O Mapa das Palavras (o site que mostra como as palavras são ditas em outros países)

O Word Map armazena várias palavras e te mostra como os gringos a falam

Eu escolhi pálpebra, tanque, óleo e seringa. Foram as primeiras que me vieram à mente quando vi o Word Map, um site que serve como grande mapa de idiomas. 

Para acessar, é só clicar no link em vermelho aqui embaixo e escolher sua palavra

Word Map

Mais simples não dá. Basta entrar nele e digitar alguma palavra. Disso, a viagem começa. Você é levado pelo Word Map pelo mundo todo e o site te diz como a palavra é dita em diversos países enquanto faz a ligação de etimologia, ou seja, de onde a palavra saiu. 

São palavras que saem de Portugal e vão para o Brasil e países da África como Moçambique (terra de Mia Couto) e Angola (terra de José Eduardo Agualusa). Linhas que saem da Inglaterra e povoam os cinco continentes, legado de um país que colonizou todos os cantos desse mundo.

Meu gosto com as palavras vem da profissão, da escolha de seguir com a escrita. cada uma delas tem um valor inestimável pra nossa comunicação e se amplificam ainda mais quando colocadas em prol da narrativa, do contar histórias.

"O subterfúgio foi repentino, imediato. Cá estava o segredo da escrita: Entender a miudeza das palavras, os sentidos que elas ganham quase sem querer.

Esse povo que mora além água poderiam ser chamados de ribeirenses, ribeiranos, ribeiros! Mas não. Eles são os ribeirinhos. A delicadeza em mais alto grau, em estado puro de calmaria e modéstia. Que palavra mais linda.

Na parte mais alta desse Brasil, o artigo também mostra, nessa minúcia desavergonhada, a beleza nas coisinhas bem pequeninas. Não é "o artigo do Jader, a shot do Jader". Por lá, é "o texto de Jader, a casa de Jorge Amado". Parece pouco? Pense com mais brandura.

Trocar o "do" por "de" faz com que caia como tudo que sucumbe à gravidade a posse, a mesquinharia inocente por toda a elevação das coisas. "Aquela é a poesia de Jader" bota o escrito menino num pedestal efêmero, mas tomado de completo aconchego." 

Trecho de "Escrever é enxergar e entender as pequenices"

Na Itália, "tanque" não é tanque ou suas fáceis variações ("tank", "tanky" ou até "réservoir", uma variação de origem francesa para "reservatório"). Os italianos dizem "serbatoio". Já "óleo", chega bem perto e é até mais simples: "olio" (enquanto boa parte dos países africanos usa a vertente francesa "huile", mas em Malaui e no Quênia, na África Oriental, fala-se "mafuta", originária do Suaíli, língua oficial desses países e também da Tanzânia e Uganda.

"Sacudam os pés. As poerias gostam de viajar."
- Trecho do "A confissão da leoa", do Mia Couto.

E as palavras, elas também gostam muito de viajar

Vamos, por favor, acrescentar coisas aqui. Podem pegar uma palavra, viajar no mapa, e trazer alguma percepção de variações ou algo que tenha sentido ao ver de onde veio ou para onde foi.

Vou gostar muito de ver o que os leitores pinçaram.

Obs.: voltei lá no site para buscar a palavra "homem", cerne desse site, claro. Na Indonésia, é "laki laki". No Uzbequistão, "odam" (bem forte). Em Madagascar, Ilha ao sul do continente Africano, onde se fala uma das línguas malaio-polinésias, se fala "ny olona" (infelizmente, sem som pra saber como se pronuncia). "Hombre", "homme" e "man" (espanhol francês e inglês, respectivamente) possuem o domínio do globo.

Para seguir leitura

"Antes que eles deixem de existir: 29 tribos e culturas que resistem aos nossos tempos", texto importantíssimo do Luciano que lembrei com essa passada por países com línguas avançando sobre territórios:

"Vi essas fotos primeiro no IdeaFixa e, logo depois, no Hypeness. Achei realmente incríveis as imagens, mas senti falta de um pouco mais de informação sobre aqueles que estavam sendo retratados. Quais eram aquelas culturas? Como pensavam aquelas pessoas? De onde vieram? Não que fosse um problema dos respectivos sites que serviram de fonte – já que a proposta deles é exatamente mostrar o apelo estético e criativo –, mas aquilo despertou em mim uma certa curiosidade motivada por um pequeno insight:

A cada dia, morre um último integrante de uma cultura.


Com isso, nunca mais vamos poder saber o que essa cultura sabia, nunca mais vamos poder beber de todo um universo de conhecimentos e sabedorias que foram úteis e garantiram a sobrevivência desse grupo. E, sejamos humildes, temos muito o que aprender e lembrar, baseados nestes velhos mitos e tradições."

Seguimos o papo aqui embaixo.


publicado em 12 de Março de 2015, 17:25
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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