O poder do encontro: organize uma sessão de cinema em sua casa

Cultivando a arte de ser um bom anfitrião ao oferecer uma experiência divertida e, quem sabe, até mesmo enriquecedora para seus amigos

Andamos por aí bastante apressados. 

Trabalhamos o dia todo. Temos, no tempo que resta, horário pra cada coisa que precisa ser feita: o horário da corrida, da academia, de jantar com a namorada, de encontrar aquele amigo, de resolver a questão financeira, de sair pra comprar um sapato novo, de cortar o cabelo. 

Sábado, dia de ver a turma do futebol. Domingo, dia de descanso e de almoçar com os avós. É tudo muito bem organizado na agenda. Principalmente nas grandes cidades, onde meia hora parece fazer toda a diferença, aprendemos a otimizar tudo ao máximo pra conseguirmos fazer o que queremos (ou que achamos que temos que fazer).

Nessa luta constante com o relógio, percebo o quão fácil é se fechar num círculo restrito de companhias e programas repetitivos. Jantar, show, bar, cineminha. 

Um ou outro amigo mais próximo, que mora mais perto ou com quem se trabalha junto, a namorada, a turma da faculdade uma vez por trimestre, quem sabe a galera do colégio uma por ano. E deu.

É comum não sobrar tempo nem mesmo para amigos queridos. Quanto mais restarem horas para nos conectarmos com pessoas novas, ou fazermos o experimento mágico de misturar turmas diferentes pra ver no que dá.

É facílimo, principalmente em cidades caras como São Paulo, onde dinheiro é mesmo vendaval, encararmos fim do mês como fim de jogo e rejeitarmos convites pra sair. Nada de jantar fora, nada de balada. Quando o dinheiro fica curto, o negócio é preparar algo simples em casa e ver um filme no Netflix e olhe lá. 

Não que isso seja ruim, gosto muito de me enfurnar em casa. Até demais. O problema pode surgir quando a preferência se transforma em desculpa para um fechamento excessivo.

A proximidade com projetos como a plataforma de encontros Cinese, o espaço de transformação coletiva o lugar e o próprio passado do PdH com os encontros de homens da Cabana me mostram que algo mágico pode acontecer quando reunimos pessoas em torno de uma boa proposta, mesmo as mais simples.

Cine PdH #1: Foxcatcher

Com isso em mente, fizemos pela primeira vez uma sessão de cinema para a comunidade:


A receita não poderia ser mais simples. Um filme, casa aberta, lanche e uma discussão ao final. A proposta, em poucas linhas:

"Poucas coisas têm o poder de incitar bons papos como um filme. E se ostentamos o mote "É tempo de homens possíveis

. Puxe uma cadeira, a casa é sua.", precisamos fazer jus a ele.

A proposta aqui é bem direta. Vamos escolher a dedo filmes que toquem em questões nevrálgicas do masculino, como Whiplash e Locke, que já foram tema de análise em nossos textos. Assistir e conversar sobre."

Eu já havia assistido Foxcatcher algumas semanas antes e fiquei fisgado pela história, pensando em como ela retrata vários dramas enfrentados pelos homens.

A trama é baseada em fatos reais e segue a busca de dois irmãos praticantes de luta greco-romana para se tornarem os melhores do mundo. Mark e Dave Schultz são medalhistas olímpicos – o que não é sinônimo de apoio do país ou sustento financeiro, como mostram as primeiras cenas. As adversidades se empilham na vida de ambos até o surgimento de um misterioso mecenas chamado Mr. John Du Pont. Du Pont parece disposto a mudar o destino dos dois e colocar mais investimento do que jamais imaginaram ser possível em suas carreiras.

Mas, como os yankees gostam de falar, não há almoço de graça.

Steve Carell está fisicamente irreconhecível em uma das melhores atuações de sua vida

O desenrolar da história apresenta dilemas interessantes. O quanto ser grande e campeão e ter o ego coroado se confunde com a masculinidade? Do que um homem está disposto a abrir mão em busca de seu sonho? Como lidar com os precedentes abertos após cada uma de suas escolhas? Quais os limites da moralidade? Há uma linha separando as pessoas com caráter das sem caráter? Caso sim, onde fica?

As nuances da erosão moral são abordadas com habilidade pelo diretor. E conversamos longamente sobre, indo embora já quase meia-noite. Só não conto mais para preservá-los dos spoilers.

A condução do evento, para quem estiver hesitante, é das mais básicas.

O mais importante é que o(s) anfitrião(ões) tenham interesse real pela história e vontade de puxar a conversa. Talvez seja um tema que toque sua vida e sobre o qual já tenha lido bastante e gostaria de compartilhar e aprender mais.

Que se dê espaço para a conversa fluir sem uma só pessoa monopolizar, que todos procurem escutar de verdade, se colocando no lugar do outro. E que se tome cuidado para o papo amigável não descambar numa troca violenta. Se ainda não estiver claro, preparamos esse percurso com vários textos ensinando como dialogar melhor.

Por fim, não subestime a experiência de assistir um filme em grupo – mesmo que já conheça a história de ponta a ponta. É diversão das mais enriquecedoras.

* * *

Não sabemos ainda se ou quando vão acontecer outras sessões. Estamos sentindo a comunidade. Esse ano já nos encontramos para conversar sobre como sermos homens melhores, sobre como nos vestirmos com mais estilo e sobre Foxcatcher. 


Ah, isso sem mencionar os cursos e as noites de silêncio d'o lugar, que divide a casa conosco.

Enquanto seguimos com essa dúvida pra lá de saudável, passamos a bola. Que tal chamar os amigos e organizar uma sessão de cinema em sua casa? Depois nos contem como foi nos comentários.

Mecenas: SUBWAY® – Baratíssimo 

Nos encantamos tanto com coisas caras e exóticas e acabamos nos esquecendo que algumas das melhores coisas da vida não custam nada, ou são bastante acessíveis. Como os sanduíches da SUBWAY® que servimos durante a sessão de cinema no PapodeHomem

Os restaurantes da SUBWAY® servem, todos os dias o Baratíssimo de Frango, fresquinho e gostoso pra você lembrar que as coisas boas da vida não precisam custar caro.


publicado em 22 de Abril de 2015, 11:56
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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