Este é um relato assinado por nós dois, Larissa e Felipe, pais do Noah.
Tudo aqui vai ser relatado em terceira pessoa porque, como casal, fomos responsáveis em conjunto por planejar, colocar em prática, aprender e errar cada ação da rotina de sono do nosso filho e por ela ser como é hoje.
Claro, vamos falar da nossa experiência. Não há nenhuma regra ou verdade universal, mas sim, experiências que tivemos. Algumas positivas, outras nem tanto. Estamos abrindo a nossa vida para compartilhar com os leitores e leitoras do PdH e, quem sabe, ajudar pessoas que estejam passando por situações semelhantes.
Como pais, sempre almejamos o melhor para o Noah. Sempre quisemos que ele fosse o mais saudável possível (parece óbvio), tivesse uma alimentação recheada de coisas boas para o seu corpo e mente e que suas noites de sono fossem tranquilas, longas e ininterruptas.
Desde que descobrimos estar grávidos, começamos a projetar o menino que gostaríamos de criar, e a rotina de sono sempre foi uma grande preocupação. Afinal, em quase todas as famílias que conhecíamos, o assunto sono dos filhos pequenos sempre foi um grande problema, algo que afetava a família como um todo. Foram muitas as vezes que ouvimos histórias de amigos e pensamos: ah, com a gente vai ser diferente. Todo mundo reclama demais. Não pode ser tão difícil assim.
Baita engano. É difícil pacas. Pra gente, a rotina de sono do Noah foi e tem sido um enorme exercício de resiliência.
O sono em seus primeiros meses de vida
As noites de sono do Noah sempre foram difíceis. Desde muito pequeno, ele sofreu muito com cólicas e recorremos a inúmeros remédios e homeopatias para aliviar o desconforto do pequeno. Como meta, ele iria dormir no nosso quarto, em berço ao lado da cama nos 3 primeiros meses de vida. Entendíamos que essa era a opção que nos deixava mais confortáveis.
Com a permanência da cólica por alguns meses de intensidade maior do que prevíamos, foi natural trazê-lo para a nossa cama nas primeiras noites. No berço ele chorava de cólica e na nossa cama, quentinho e grudado nos nossos corpos, ele relaxava e conseguia dormir (e, por consequência, a gente também).
Dessa forma, começamos a criar essa rotina, esse hábito de trazer ele todas as noites para o conforto da nossa cama.
Após o terceiro mês, as cólicas foram aos poucos diminuindo até acabarem por completo mas a cama compartilhada perdurou. Somente no oitavo mês, tomamos coragem e decidimos colocá-lo para dormir em seu quarto (5 meses de atraso, em relação ao que tínhamos planejado sobre essa transição de quartos). O principal motivo que norteou a nossa decisão foi pela sua segurança, por medo de queda.
As noites no novo quarto não foram fáceis e ficaram bastante a cargo da Larissa.
Como ela estava amamentando e a cama compartilhada tem essa conexão de livre demanda (momento em que a criança decide quando mamar e por quanto tempo), com o passar dos meses, cada vez mais a presença dela era obrigatória. Enquanto nos primeiros meses de vida o Felipe colocava-o para dormir boa parte das noites, aos poucos, começou-se a criar uma dependência do peito e ele começou a dormir somente com a mãe.
As noites em seu quarto acabaram sem de fato começar. Em poucos dias, decidimos trazê-lo de volta para a cama compartilhada.
Pensamos coisas como:
-
Isso não é vida!
-
Precisamos dormir decentemente!
-
Aqui, pelo menos, ele dorme a noite inteira!
Ao retornar para o nosso quarto, foi preciso colocar um colchão no chão, ao lado da cama, para segurança em caso de queda. Por fim, se tornou a cama do Noah e a Larissa acordava quase toda manhã por lá.
Durante todo o segundo semestre de 2018 buscamos alternativas mas a presença da Larissa era cada vez mais obrigatória. Estávamos presos dentro de uma dependência instaurada por nós mesmos e com a mãe cada vez mais exausta, sendo drenada diariamente.
Por fim, decidimos que precisávamos de ajuda e encontramos a Eliana Dias, consultora de sono para bebês. Ela veio recomendada por uma amiga que havia feito o webinário de sono e tinha revolucionado a rotina de sono da sua bebê.
A vinda da Eliana Dias para nos ajudar
Logo após o Carnaval de 2019, nós conseguimos viabilizar a vinda da Eliana para Ilhabela. Ela ficaria conosco durante 4 dias, observando e ajustando tudo que fosse preciso, desde a hora que ele acordasse até a hora de ir dormir, construindo assim uma nova rotina de sono para o Noah. Santa Eliana!
A vinda dela nos ajudou em muitos sentidos. Hoje, passados 3 meses, entendemos que proporcionar uma boa noite de sono para o Noah, é tão importante quanto alimentá-lo. Dormir bem está associado com a melhora na atenção, memória, comportamento, aprendizagem, desenvolvimento intelectual e crescimento.
Ele dormir às 19:30 e acordar todos os dias às 06:30 da manhã sem acordar nenhuma vez na madrugada, tem feito tudo valer a pena.
Abaixo, vamos compartilhar os principais aprendizados que tivemos com a consultoria e também aprendizados que tivemos com os nossos próprios erros e acertos.
Principais aprendizados
O bebê deve aprender a dormir sozinho
A base da consultoria aplicada pela Eliana é ensinar o bebê que ele pode dormir sozinho. Todas as estratégias e ações aplicadas vão nessa direção. Identifica-se as associações negativas de sono como só dormir com o pai ou com a mãe, só dormir no peito, só dormir com música e assim por diante e constrói-se um novo padrão para dormir sem estas bengalas.
Entendendo as janelas de sono
Sempre percebemos um padrão na quantidade de sonecas que o Noah fazia durante o dia e sabíamos que elas iam diminuindo com o passar do tempo, mas só ouvimos falar de janela de sono depois da consultoria.
Janelas de sono são o intervalo entre um sono e outro, ou seja, o tempo que o bebê consegue ficar acordado. Existe um padrão na quantidade de tempo que vai aumentando conforme a criança vai crescendo e quando identificamos isso, tudo se tornou mais fácil.
Ainda hoje, se o Noah dá uma esticada no sono da noite, nós fazemos o cálculo da janela de sono para entender qual o melhor horário para a soneca do dia.
Rotina é tudo
Aprendemos que não adianta querer que a criança tenha uma boa noite de sono se a rotina dela durante todo o dia não é regrada. Entendemos que o Noah precisava ter hora para:
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acordar;
-
tomar café da manhã;
-
fazer atividades;
-
sonecas;
-
almoçar;
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lanches ao longo do dia;
-
jantar;
-
banho;
-
dormir.
O poder de se ter uma rotina bem regrada é notável e os resultados são surpreendentes.
Hoje, o Noah entende claramente os horários para cada atividade em seu dia. Ele sabe o horário de acordar, dos lanches, das brincadeiras, enfim, de tudo o que envolve o seu dia e isso é um aliado poderoso para se sentir seguro pois ele sabe o que vai acontecer depois – o horário de ir dormir, de forma natural e confiante.
O ritual de sono
Desde pequeno criamos uma rotina para a hora de dormir. Jantar, seguido de banho, mamar e dormir. O problema central da rotina que estabelecemos é que ela agravava a dependência do peito, pois ele dormia mamando e isso criou uma condição de associação negativa. Com o passar do tempo, ele só dormia no peito e isso fazia com que somente a Larissa conseguisse colocá-lo para dormir.
Com a consultoria de sono, a Eliana quebrou essa bengala e alterou a ordem, onde o peito sempre vinha depois do jantar e antes do banho. De acordo com ela, após o banho, o Noah deveria entrar no quarto e de lá não sair mais até dormir. Dessa forma, ele iria entender com mais clareza a rotina, os passos até dormir e se sentiria seguro.
Colocar o bebê no berço ainda acordado
Ao alterar a ordem do ritual de sono, o Noah não ia mais dormindo para o berço. Saindo do banho ele ia para o seu quarto e de lá direto para o berço, pronto para dormir, porém, acordado.
Aí está outro ponto central da reeducação de sono, é de suma importância que ele aprenda a dormir sozinho e, se for para o berço dormindo, ele não vai passar por esta fase de aprendizado.
É claro que é um processo que leva tempo e dedicação pois se ele sempre dormiu com o leite morninho e o calor dos braços da mamãe e, de um momento para o outro, começamos a colocá-lo para dormir no seu berço, ele protestaria. E assim foi, com bastante resistência nas primeiras noites. Pra gente, essa foi a fase mais difícil que precisou ser superada e foi chave em todo esse processo.
Frases de comando
Uma vez colocando o Noah no berço ainda acordado, a Eliana deu início à estratégia de frases de comando. Na prática, ao colocá-lo no berço para dormir, somente as frases de comando deveriam ser utilizadas para a criança entender que não era um momento de interação com os pais mas de dormir.
Ao colocar as frases, o pai ou a mãe deveriam ser firmes e seguros para dar tranquilidade à criança. Em poucos dias, o Noah já identificava que aquele era o momento de dormir e respondia claramente às frases.
Se ele estivesse resistente e a Larissa, por exemplo, desse uma frase de comando, ele prontamente se deitava, buscando voluntariamente o sono. As frases que foram usadas foram:
-
É hora de dormir;
-
Vamos dormir;
-
Quietinho para dormir.
Entendendo imprevistos e ajustando estratégias
Aprendemos que todo esse processo não pode ser escrito em pedra e, muitas vezes, algumas ações precisam ser ajustadas para se adaptar à realidade da família. Por aqui, precisamos fazer alguns ajustes já nos primeiros dias.
A Larissa começou colocando o Noah para dormir, mas logo percebemos uma resistência muito grande da parte dele, já que com a mãe ele sempre dormia no peito. Fizemos um ajuste de rota e o Felipe assumiu as idas para o berço até a rotina engrenar. Noah entendeu esse novo caminho e tudo fluiu melhor.
Nos horários das sonecas nós tivemos que ser muito flexíveis. O Noah sempre resistiu bastante para dormir durante o dia e mesmo já estando bem consolidada a reeducação, ainda hoje precisamos observar os sinais de sono dele para não virar uma queda de braço o momento de dormir a soneca.
* * *
Sempre fomos muito relutantes em relação a processos de reeducação de sono. Tudo que escutávamos era que consistia em deixar o bebe chorando sozinho por horas, coisa que jamais faríamos com o Noah. No auge da exaustão, quando vimos o relato no Instagram da nossa amiga (que tem um perfil de criação muito parecido com o nosso), não hesitamos em tentar.
Hoje, vimos como a falta de informação nos cegou. Em momento algum deixamos o Noah desassistido chorando ou abandonado. Tudo foi feito com muito amor, cuidado e no tempo que ele precisou para se adaptar.
A reeducação de sono do Noah nos ajudou em vários sentidos. Ele passou a aproveitar muito mais o dia e nosso tempo com ele mais prazeroso, por estarmos descansados. Como casal, estamos conseguindo ter um tempo livre que nunca tínhamos tido. Basicamente, ele dorme às 19:30 e só vai acordar no outro dia pela manhã. Isso nos permite, por exemplo, deixá-lo aos cuidados dos avós para sair para jantar, ver um filme à noite, enfim, programas de casal que não tínhamos conseguido fazer desde que ele havia nascido.
Temos nos esforçado diariamente para garantir que ele tenha um sono restaurador e ter a sensibilidade de entender o que precisa ser ajustado para garantir que ele esteja tendo uma rotina saudável.
Por fim, reforçamos que estes aprendizados são nossos e cada família vai ter os seus próprios. Para algumas, a nossa experiência pode fazer sentido, para outras, nem tanto. Entendemos a diversidade de criações e as respeitamos. Esperamos poder com esse relato tão pessoal, ajudar as famílias que se identificarem com o que compartilhamos.
E vocês, como foi (ou está sendo) a experiência com o sono dos seus bebês?
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