com temperaturas superiores a 100ºC sem ferver. Não que seja bom para seu motor passar calor, mas ao menos você ainda terá fluído circulando para investigar o que está errado com a ventoinha ou termostática enquanto a água normal já teria feito aquela fumaceira característica de beira de estrada.

Macaulay Culkin, o fluído de freios

O "esqueceram de mim automotivo" é definitivamente o fluído de freios. Honestamente, não entendo como é possível. Quantas vezes você checou óleo e fluído de arrefeicimento e esqueceu do fluído de freio? Ele está ali ao lado, em local de facílimo acesso! Custa abrir e verificar o nível daquele que é o responsável por manter em funcionamento seu sistema de acionamento de pinças e tambores? Custa?

Se o nível estiver baixo pode significar que você é simplesmente péssimo no seu relacionamento com o automóvel, que deveria ser um de seus melhores amigos. Se ele pudesse terminar a amizade com você, provavelmente já teria feito isso.

Porém, pode significar também que há bolhas de ar no sistema, e que por isso a circulação de fluído está interrompida. Tranquilo, não entre em pânico. Na pior das hipóteses,  ao acionar o pedal do meio as forças de frenagem serão distribuidas de forma não uniforme entre cada uma das suas rodas, provocando uma insignificante derrapagem à 100 Km/h. Sim, isso foi ironia. Você deve entrar em pânico.

Claro que você sabe que não é só de fluído que o freio é feito, certo? Esse sistema que é responsável por lhe impedir de atropelar seja lá o que atravessar a rua na sua frente sem avisar jamais pode estar em condições anormais de manutenção. Presa às pinças que “mordem” o disco como uma garra que tenta interromper o girar de suas rodas, as pastilhas são compostos de durabilidade variada que podem se desmanchar de uma hora para outra.

Sem pastilhas, suas “garras” tentarão segurar um disco em alta velocidade “sem luvas”. Sim, vai doer. Vai doer no coitado do disco sendo arranhado pelo metal, no seu bolso que terá de trocar o disco, no seu ouvido que estará ouvindo aquela chiadeira metálica estridente. E no resto do seu corpo, caso seu automóvel não consiga parar.

Pneus, os pisantes

Já que estamos falando em parar, faço o desafio: faça uma corrida curta em um gramado enquanto usa seu sapato social e tente parar bruscamente. Ops, caiu? Não processe o PdH. Foi por sua conta e risco. E por sua conta e risco também serão os danos causados por um acidente caso tenha esquecido de verificar se os sapatos de seu automóvel estão adequados para o asfalto em que o mesmo trafega.

Assim como as travas da chuteira ou a as garras de borracha do seu tênis de futsal cumprem um melhor papel em lhe segurar no chão do que um sapato de sola lisa, seu pneu também não pode ficar com a sola lisa. Não vai dar certo. As ranhuras na borracha de seu pneu possuem como função principal escoar a água da pista em caso de superfície molhada. Sem ranhuras, seus pneus são o equivalente a escorregar de tênis em uma pista de patinação no gelo.

Não insista em rodar um pouquinho mais enquanto espera o décimo-terceiro entrar para trocar os pneus. Se os sapatos de seu carro não estão em condições de rodagem, não o tire da garagem. Simples assim.

Não esqueça também de que sapato furado não dá. Lembra quando você era  moleque e a parte frontal da sola de seu tênis descolava no meio daquela partida de futebol? Não dava para correr. A língua da sola trancava na quadra e o esborrachamento com a cara no chão era garantido. Já entendeu a anologia, certo? Como não dá para prever quando um pneu vai furar, o lance é não sair de casa sem ter certeza de que o "sapato reserva" está em dia.

Bêbado é difícil: sem geometria e balanceamento não dá

Lembra de tentar caminhar em linha reta até a porta de casa depois daquele porre? Era difícil, não era? Pode ser uma tarefa extremamente árdua andar por aí sem conseguir manter seu balanceamento correto. Considere-se com sorte se conseguir acertar a chave no buraco da fechadura. Pior mesmo é quando você ainda tem que lidar com outros amigos bêbados, cada um lhe puxando pelo braço para lados diferentes. O mesmo vale para seu bróder de quatro rodas.

Sem balanceamento ele não vai andar em linha reta. O que deixa seu carro "trocando pernas" não é exatamente aquela festinha com os camaradas, mas sim os buracos que o prefeito não tapa. As inúmeras pancadas que suas rodas recebem ao longo do dia vão danificando a superfície externa da liga metálica ao ponto delas empenarem, transformando-se em algo que não mais é um círculo perfeito.

Dirigir um carro andando sob rodas semi-quadradas não dá, não é mesmo? Os processos que chamamos de balanceamento e a geometria consistem em garantir que seu automóvel esteja com todas as rodas alinhadas, apontando para a mesma direção, e com o a distribuição de massa ao redor de todo aquele círculo perfeitamente equilibradas. Pequenos pedaços de chumbo são distribuídos ao redor do interior de sua roda até que sua rodagem esteja perfeita, suave e linear.

É melhor avisar: boa sinalização

Se saio de casa sem dizer para minha namorada onde vou, a confusão é garantida. Onde eu poderia estar, pensaria ela? E você sabe o quão criativas as mulheres conseguem ser. Na dúvida, sempre aviso para onde vou. Por que você não faria o mesmo enquanto dirige? Aquele cara ali atrás pode pensar que você fará qualquer coisa, menos a bobagem que você está prestes a fazer.

Evite a confusão e sinalize, lembrando de verificar a condição dos piscas, ré e luz de freio, além dos faróis, claro. Se existe um problema elétrico em seu automóvel, provavelmente ele estará sujeito a algo tão grave quando seria para mim sair de casa sem avisar a patroa.

Aliás, parar do nada não é a única coisa que vai lhe fazer ter sua traseira demolida de forma violenta e impiedosa. Ficar no meio da pista sem combustível também. Eu sei que parece idiota ter que te lembrar de abastecer antes de viajar. Mas se fosse tão incomum, por que todos nós ainda presenciamos nas ruas aquela triste cena do cidadão desesperado estragando a pintura ao derramar combustível pelo saquinho enquanto tenta ridiculamente salvar seu possante de uma pane seca?

Filmes de terror fazem sucesso com quase uma dezena de continuações na franquia. Quase todas são horríveis. Para não dar chance da sua experiência se transformar em uma trilogia -- quiçá octologia -- reescreva o último capítulo com um final feliz. Você, na praia, com sua gata, bebendo margueritas enquanto o assassino da má manutenção despenca de um desfiladeiro após ter sido derrotado pela boa e velha revisão completa e bem feita.

Mecenas: Mobil

Agora que você está preparado para enfrentar a estrada no final de ano, trate de cuidar bem do motor do seu carro.

A Mobil tem a família completa de lubrificantes para todos os tipos de motores – Mobil Super Sintético, Mobil Super Flex, Mobil Super Ecopower e Mobil Super Mineral.

O que pode ser mais importante do que a sua família? 

Link YouTube


publicado em 23 de Dezembro de 2011, 05:00
3861595431ec39c257aee5228db3092a?s=130

Rodrigo Almeida

Engenheiro, apaixonado pela vida e por qualquer coisa com um motor potente, nostálgico entusiasta de muitas daquelas boas coisas que já não mais se fazem como antigamente.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura