Obs: Pra quem não acompanha as fanfarronices brilhantes do nosso colaborador, Rob Gordon, lá no Facebook dele, perde muito. Mas a gente te ajuda e publica mais um texto muito bom dele. Saca só.

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Quando eu estava na faculdade, uma professora de pesquisa de marketing me disse algo que eu nunca esqueci. Ao ser entrevistada, cada pessoa esconde, na verdade três pessoas diferentes:

1. quem ela é;

2. quem ela gostaria de ser;

3. quem ela gostaria que o entrevistador pensasse que ela é.

Isso se aplica a qualquer coisa. Mas, de uns tempos para cá — e sim, estou falando das redes sociais — algumas pessoas se tornaram uma só, dentre todas as listadas no parágrafo aí de cima: elas são exclusivamente a terceira (talvez com uma pitada da segunda).

Hoje em dia, se escolhe o restaurante não pela comida, mas pelo valor de um check-in jogado na cara dos amigos; o prato se escolhe por filtros de instagram, e não pelo paladar. O mesmo acontece com filmes, roupas, cervejas, músicas. Abandonou-se o gosto pessoal: vive-se, hoje o gosto do outro. É preciso ser mais cool que os amigos. É preciso ser mais cool o tempo inteiro.

É preciso ser mais cool de forma quase doentia.

Assumir que não conhece a banda da moda, que não viu o filme da moda, que não experimentou a cerveja da moda, que não gosta do salgado da moda? Impensável. Vai macular sua imagem de cool (e sempre lembrando que, por “da moda”, me refiro sim a fanatismo. Hoje em dia não se gosta de nada; a regra é idolatrar e declarar amor eterno por duas semanas).

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Este vídeo mostra bem o que estou falando. A equipe do Jimmy Kimmel foi ao Coachella e entrevistou diversos hipsters (desculpem a generalização, mas o que falei acima não é exclusivo deles, eles ainda são o grande expoente deste comportamento) e perguntou a opinião deles sobre algumas bandas. Detalhe? As bandas não existem.

Confira abaixo o nível que a humanidade está chegando, graças a esta dificuldade de assumir que “não conheço”.

Link YouTube

Nota do editor: pode dar o play mesmo sem saber nada de inglês. Basicamente a  repórter faz perguntas sobre bandas que não existem e, mesmo sem saber a língua anglo-saxônica dá pra perceber a reação da galera ao responder que conhecem as bandas inexistentes.

Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.